Por David Ribeiro Jr.
Na segunda-feira (07/06) o líder comunitário Roni Schaper Franco fez uso do espaço Tribuna Livre da Câmara Municipal. Ali ele proferiu duras críticas ao Executivo Municipal de Teófilo Otoni (leia a reportagem aqui).
Diante da polêmica fala, vários repórteres que fazem cobertura das reuniões da Câmara entrevistaram o líder comunitário Roni Franco e fizeram questão de que ele repetisse para os seus microfones e lentes o que já havia dito na tribuna do Legislativo. Franco não se fez de rogado e, de fato, repetiu as críticas: falta de relacionamento do Poder Executivo com a população; não atendimento das demandas populares; falta de compromisso para com as promessas eleitorais; invasão do CEASA e até um tal de governo paralelo dentro da Prefeitura que, segundo ele, ocorreria em uma Secretaria Municipal que preferiu não nominar.
Diante das falas do líder comunitário, que foram levadas ao ar na Rádio 98 FM, o servidor público Marco Aurélio Paulino, da Secretaria Municipal de Agropecuária e Abastecimento, entrou em contato com a emissora de rádio pedindo direito de resposta, o que lhe foi prontamente concedido. Ocorre que o servidor acabou, mesmo sem querer, dando mais munição e endossando o que havia dito Roni Franco.
Eu quero deixar claro aqui que não conheço pessoalmente ao Sr. Marco Aurélio Paulino, mas que me solidarizo com a sua resposta. Ele deixou claro que o País passa por um momento de crise e que não há dinheiro para atender a todas as demandas populares… o que é verdade. E uma verdade incontestável.
Se tivesse parado por aí, teria sido uma boa resposta. Mas o servidor foi além e acabou escorregando. Marco Aurélio, educadamente, é verdade, desafiou Roni Franco a apresentar sugestões de como atender as demandas para as quais estava fazendo cobranças. Este foi o erro do Sr. Marco Aurélio. Por melhores que fossem as suas intenções naquele momento, a sua fala não ofereceu uma resposta a Roni Franco. E explico o porquê:
Roni Franco não é servidor municipal. Pode até ter sido, mas não é mais. Sendo assim, ele não tem a obrigação de apontar soluções nem o rumo para o Executivo Municipal, embora seja exatamente o que tenha feito. Roni até alega ter saído da Prefeitura porque acredita que não há projetos e programas em cursos para atender as demandas da população, principalmente da população que representa. Ele disse que tentou, mas, por não ter sido ouvido, afastou-se. Roni disse, inclusive, que só no Ministério da Pesca foram abertos nos últimos dias mais de dezoito editais convocando prefeituras e órgãos públicos e associativos em geral para desenvolver parcerias. E, segundo ele (Roni), a Secretaria de Agropecuária não participou de nenhum desses editais. Eu não sei se a fala do Sr. Roni Franco é procedente. Mas fato é que o servidor Marco Aurélio, infelizmente, não respondeu a crítica. Eu insisto que ele, mesmo sem querer, ou sem perceber, apenas a endossou.
Ademais, Roni Franco diz ter criado uma cooperativa que visa exatamente ajuntar produtores rurais e trabalhadores de todos os portes e setores, a COODEVALE, para buscar recursos e projetos em comum para todos os segmentos. Ou seja: Roni Franco está exatamente apresentando soluções e cobrando da Prefeitura por não buscar, segundo ele, essas mesmas soluções. Se o que (Roni) apresenta é, de fato, a solução, não sei. Mas ele não é pago para isso. Quem recebe para propor soluções e executá-las são os servidores municipais. Quando um servidor pede, ou desafia, que alguém aponte as soluções que são esperadas dele ou da Administração que representa, está de certa forma admitindo a falta de condições de apontá-las. E aí, reitero, endossa a fala do Roni Franco que acaba se promovendo em cima disso. E certo faz ele (o Roni). Afinal, política é assim desde sempre.
Cá entre nós, quando ouvi a entrevista e a réplica, eu me lembrei de uma fala do vereador Northon Neiva, presidente da Câmara Municipal, em uma entrevista ainda no ano passado. O vereador, na ocasião, disse o seguinte: “…hoje a comunicação é feita de modo digital, dinâmico, interativo. E penso que a comunicação institucional da Prefeitura ainda é analógica…” (leia a entrevista completa aqui). Viram só? É exatamente o que ocorreu no episódio a que me refiro envolvendo Roni Franco e Marco Aurélio Paulino. Eu insisto em afirmar que o servidor Marco Aurélio demonstrou ter boas intenções com a sua fala. Se eu fosse o prefeito lhe daria um elogio diante da sua prontidão em defender a Administração. Só penso que a sua Secretaria, ou o setor de comunicação institucional da Prefeitura, deveria tê-lo preparado melhor. Quando o cidadão vota em um prefeito para uma nova Administração Municipal, espera-se resultados, e não desculpas. Se a Prefeitura não pode atender a todas as demandas, que deixe isso bem claro e que convoque a população para escolher o que é prioritário…
“Você se refere a orçamento participativo?”, pode alguém me perguntar. E eu respondo: o nome não importa. O que precisa é haver envolvimento popular. Todos que me leem neste espaço sabem o que penso do prefeito Getúlio Neiva. Ele é melhor, ou mais eficiente, do que a maioria absoluta dos que o antecederam. E penso até que nesta atual Administração ele está se superando diante de tantas dificuldades administrativas. Mas é preciso que a população seja bem informada para entender isso exatamente como as coisas são.
E, por último, permita-me apresentar, ainda, uma leitura diferente das críticas proferidas por Roni Franco. Em momento algum o líder comunitário pediu a cabeça de secretários municipais ou do prefeito. Em momento algum ele disse que fulano ou beltrano é melhor do que Getúlio. Em resumo, o que ele deu a entender é que a Administração Municipal não pode se escorar apenas na propagada boa gestão de Getúlio em meio à crise, e se esquecer de ouvir ou atender as demandas populares. Isso, não. Afinal, toda a Administração Municipal, do prefeito ao porteiro, é formada por servidores da população.
Ou, pelo menos, deveriam ser.