Por Márcio Barbosa dos Reis
Mais um ano, de grandes dificuldades, está prestes a se encerrar. Que bom que o ano tenha doze meses, assim nos oferece uma oportunidade de recomeço. Embora faltem poucos dias para o final do ano, não sei se, além de termos sobrevivido, tenhamos algo a mais para comemorar.
Se não bastassem tantas medidas antinacionais que foram aprovadas pelo Congresso Nacional, o coroamento dos ataques à população ressurge com a promessa da votação da reforma da Previdência Social. Essa, se aprovada, será o ápice da traição aos trabalhadores dessa e das vindouras gerações. O governo federal, que mais parece uma gangue, com base em dados mentirosos e argumento verdadeiro quer impingir um grande assalto aos trabalhadores que contribuem para a previdência pública e privada.
O maior dado mentiroso é o déficit da Previdência, que já foi desmascarado pela Comissão Parlamentar de Inquérito/2017 do Senado, na qual relatou haver um superávit. O argumento que reputo verdadeiro é o fim de privilégios.
Entretanto, como no Brasil, o 2º país no mundo na falta de noção da realidade, onde o conceito de privilégio é ganhar líquidos R$ 22.000,00 congelados por 20 anos, e, mesmo depois de aposentado continuar a contribuir para a Previdência, e não, conceder bilhões de incentivos a grandes empresas, sonegadores, e entregar as riquezas do país nas mãos de estrangeiros a preço de banana, fica difícil uma discussão mais aprofundada sobre o tema. Além disso, considerar que quem ganha dois salários mínimos, algo próximo de R$ 2.000,00, não deve receber aposentadoria e pensão, um dos pontos da reforma previdenciária, pois já é um ótimo rendimento, com todo respeito aos que pensam diferente, é o cúmulo do espírito de miséria.
Os trabalhadores brasileiros em geral deviam almejar receber o mínimo de R$ 3.900,00 que o DIEESE considera ideal para uma vida digna, e isto é plenamente possível, se não fosse à concentração de renda dos mais pobres para os mais ricos. Esclareço que os ricos não são aqueles do interior do Brasil, assim vistos pela maioria da população, porque são comparados exclusivamente no seu local de residência.
A Oxfam do Brasil divulgou, em 2017, que os seis bilionários do Brasil possuem o equivalente ao patrimônio somado da metade da população brasileira, mais de cem milhões de brasileiros. Eles não são bilionários apenas pela inteligência e capacidade produtiva, mas pela ajuda generosa dos governos, com incentivos fiscais e informações de mercado privilegiadas.
Não se trata de fazer uma política gratuita de transferência de renda, mas de transferência de oportunidades e respeito ao trabalho.
Contudo, não vamos deixar de celebrar o fim do ano, mantendo o olhar no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto, onde a festa e a farra com o dinheiro público estão nas “reuniões e jantares mágicos”, com o objetivo, de retirar direitos seus e de mais duzentos milhões de brasileiros, um “presente de grego” ensaiado para os trabalhadores.
Resistir e lutar contra a gangue republicana não é incompatível com o cristianismo como muitos querem fazer crer, numa clara manipulação da fé. Cristo foi contra os exploradores do povo no passado, não o seria hoje? Os cristãos da atualidade devem ouvir diretamente ao seu mestre e não a falsos representantes!!!
Márcio Barbosa dos Reis
Membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni e auditor fiscal da Receita Estadual.
E-mail: marciobareis@outlook.com
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