— Por David Ribeiro Jr. —
É simplesmente impressionante como algumas pessoas, quando estão nas redes sociais, perdem completamente a noção do ridículo… ou até têm alguma noção de que estão sendo ridículas, mas adoram fomentar uma intriga. Penso até que as redes sociais, por mais importantes que sejam — e sim, as redes sociais são muito importantes para a universalização da informação —, acabaram contribuindo para dar vez e voz a alguns espíritos de porco… infelizmente!
A que me refiro desta vez?
Simples. Há alguns dias o minasreporter.com publicou uma nota a respeito de uma reunião que o senador Aécio Neves manteve com parlamentares congressistas da bancada mineira em Brasília visando a defesa do interesse da Cemig (leia mais aqui). O propósito da reunião era tão-somente a união de forças para pressionar o Governo Federal a não levar adiante o leilão das quatro hidrelétricas que estão sob a direção da Cemig, mas cuja concessão a estatal mineira pode perder se o leilão ocorrer.
O problema é que, diante da enorme crise do setor energético no Brasil, a Cemig pode não aguentar a concorrência de empresas estrangeiras endinheiradas interessas em explorar as hidrelétricas. Se a Cemig perder esse controle, o custo da energia em Minas Gerais aumentaria em pelo menos um terço dos valores atuais… há economistas que falam em aumento de 50%. A situação é grave, muito grave, e requer especial atenção por parte dos nossos homens públicos do Estado.
Agora, a polêmica
Diante da publicação da notícia a respeito da reunião, muitas pessoas criticaram o fato de que o deputado petista Leonardo Monteiro, do PT (que deve ser o candidato a deputado federal do prefeito Daniel Sucupira) se dispôs a se reunir com o senador Aécio Neves. Monteiro aparece em destaque ao centro da foto que ilustra a nossa reportagem anterior (leia a reportagem aqui). Ou veja a foto a seguir:
Em vários canais de redes sociais eu acompanhei uma enxurrada de críticas ao deputado federal Leonardo Monteiro; algo do tipo: “você traiu o movimento” única e exclusivamente porque o deputado se dispôs a se reunir com Aécio Neves para, juntos, discutirem uma importante questão socioeconômica, e sociopolítica também, para todo o Estado de Minas Gerais. Mais importante: para todos os mineiros.
Agora pergunto eu: “O que Leonardo Monteiro fez de errado, afinal?”
E, pelo menos em minha concepção: “Nada!”
Eu penso, sinceramente, que Leonardo Monteiro fez o que tinha que fazer. Convenhamos que já está um saco essa besteira do “nós contra eles” que algumas pessoas insistem em fomentar, como se isso levasse a algum lugar e a algum resultado prático para quem quer que seja. Não leva. Não, mesmo.
Naquele momento estava em pauta um assunto que é do interesse de todos os mineiros. E, de fato, a melhor forma de resolver o problema é com a união de todas as forças políticas mineiras, indiferentemente do partido a que cada uma dessas lideranças é filiada.
Embora algumas pessoas estejam criticando Leonardo Monteiro por aquela reunião, quero dizer que ele, o deputado federal Leonardo Monteiro, cresceu em meu conceito. Hoje eu o vejo com mais respeito ainda do que o via antes daquela reunião.
Que fique claro: Em momento algum o deputado Leonardo Monteiro disse ou deu a entender que apoia Aécio Neves politicamente. Em momento algum daquela reunião se tratou de qualquer assunto que fosse antiético ou contra o interesse dos mineiros. Insisto que o que estava em discussão era uma máxima antiga: “juntos, podemos mais!”
