A Associação Comercial e Empresarial (ACE) de Teófilo Otoni está comemorando nesta quinta-feira (27/02) o seu aniversário de 79 anos de fundação. Para o presidente da entidade, empresário Ricardo Bastos Peres, a data marca o início da contagem regressiva para as comemorações em torno do Jubileu de Carvalho (80 anos) em 2021. Como forma de dar visibilidade a essas comemorações, ouvimos o presidente Ricardo, que comentou o que vem por aí neste intervalo de um ano até às comemorações oficiais. Acompanhe a entrevista:
minasreporter.com — A maioria dos associados concorda que a sua gestão está de fato trazendo a ACE para o Século XXI. O senhor concorda com esse tipo de afirmação?
RICARDO BASTOS: Em partes, sim. Mas isto não é, necessariamente, um mérito da nossa gestão. Eu prefiro ver como um fator cronológico. A nossa gestão está à frente da ACE neste momento quando o Século XXI está sendo desenhado e estabelecido identitariamente. É natural então que sejamos apontados desta maneira. Mas se fossem outras pessoas que estivessem à frente da ACE, essas pessoas também estariam sendo consideradas assim. Se fosse a gestão anterior que ainda se mantivesse à frente da ACE, também estaria sendo considerada assim. Como eu disse, é um fator cronológico. É bem verdade que a nossa gestão está dando o seu melhor para otimizar as funções e a representatividade da ACE; e não apenas eu, mas todos os diretores conjuntamente. Faço até questão de mencionar o apoio que sempre recebi do nosso primeiro vice-presidente, o empresário Sebastião Ribeiro, o Tião do Jhiane; do nosso diretor-financeiro, o empresário Synval Handeri; e também do nosso 2º vice-presidente, o agora saudoso Sr. Dinaldo Bartolomeu, da Graffite, que foi, inclusive, quem me convidou para formar uma chapa e assumir a ACE no nosso primeiro mandato complementar, em 2011. Além da diretoria executiva, não posso deixar de mencionar, também, os demais diretores que participam ativamente do dia a dia da entidade, como Romerci Rodrigues, 2º diretor-financeiro; a nossa diretora da Mulher e do Jovem Empreendedor, Jaqueline Frota; o nosso diretor de Assuntos Cooperativos, Paulo Peçanha; o nosso diretor de Educação, Padre Joel; e ainda o nosso diretor de Assuntos Políticos, William Horta, que sempre foi muito solícito em todos os momentos. Além destes, reitero o apoio e a parceria que mantemos com o nosso Conselho Deliberativo, que tem como seu maior expoente o presidente Adeilson, o Deca do Restaurante Sabor da Terra. Além de todo o nosso corpo diretivo, destaco a nossa equipe de colaboradores que penso ser simplesmente incrível e estar desenvolvendo um trabalho fantástico em prol do voto de confiança que nos foi dado pelos nossos associados e conselheiros.
minasreporter.com — O senhor prestou uma homenagem póstuma nas redes sociais da ACE ao empresário Dinaldo Bartolomeu, da Graffite. O que ele representava para a sua gestão?
RICARDO BASTOS: Foi através dele que a nossa gestão começou. Eu costumo dizer que a palavra que descreve o meu sentimento para com o “Seu Dinaldo”, como nós respeitosamente o chamávamos, é Gratidão. Ele foi uma pessoa que acreditou no meu trabalho e fez o convite para que eu assumisse a presidência da ACE num momento em que eu vivia apenas para os meus negócios. Na ocasião o então diretor da CDL, Luiz Resende, me convidou para atuar como vice-presidente da CDL, e eu aceitei. Foi quando o Seu Dinaldo, ao perceber a minha disposição, me convidou para assumir também a ACE. Como eu costumo dizer que desafio dado é desafio aceito, aqui estamos nós. Na época o Seu Dinaldo, enquanto rotariano, ainda sugeriu uma homenagem do Rotary à minha pessoa, e diante da visibilidade que ganhei, fui até convidado a disputar a Prefeitura de Teófilo Otoni em 2012. Em nossa confraternização no final do ano de 2019, entregaríamos uma homenagem pessoal ao Seu Dinaldo, mas ele não pôde comparecer. É evidente que seria um dos nossos homenageados nas comemorações dos 80 anos. Até já o indicamos de outra vez para uma homenagem do Mérito Empresarial da Federaminas. Agora, a homenagem que faremos a ele durante o nosso Jubileu de Carvalho será póstuma… Ele fará muita falta e esperamos poder manter o seu nome registrado para sempre nos anais da nossa entidade.
minasreporter.com — A ACE tem uma sede própria num local bastante estratégico no centro da cidade. A sede atual ocupa todo o primeiro andar do edifício Palácio do Comércio. Mesmo assim o senhor pretende construir uma nova sede para a entidade. Por quê?
