No dia em que o Brasil chegou a 1.223 mortos pela COVID-19, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, sem citar dados ou fontes, que “está começando a ir embora a questão do vírus”.
“É o que eu tenho dito desde o começo, há 40 dias. Temos dois problemas pela frente: o vírus e o desemprego. Quarenta dias depois, parece que está começando a ir embora a questão do vírus, mas está chegando e batendo forte a questão do desemprego”, disse o presidente durante uma videoconferência com líderes religiosos neste domingo (12).
Ao contrário do que afirmou Bolsonaro, o pico de casos no país ocorrerá entre abril e maio. Essa informação consta em um publicado na última terça-feira na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, assinado por diversos profissionais da saúde, entre eles o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Bolsonaro repetiu a estratégia de atacar ‘a mídia’ e justificar suas ações de descumprimento às recomendações de isolamento social como exercício da ‘liberdade’.
“Não podemos colocar o destino do nosso país sob dúvida, de que a liberdade será mantida a qualquer preço. Eu tenho a obrigação, o dever, a consciência de que tenho que me preocupar com isso, mesmo sabendo que tem contra nós uma enorme parte da mídia, autoridades que trabalham para fazer do país um país cada vez pior, porque só desta maneira eles podem novamente ascender ao poder”, afirmou.
O presidente repetiu também o que tem sido quase um ‘mantra’ para ele desde o início da pandemia, sobre combate ao pânico. “Precisamos cada vez mais de liberdade. O país precisa ser informado do que realmente está acontecendo. E não através do pânico, mas através de mensagens de paz, de conforto, cada um se preparar para a realidade”.
O discurso de Bolsonaro diverge totalmente dos dados divulgados pelo Ministério da Saúde. O gráfico de evolução do vírus mostra uma curva ascendente de casos confirmados e mortes pela COVID-19 desde o registro da primeira ocorrência da doença no Brasil, em 17 de março.
Além das 1.223 mortes confirmadas, o país tem registros de 22.169 casos da doença. Considerando a impossibilidade de realização de testes em todas as pessoas que apresentam sintomas, é possível que o número de pessoas realmente infectadas pelo coronavírus seja ainda maior.
Em todo o mundo, são mais de 1,8 milhão de casos confirmados de coronavírus, com mais de 113 mil mortes. Nos Estados Unidos, país com maior número de óbitos, a doença já matou 21.366 pessoas até a noite deste domingo.
(Com informações de Humberto Martins – Estado de Minas)