Por Mary Ribeiro
A professora carioca Berta López Toste, de 45 anos, tem no currículo mais de duas décadas de magistério e apenas uma prova ainda não concluída: vencer a batalha contra um câncer. Ela sofre de um tipo raro da doença ─ o condrossarcoma grau 2 ─ originado na região pélvica e que acabou se espalhando para os pulmões. Suas chances de cura são baixas ─ o câncer resiste mesmo após sessões excruciantes de quimioterapia e radioterapia.
Berta, contudo, não esmoreceu. Após pesquisar extensamente na internet, descobriu um tratamento experimental em um hospital de ponta nos Estados Unidos e viu ali a esperança de sobrevida.
Mas a eventual reabilitação tinha um preço: pelo menos R$ 500 mil, segundo suas estimativas iniciais. Pensou em vender tudo o que tinha, inclusive o apartamento ainda não quitado. “Mesmo assim, seria impossível pagar tudo”, conta ela à BBC Brasil.
Foi quando seu marido, Alexandre, teve a ideia de contar sua história nas redes sociais. O intuito era arrecadar dinheiro para financiar seu tratamento. “Ele dizia que as pessoas iriam se comover com o meu caso, que eu havia dado aula para muita gente, e certamente receberia ajuda”.
Inicialmente, Berta relutou. “Nunca havia pedido a ninguém, ainda mais dinheiro”, afirma. Mas acabou convencida de que o tempo não estava correndo a seu favor. E numa inversão dos papeis tradicionais dentro de sala de aula, a professora Berta, que leciona desenho geométrico, passou a ser ajudada por seus alunos ─ e também ex-alunos.
O esforço conjunto rendeu frutos e a campanha, que antes se restringia a amigos e conhecidos, viralizou nas redes sociais, catapultando o volume das doações. Celebridades do esporte, como o jogador Fred, do Fluminense, e Fabi, ex-jogadora da seleção brasileira de vôlei, também aderiram à causa.
Repercussão
Até agora, o post em que Berta conta sua história em sua página pessoal no Facebook, publicado em junho deste ano, obteve cerca de 22 mil compartilhamentos. Já a campanha arrecadou R$ 320 mil, ou 64% da meta prevista. Caso a marca seja ultrapassada, o dinheiro excedente será doado a instituições de caridade, ressalva a professora.
“Postei meu pedido de ajuda em 5 de junho deste ano. A cada minuto, multiplicavam-se os compartilhamentos. Fiquei muito assustada. Imaginava que meus alunos me ajudariam, mas nunca me passou pela cabeça tamanha repercussão”, diz.
“Foi uma avalanche, um tsunami de energia. Recebi mensagens de alunos muito antigos, de quem já havia perdido contato. Eles diziam: ‘Você me ajudou, agora é minha hora de te ajudar’. Aquilo me emocionou tanto que era algo “, acrescenta.
A estudante Gabriela Dias, de 19 anos, foi uma das responsáveis pela corrente de solidariedade que se formou em torno de Berta, professora de três dos mais renomados colégios do Rio de Janeiro (CAp UERJ, Pedro II e Santo Agostinho).
“Eu e meus amigos da escola usamos todos os recursos disponíveis para aumentar a amplitude dessa campanha. Criamos uma página específica para contar o caso dela no Facebook (https://www.facebook.com/ groups/ajudeberta/). Também fizemos uma festa junina no colégio com os fundos revertidos para o tratamento dela”, disse ela à BBC Brasil.
“Postei meu pedido de ajuda em 5 de junho deste ano. A cada minuto, multiplicavam-se os compartilhamentos. Fiquei muito assustada. Imaginava que meus alunos me ajudariam, mas nunca me passou pela cabeça tamanha repercussão”, diz.
“Foi uma avalanche, um tsunami de energia. Recebi mensagens de alunos muito antigos, de quem já havia perdido contato. Eles diziam: ‘Você me ajudou, agora é minha hora de te ajudar’. Aquilo me emocionou tanto que era algo “, acrescenta.
A estudante Gabriela Dias, de 19 anos, foi uma das responsáveis pela corrente de solidariedade que se formou em torno de Berta, professora de três dos mais renomados colégios do Rio de Janeiro (CAp UERJ, Pedro II e Santo Agostinho).
“Eu e meus amigos da escola usamos todos os recursos disponíveis para aumentar a amplitude dessa campanha. Criamos uma página específica para contar o caso dela no Facebook (https://www.facebook.com/ groups/ajudeberta/). Também fizemos uma festa junina no colégio com os fundos revertidos para o tratamento dela”, disse ela à BBC Brasil.
Segundo Gabriela, que foi aluna de Berta no Pedro II, a iniciativa foi uma forma de “retribuir à professora o carinho que ela sempre teve por nós”.
“A ajuda financeira é só parte desse carinho. Berta nos tratava como filhos. Quando soubemos que ela estava atravessando essa fase difícil, ficamos apreensivos e decidimos fazer todo o possível para ajudá-la”.
Gabriela alerta, no entanto, para a necessidade da continuidade da campanha.
“Inicialmente, o volume de doações foi impressionante, mas agora o ritmo caiu e o valor estacionou. Precisamos atingir a meta e ajudá-la”, diz ela.
Esperança
No início de agosto, Berta viajou aos Estados Unidos para fazer a primeira consulta no hospital Moffitt Cancer Center, no Estado americano da Flórida. Após uma bateria de exames, contudo, recebeu com surpresa o diagnóstico.
“Eles reavaliaram meu diagnóstico, e existe dúvida se ele é tão grave quanto o que me foi dito aqui no Brasil. Mas pediram para eu fazer uma biopsia nos pulmões. Na hora, chorei muito e passou uma filme da minha vida na minha cabeça”, diz ela.
Enquanto aguarda os novos resultados, Berta diz querer “viver o presente”.
“Agora, não me preocupa quem está certo ou errado. Sempre tive esperança. Minha meta agora é recuperar a minha saúde”.
Fonte: Ig