Leonardo Monteiro sabe que para defender o interesse da Cemig, e dos mineiros em especial, nesse caso das hidrelétricas, é preciso passar pelo Senado da República. E acontece que os três senadores mineiros são de partidos que se opõem ao governador Fernando Pimentel e à sua base de governo. Contudo, alguém tem que servir de ponte entre os dois grupos. Na mesma reunião estava, também, o 1º vice-presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal Fábio Ramalho, que é amigo de Pimentel, e que tem bom trânsito tanto com Aécio, líder dos senadores mineiros, quanto com o presidente da República, Michel Temer. Porém, embora Fábio Ramalho tenha bom trânsito no grupo, era necessária a presença de um parlamentar do PT para deixar claro que o Partido dos Trabalhadores em Minas Gerais estava unido em torno de uma solução para este caso da Cemig, e não apenas para ficar bradando por aí um monte de impropérios, como é bastante comum aos partidos de esquerda.
Outro ponto interessante a se discutir: O presidente da Cemig, Bernardo Alvarenga, também compareceu ao encontro com Aécio e os parlamentares. É claro que Alvarenga, antes de confirmar a sua presença, pediu a bênção do governador Fernando Pimentel, seu chefe. E, cá pra nós, penso que Leonardo Monteiro, embora não tenha nenhum vínculo de subordinação direta a Pimentel, deve ter comunicado ao governador a sua presença no encontro também. E eu não vejo nenhum problema nisso. Só me causa espanto o fato de que o próprio Pimentel não tenha comparecido ao encontro. Ainda bem que ele, o governador, não se opôs à presença de Bernardo Alvarenga, presidente da Cemig, e do deputado federal Leonardo Monteiro naquela reunião.
E aí eu me pergunto o seguinte: “Se o governador Fernando Pimentel, que vai disputar a reeleição contra o grupo político de Aécio, não se opôs à presença de dois dos seus principais interlocutores ao encontro, dada à importância da pauta a ser discutida, o que dá o direito a um bando de babacas ficar criticando a reunião nas redes sociais, e em especial a presença de Leonardo Monteiro ali?”
Não vou entrar, neste texto, naquela antiga — e boba — tentativa de ficar discutindo que o político “A” é do bem e o político “B” é do mal. Não vou jogar na cara de ninguém que Lula, o candidato do PT, tem muito mais processos do que Aécio; não vou sequer lembrar o óbvio: que Lula já é réu em vários processos enquanto que Aécio foi apenas citado e está sendo investigado. Também não vou ficar de lengalenga para lembrar que foi exatamente a ex-presidente Dilma Rousseff, com a sua desastrada política de gestão do setor energético, que quebrou as companhias elétricas de todo o Brasil e causou esta bagunça que aí está no setor. Neste momento penso, de verdade, que tudo isso é irrelevante.
Que todos esses tópicos terão que ser discutidos em algum momento no futuro? Sim, claro! E em breve. Mas este não é o momento para isso. A prioridade agora é garantir que a Cemig se mantenha como controladora das quatro hidrelétricas que estavam para ser levadas a leilão, e depois, sim, que se discuta as devidas responsabilidades e como se precaver para que isso não ocorra novamente.
Voltando a Leonardo Monteiro a à sua reunião com Aécio Neves, insisto que, naquele momento, o que estava em jogo não era se Aécio é inocente ou culpado, se é bom ou ruim, se é a encarnação da bondade ou da maldade, se é santo ou demônio… nada disso! Portanto, é pouco producente a ação dos esquerdistas que chamaram Leonardo Monteiro de “traidor do movimento” só porque se reuniu com Aécio Neves.
Penso eu que, naquele momento, o que pesou para Leonardo Monteiro foi o fato de que Aécio Neves é um senador da República e, portanto, uma liderança política do Estado e uma das mais respeitadas do País. Desde à Grécia antiga que aprendemos que a política é a arte de negociar, de discutir, de convencer e de costurar acordos. Leonardo Monteiro entendeu que, se para salvar a Cemig ele tiver que sentar com os senadores Aécio Neves, Zezé Perrela e Antonio Anastasia, que são todos contrários ao seu grupo político, paciência! O interesse dos mineiros tem que vir em primeiro lugar.
Parabéns, Leonardo Monteiro, pela sua atitude!
É exatamente assim que se constrói uma nova forma de se fazer política! A sua atitude é uma demonstração da sua grandeza!
Espero que, como eu sempre costumo dizer, quem viver, veja os resultados daquela reunião!