Por David Ribeiro Jr.
Depois da polêmica em torno do auxílio-moradia concedido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais a todos os seus deputados — mesmo os que já residem na capital, BH, o benefício foi inicialmente suspenso por causa da repercussão negativa da medida junto à população. Mas foi só uma iniciativa temporária para inglês ver. Ou melhor: para mineiro ver.
A Assembleia acabou por restabelecer o dito-cujo para todos os deputados estaduais, inclusive os que já residem em Belo Horizonte. Um verdadeiro absurdo, que nos fez voltar às páginas do livro “Um País Sem Excelências e Mordominas”, de Cláudia Wallin, para dele extrair mais lições que nós, cidadãos, precisamos aprender e exigir de nossos representantes, no Executivo, no Legislativo, e no Judiciário.
Veja, a seguir, algumas dessa lições:
- Parlamentares suecos vivem em apartamentos funcionais que têm em média 45,6 metros quadrados; deputados suecos também vivem em quitinetes funcionais, ocupadas geralmente por deputados em início de carreira; nos apartamentos funcionais não há máquina de lavar roupa, lavadora de pratos nem TV a cabo pagas com dinheiro público. Sequer tem cama de casal (págs. 40/41);
- Os aposentos das quitinetes possuem dezoito metros quadrados, e só. (pág.44);
- Os parlamentares têm verba mensal de cerca de 15 dólares para gastos com eletricidade e nada mais. Podem solicitar serviços de limpeza no apartamento, se quiserem, mas pagando do próprio bolso cerca de 46 dólares por faxina (pág. 47);
- Se a esposa de um deputado do interior decide viver no apartamento funcional do marido, cabe a ela, acredite, arcar com metade do valor do aluguel (pág. 47);
- Os parlamentares têm duas opções de moradia na capital sueca. A primeira é viver em um dos apartamentos ou quitinetes funcionais. A segunda é alugar um apartamento por conta própria, e cobrar do Parlamento o ressarcimento ao valor do aluguel, limitado a 1.200 dólares. Mas se o parlamentar vive com o cônjuge, só pode pedir ressarcimento da metade (págs. 47/48);
- Se um filho maior de 12 anos residir com o parlamentar, ele é obrigado pagar o valor correspondente à parte do filho no aluguel (págs. 55/56);
- Secretárias e assessores particulares, reais ou imaginários, não fazem parte do mundo de um parlamentar sueco. No sistema sueco, cada partido representado no Parlamento recebe verba restrita para contratar um grupo de assistentes e assessores, que atende coletivamente aos deputados daquela sigla (pág. 59);
- O valor bruto do salário de um deputado do Parlamento é de cerca de 8.800 dólares, equivalente ao que um médico do sistema público de saúde ganha; e equivalente ao dobro do salário de um professor. Juízes ganham 7.000 dólares; enfermeiras, 5.000 dólares; policiais, 4.600 dólares, em média (pag. 63). Os leitores podem fazer suas contas com o dólar na base de R$ 3,00;
- O partido Vanterpartiet tem uma filosofia estranha à maioria de nossos partidos e políticos: “Ninguém deve enriquecer no exercício da função política” (pág. 65);
- Até 1957 os deputados suecos não recebiam salários. Eles foram criados para que ninguém fosse impedido de tornar-se um deputado por razões econômicas (pág. 66);
- Importante: os parlamentares suecos não têm direito a pensões ou aposentadorias pelo exercício do mandato (pág. 68). Nenhum parlamentar sueco tem direito a carro com motorista. A maioria usa o transporte público;
Comparem o sistema sueco com o sistema brasileiro, onde os políticos foram pouco a pouco introduzindo mordomias e altos salários por conta dos contribuintes. E nós contribuintes/eleitores, temos culpa em aceitar isto e as mentiras ditas pelos candidatos.
Quem sabe um dia nossa mansidão acaba? Como sempre digo, o cavalo manso está sempre sendo montado.
(Com informações do Jornal Diário Boca do Povo | Sete Lagoas/MG, via SINDIJORI)