Operação investiga organização criminosa na prefeitura e no SAAE. Cartório seria utilizado para falsificação de documentos no esquema.
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), e a Polícia Federal deflagram no domingo (22) a 4ª fase da Operação Mar de Lama, com a prisão temporária do titular de um cartório localizado em Santo Antônio do Porto, distrito de Governador Valadares. Dezessete pessoas já haviam sido presas na quinta-feira (19), dutante a 3ª fase da Operação, sendo que, dos presos, sete são vereadores da cidade, que estavam afastados das funções públicas.
De acordo com os promotores de Justiça, na sexta-feira (20), a filha do chefe do cartório, que também era um investigado da 3ª fase da Mar de Lama, foi a uma agência da Caixa Econômica Federal solicitar saque de R$ 60 mil. Como já havia sido expedida ordem judicial de bloqueio da conta, o gerente avisou ao MP sobre a tentativa de saque. No local, foi observado que a mulher portava uma certidão de uma procuração na qual o pai a autorizava a fazer o saque, com data de 18 de maio, véspera da terceira fase da operação, e, segundo apuração do MP, a data teria sido alterada.
Foi realizada uma busca e apreensão no cartório, e solicitada a procuração que deu origem à certidão portada pela mulher, mas o servidor do local informou que o documento estaria com o proprietário, em Valadares. Na casa do suspeito também foi realizada uma busca. Nos dois locais, segundo o MP, foram encontrados documentos referentes às empresas envolvidas no esquema apurado da operação Mar de Lama, o que, segundo os promotores de Justiça, são indícios de que o cartório seria utilizado para falsificação de documentos pelas empresas.
Entenda o caso
A 1ª fase da operação “Mar de Lama” foi realizada pela Polícia Federal em abril deste ano, para desarticular uma organização criminosa instalada na Prefeitura e no SAAE. Vinte agentes públicos foram afastados, dentre os quais, oito vereadores, e outras oito pessoas foram presas.
No mesmo mês, na 2ª fase da operação, outros cinco parlamentares foram afastados dos cargos. Um gestor corporativo do SAAE também foi afastado e foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão.
Na 3ª fase da operação, além dos 17 presos, foram apreendidos nove veículos, R$ 105 mil, US$ 21 mil, computadores, celulares e diversos documentos. Todos os presos foram levados para o presídio de Governador Valadares.
Ainda na 3ª fase, as investigações apontaram que a empresa Valadarense de Transportes Coletivos, que presta o serviço de transporte público urbano na cidade, está envolvida no esquema de fraudes. Segundo o promotor de Justiça, Evandro Ventura, a empresa pagava propina a vereadores e agentes públicos da cidade, para que fosse beneficiada na prestação de serviços. A PF cumpriu mandado de busca e apreensão na sede da Valadarense na cidade e também emBelo Horizonte. (MG).
Segundo o Procurador da República, Felipe Valente Siman, as investigações começaram no início de 2014, para fiscalizar a aplicação de verba no valor de R$ 4,7 milhões liberada pelo Ministério da Integração Nacional, para minimizar os danos causados pelas fortes chuvas ocorridas no fim de 2013. Os envolvidos teriam se aproveitado dos estragos para fraudar licitações.
(G1 Vales de Minas)