RICARDO BASTOS: Porque a nossa sede atual ficou pequena para o nosso volume de atividades, de colaboradores e de associados. Quando a ACE foi fundada em 1941 havia um número bastante diminuto de empreendedores na cidade. Foi antes da Segunda Guerra Mundial. De lá para cá houve um verdadeiro boom, uma enorme explosão do espírito empreendedor, e hoje o número de empresários de todos os portes é imenso. Quando assumimos, havia cerca de trinta associados pagantes. Hoje são quase dois mil. Para atender a toda essa demanda de pessoas, precisamos de um departamento comercial estruturado, bem como um departamento financeiro, diferentes gerências, e por aí vai. A nossa intenção com a nova sede, que será construída no Bairro Grão-Pará, num terreno ao lado da União Estudantil, e que foi nos presenteado pela Prefeitura Municipal, é ampliar a nossa representação e aumentar a nossa eficiência em todos os nossos processos e atividades. Queremos levar os departamentos mais internos para lá, que convivem menos com o público, e também um auditório maior para a realização das nossas assembleias. O atendimento ao público no dia a dia poderá se manter na sede atual.
minasreporter.com — O senhor disse que, ao assumir, havia cerca de trinta associados. Hoje, nove anos depois, são cerca de dois mil. E mesmo assim o senhor minimizou, em minha primeira pergunta, os méritos da sua gestão. O senhor só estava sendo modesto, certo?
RICARDO BASTOS: Eu prefiro acreditar que quaisquer outras pessoas que estivessem à frente da entidade estariam fazendo o mesmo que nós estamos fazendo, que é dar o seu melhor para o bem da entidade, do associativismo e do desenvolvimento socioeconômico de nossa cidade e região. Outro fator que ajudou a nossa gestão a se projetar foi a nossa aproximação da Federaminas. A Federaminas hoje tem apoiado de forma extremamente profissional e otimizado às ACE’s. Além de nos ajudar, tem colocado em nossas mãos as ferramentas apropriadas para podermos continuar progredindo e, como você disse em sua primeira questão, estamos avançando, de fato, para nos ingressar neste Século XXI. Até essa nossa aproximação da Federaminas foi otimizada pelas novas ferramentas de tecnologia da informação que não havia antes. Hoje, através de um grupo de whatsapp por exemplo, os diferentes presidentes de ACE’s pelo interior podem realizar uma reunião com os diretores da Federaminas, mesmo estando cada pessoa numa cidade diferente. Apesar da distância, todos participam, ouvem, sugerem, apresentam propostas e discutem conjuntamente o que pode ser feito para que a sua ACE seja beneficiada individualmente, e de como todos podemos participar do desenvolvimento socioeconômico regional e estadual. O Século XXI é o momento de maior transformação social de todos os tempos. O que estamos fazendo à frente da nossa ACE é procurar usar todas essas ferramentas para o nosso desenvolvimento.
minasreporter.com — Teófilo Otoni é uma cidade muito tradicional. Como alavancar mudanças que requerem antes de tudo uma readaptação das crenças e da personalidade numa cidade que ainda tem um pé no tradicionalismo?
RICARDO BASTOS: De fato, Teófilo Otoni é uma cidade bastante tradicional. Mas, ao mesmo tempo, é uma cidade cuja população clama por mudanças. Da parte do nosso empresariado e dos nossos empreendedores não é diferente. Hoje os empreendedores sabem que ao se apresentarem ao público, pouco importa o sobrenome, o fato de ser filho de fulano, neto ou irmão de quem quer que seja. Quando você empreende, você é você diante do público. Se o seu produto ou serviço não for bom, o seu público-alvo simplesmente não vai querer comprar. É preciso que você agregue valor ao seu produto e que mantenha o melhor relacionamento possível com o seu cliente. Nesse momento pouco importa que o seu pai tenha sido um empresário de sucesso. O seu sucesso não depende do sucesso do seu pai. O seu sucesso só depende de você mesmo. E é exatamente aí que entra a ACE, com esta nova mentalidade que estamos implantando, de ajudar a otimizar a atividade empreendedora e aumentar as conexões, hoje tão importantes, como ocorre durante a nossa Mostra Empresarial, a EXPONOR.
minasreporter.com — Por falar nisto, a EXPONOR vem se reinventando ano após ano desde que a sua gestão resgatou o evento. Ainda há mais o que reinventar?
