Por Mary Ribeiro
Um grupo de pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Francisco (EUA) realizou um estudo para tentar entender como o vírus da zika é transmitido de mãe para filho e como esta transmissão pode ser evitada. Os cientistas conseguiram descobrir que a mãe passa o vírus para o bebê através das células da placenta e que as células-tronco neurais do feto são particularmente sensíveis e suscetíveis ao contato com o vírus durante os primeiros seis meses da gestação, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo.
Durante a pesquisa, os cientistas analisaram tecidos de diferentes idades infectados pelo vírus da zika e conseguiram identificar que as células da placenta e do cérebro do bebê possuem um receptor que funciona como uma “porta de entrada” para a célula, chamado AXL, que permite a entrada do vírus – quando o receptor é bloqueado, a infecção não ocorre. Os cientistas criaram uma espécie de mapa temporal que mostra a destruição causada pelo vírus, desde a mãe para as células-tronco neurais do feto através da placenta.
A confirmação veio após a determinação do tipo de células infectadas e o receptor presente, com um experimento usando anticorpos que bloquearam o receptor. Com o estudo, os cientistas descobriram que o antibiótico azitromicina bloqueia a proliferação viral, blindando as células do efeito do zika vírus. Ainda não se sabe como essa proteção ocorre, mas já é possível saber que antibióticos do mesmo gênero possuem ação similar também contra o vírus da dengue e da febre amarela.
A melhor notícia é que o medicamento já é liberado para uso, inclusive por mulheres gestantes.”Essa descoberta é extremamente importante porque ela pode mudar como mulheres grávidas expostas ao vírus são tratadas clinicamente, e essa é a nossa motivação para publicar o nosso trabalho numa plataforma de acesso aberto”, diz Arnold Kriegstein, um dos líderes da pesquisa. O trabalho está disponível on-line no repositório bioRxiv.
Apesar da facilidade de implementação, “os resultados ainda são experimentais e não foram testados clinicamente, mas queremos que os médicos saibam que eles existem, devido à urgência da situação”, diz Elizabeth Di Lullo, outra autora do estudo.
Fonte: Notícias ao Minuto