Bebê mais nova a ter Covid-19 em Portugal está curada; Toda a família, que é de MG, foi infectada

Bebê mais nova a ter Covid-19 em Portugal está curada; Toda a família, que é de MG, foi infectada

Segundo Alcino Cunha, a filha caçula apresentou dificuldades para respirar e chiado no peito. Ele e a bebê foram os únicos a sentirem sintomas da doença

Família de Governador Valadares foi toda infectada pela Covid-19 em Lisboa — Foto: Alcino Cunha/Arquivo Pessoal

“Aconteceu de a gente ter que sair de casa, pensando em dinheiro, em conta, em tudo, e ter esquecido do problema que estava na rua. Fui pensando em conta, em dinheiro, e esqueci o que eu tinha de realmente mais precioso dentro de casa, que é minha família”.

Esse é o relato de Alcino Cunha, motorista de transportes pesados em Portugal. Ele, a esposa, os três filhos e os sogros, que são de Governador Valadares (MG), foram infectados pelo coronavírus. Inclusive a filha caçula, uma bebê de 28 dias, a mais nova a ter Covid-19 no país.

“Eu não acreditava no que estava acontecendo, meu pensamento era de que eu tinha que fazer meu dinheiro, pagar o aluguel, ter o que comer. O governo decretou ficar em casa e a polícia parou tudo; parou as BR’s, parou as ruas, falou que ia multar, parou os metrôs, parou tudo o que você imaginar. Só que a gente mantinha a rotina, a empresa mandava e a gente fazia”, disse Alcino.

O motorista disse que começou a sentir os sintomas depois de fazer um trabalho em uma casa. Ele explicou que antes de entrar nas residências, é preciso passar cloro nos sapatos, nas mãos e que isso atacou as suas vias respiratórias.

“Fui trabalhar em uma casa e tive que usar um cloro, porque aqui eles usam muito cloro. Tive que usar no tênis, lavar as mãos com o cloro, tudo para entrar na casa e aquilo atacou a minha garganta. Fiz o serviço no período da tarde e à noite aquilo começou a me incomodar e no outro dia comecei a tossir. Eu não estava sentindo nenhum outro sintoma da Covid-19 e, como sou alérgico, não imaginei que estaria com a doença. Porém, eu tive que ir ao hospital para pegar uma receita para comprar um antialérgico, porque o meu estava acabando e aqui não vendem sem receita. Foi aí que fizeram o exame em mim e descobri que estava com a doença”.

Ele contou ao G1 que sentiu um baque ao descobrir que estava infectado pelo vírus. A partir daí, todos os outros familiares fizeram os exames; ao todo, sete pessoas moram na mesma casa. Além disso, ele também contou que a sogra trabalhava em um lar para idosos e que lá também já havia registrado um caso da doença.

“O meu deu positivo, da minha sogra deu positivo e a gente foi descobrindo. Aqui em casa nenhum outro teve os sintomas de falta de ar, tosse. Só que todo mundo se precaveu a fazer o exame, porque um deu positivo, o outro deu positivo, aí foi todo mundo fazendo e todo mundo dando positivo”, contou.

Segundo ele, os resultados dos testes saíram em menos de 24 horas após a coleta do material. “A eficiência do exame aqui é muito clara, porque é muita gente pegando. É o que o Brasil precisa fazer, só que dão resultado depois de 14 ou 15 dias e ninguém fica sabendo de nada. O Brasil está com um sistema de saúde muito precário”, desabafou.

A mais nova com Covid-19 do país

Maria Clara, a sua filha caçula de apenas 28 dias, também teve o resultado positivo para a doença. Segundo Alcino, a bebê apresentou dificuldades para respirar e chiado no pulmão.

“A gente notou na Maria Clara, depois que peguei a tosse, meio que uma falta de ar e o peito chiando. Depois que liguei para a emergência, logo mandaram uma ambulância e deram uma assistência espetacular. A Maria Clara não teve complicações, mas como já era positivo, eles decidiram levar ela para lá, para fazer o acompanhamento de perto”, disse.

A internação da bebê durou nove dias. Ele conta que a esposa ficou todos os dias com a filha no hospital, para que a rotina de amamentação e cuidados fosse mantida, e que as duas foram acompanhadas por equipes formadas por quatro médicos e quatro enfermeiros.

“Essa situação é muito feia, difícil de lidar. Eu passei uma páscoa sem a minha filha e minha esposa aqui do meu lado, porque estavam internadas”, disse.

Covid-19 em Lisboa

Em Lisboa, Alcino contou ao G1 que o cenário é de pânico. Segundo ele, só na capital morrem cerca de 40 a 50 vítimas da Covid-19 por dia. Diante disso, ele agradeceu por todos da família não fazerem parte desse número.

“A gente foi contra as estatísticas, porque o que aconteceu aqui na Europa foi muito feio. Aqui em Lisboa, que é mais ou menos do tamanho de Governador Valadares, estão morrendo cerca de 40 a 50 pessoas por dia”, contou. Alcino ainda explicou que, no início, muitas pessoas não acreditavam muito na doença e do quanto ela é grave.

“Os teimosos iguais a mim, sofreram na pele as consequências. Às vezes, a gente não leva a sério, a gente preocupa muito com o financeiro e agora estamos sofrendo as consequências de não termos respeitado essa doença. Só que também a gente não pode parar”, disse.

Lisboa está parada por cerca de dois meses, segundo Alcino. Ele conta que agora a rotina na cidade está começando a voltar ao normal.

“A cidade aqui parou por cerca de dois meses, mas agora está voltando ao normal. Os dois meses em que ficou parada, ela literalmente parou. Eu estou em casa há cerca de 40 dias. Estou aqui lutando, com o pouquinho que ainda resta, sem trabalhar. Vamos ver no que vai dar, eu creio que mais uns 10 a 15 dias devo ficar parado”.

Alcino ainda contou sobre como o país tem sido rigoroso durante esse período pandemia, e que as multas são altíssimas para os positivos que forem pêgos fora de casa.

“Eu estou em casa e pegaram todos os meus dados. Se me encontrarem no supermercado, aqui do lado da minha casa, são 920 euros de multa. Aqui já foram aplicadas mais de 270 mil multas, por isso o número de casos está diminuindo”, disse.

Situação financeira da família

Há cerca de 40 dias sem poder sair de casa, Alcino conta que a família está se mantendo com o dinheiro que conseguiu juntar nos dias que trabalhou e com um auxílio de risco pago pelo governo.

“Eu já tinha um dinheiro guardado e recebíamos um auxílio de risco, já que a minha esposa ficou dois meses em casa durante a gravidez, pois trabalhava em um restaurante em pé e a médica pediu para que ela ficasse em casa. Então com esse auxílio e o dinheiro que a gente guardava, a gente se mantem ainda”, contou.

Alcino também disse que recebeu uma ajuda do irmão que mora em Governador Valadares para que não passasse dificuldades nesse período. “Meu irmão também me ofereceu ajuda e falei com ele que minha situação estava um pouco complicada, porque não podia sair de casa para trabalhar”, disse.

Ele explicou ainda que o governo vai liberar um auxílio para a população e que também deve começar a receber um auxílio maternidade. “Aqui falaram da ajuda do governo sim, porém eu ainda não peguei. Como a minha bebê ainda está com 28 dias, aqui eles dão um auxílio maternidade bom, mas ainda não recebi”.

(Com informações de G1 Vales de Minas)



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