RICARDO BASTOS: Acredite, com relação à EXPONOR, só estamos começando. Neste ano, por exemplo, a EXPONOR será completamente diferente do que foi a EXPONOR 2019, e o que é mais importante: será melhor. Daqui para frente, todos os anos reinventaremos e otimizaremos a EXPONOR. Contudo, antes de falar da EXPONOR enquanto evento, preciso lembrar a todos que a EXPONOR não é apenas um evento; não é apenas uma feira, como muita gente chama. A EXPONOR é um ecossistema empresarial muito complexo onde empresários dos mais diferentes matizes têm a oportunidade de estarem juntos em um mesmo ambiente onde convivem comerciantes, industriais, fornecedores de matérias-primas, prestadores de serviços, financistas, todo mundo junto em um mesmo local, convivendo e cooperando harmonicamente para criar uma identidade que defina o empresariado local e regional. Esse modelo de negócios que adotamos para a nossa EXPONOR é tão importante e funcional que várias cidades do Estado já adotaram o nosso modelo, inclusive Governador Valadares, aqui bem pertinho da gente. Um secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico esteve na EXPONOR e a chamou de uma das maiores mostras empresariais do interior do Estado e do País. No ano passado quem entendeu o que propomos com a EXPONOR foi o governador Romeu Zema, que também elogiou o evento e se disse impressionado de nos ver incentivando a harmonia entre o poder público, o terceiro setor e a classe empresarial. E neste ano, às vésperas das comemorações do nosso Jubileu de Carvalho, realizaremos a maior EXPONOR de todos os tempos. A nossa maior preocupação neste momento é conseguir atender a todos que querem estar presentes. Mas daremos um jeito.
minasreporter.com — Ainda falando das comemorações em torno dos 80 anos, quais as inovações que o senhor ainda pretende implementar na ACE?
RICARDO BASTOS: A nossa intenção com as comemorações em torno dos oitenta anos não é, necessariamente, criar uma data que seja uma espécie de marcador de água, ou de tempos, em ACE antes e ACE depois dos oitenta anos da entidade. Essa não é a nossa intenção. Ao comemorarmos os nossos oitenta anos o que queremos é celebrar toda a representação que a ACE faz da classe empresarial. Que houve tempos em que a entidade foi mais importante do que em outros momentos… é possível. Mas ela nunca deixou de ser um grande propulsor do empreendedorismo e do desenvolvimento socioeconômico. Atualmente oferecemos um enorme mix de produtos e serviços aos nossos associados que está tornando a iniciativa e a cultura do empreendedorismo mais fácil e mais otimizada. O que vamos comemorar nesse Jubileu de Carvalho é um momento áureo onde, ao nos unirmos, nos tornamos mais fortes e mais desenvolvidos de fato.
minasreporter.com — Este é um ano de eleições municipais. Como o senhor pretende agir para que o processo eleitoral não atrapalhe a programação em torno do Jubileu de Carvalho?
RICARDO BASTOS: A ACE sempre foi uma entidade apartidária e que sempre manteve uma diretoria que respeitou aos princípios constitucionais vigentes. Quero até dar alguns exemplos. Entre os nossos ex-presidentes, um deles foi eleito prefeito do município, no caso o Getúlio Neiva. O ex-presidente Nagib Nedir foi candidato à Prefeitura. Eu mesmo fui candidato à Prefeitura em 2012 e a deputado estadual em 2014, mas em ambas as ocasiões me licenciei como determina a legislação eleitoral e como é previsto pelo nosso estatuto. Uma vez que a entidade é apartidária, não vejo porque deixar o processo eleitoral atrapalhar de alguma maneira o nosso dia a dia, quanto mais o nosso jubileu. Nós não nos envolvemos de forma direta e pronto. Contudo, vamos deixar claro que, de forma democrática, evidentemente, cada um dos nossos diretores, bem como os nossos associados em geral, como cidadãos que são, têm a liberdade de se manifestarem enquanto pessoas e enquanto indivíduos sobre as suas preferências. Só não podem usar o nome da ACE nestas manifestações em prol de quem quer que seja, ou contra quem quer que seja.
minasreporter.com — O senhor pode ser candidato a algum cargo público?
RICARDO BASTOS: Neste momento eu não tenho nenhum interesse. Além de estar me dedicando às comemorações em torno dos oitenta anos da ACE, o que já demanda bastante tempo, ainda mais tendo em vista o que disse há pouco, de que pretendemos realizar a maior EXPONOR de todos os tempos, eu, enquanto empresário, também estou muito envolvido em meus próprios negócios pessoais que têm me tomado bastante tempo. Tenho viajado muito para manter contatos com clientes em diferentes locais e, por isso, não me vejo, neste momento, sendo candidato a nenhum cargo público. Prefiro exercer a minha cidadania à frente da ACE.
minasreporter.com — O senhor foi novamente eleito vice-presidente da Federaminas. Este é o seu segundo mandato como vice-presidente da entidade. Essa sua participação à frente da diretoria da Federaminas é importante para a ACE?
RICARDO BASTOS: Muito importante. Não para mim, mas para a nossa ACE enquanto entidade, e para criar uma nova mentalidade de um associativismo verdadeiramente inovador. Através da Federaminas nós temos conseguido importantes avanços. Um exemplo foi a minha recente participação numa missão empresarial a São Paulo no final de janeiro, onde, em parceria com a FACESP, a Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de São Paulo, discutimos a minirreforma do Sistema Tributário Nacional proposta pelo Congresso Nacional. Ao mesmo tempo, aproveitei a oportunidade para divulgar a nossa EXPONOR entre empresários e lideranças empresariais paulistas, e também o nosso distrito industrial em Teófilo Otoni, que tem sido uma importante bandeira proposta por nós e abraçada pelo atual prefeito Daniel Sucupira. Ainda falando da Federaminas, foi através dela que conseguimos a parceria com a Unimed, que nos oportuniza planos de saúde aos nossos associados com descontos incríveis, e também a instalação do Posto Avançado de Conciliação Extraprocessual (PACE) em nossa cidade. Outra importante inovação trazida graças à nossa parceria com a Federaminas foi a instalação da Câmara da Mulher Empreendedora junto à nossa ACE. Essa Câmara já realizou alguns importantes eventos junto aos empreendedores locais, dos quais eu destaco a palestra “A Liderança que Constrói Talentos”, da ex-jogadora de Vôlei Virna Dias, e que foi uma realização conjunta da ACE, do Banco do Brasil e da nossa Câmara da Mulher Empreendedora de Teófilo Otoni.
minasreporter.com — A bandeira da industrialização, que o senhor citou há pouco, tem sido uma pauta muito frequente da sua gestão. Também estará presente nas comemorações dois oitenta anos?
RICARDO BASTOS: Com toda certeza. Eu gosto de lembrar, mas não para bater palmas para mim mesmo, nem mesmo para a nossa gestão à frente da ACE, de que foi depois do meu discurso na abertura da EXPONOR 2019 que o governador Romeu Zema entendeu a importância de incentivar e de promover a industrialização da nossa região. Foi depois de o governador assumir esta consciência que se ofereceu, e disse isso em público ao prefeito Daniel Sucupira, que havendo um determinado número de interessados em se instalar no Distrito Industrial de Teófilo Otoni, o Governo do Estado apoiaria a iniciativa e liberaria os oito milhões de reais que faltavam para desapropriar a área do antigo Frimusa e ali instalar o distrito industrial. A nossa gestão entende que estimular a industrialização é importante para o desenvolvimento socioeconômico porque a região está crescendo muito e precisamos ser menos dependentes de tudo vindo de fora quando podemos fabricar muita coisa por aqui mesmo. Já temos uma indústria forte, e um exemplo disso é o nosso setor de móveis, de confecções, a nossa Mate-Cola, a Incoreg, a minha própria empresa, a EMEX. O que precisamos é dos mesmos estímulos do comércio.
minasreporter.com — Esteja à vontade para as suas comemorações finais.
RICARDO BASTOS: Eu não quero supervalorizar esta ocasião e dizer que estamos no momento mais importante da nossa ACE. Não existe um momento que do ponto de vista humano seja mais importante do que outro. Todos os momentos juntos formam o que chamamos de história. E não há como dizer que uma parte da história é mais importante do que outra. Que um momento seja mais decisivo do que outro. Porém, hoje é o momento em que podemos atuar para podermos construir e fazer brotar o desenvolvimento socioeconômico que queremos. Quando eu ingressei na faculdade, no final dos anos setenta e início dos anos oitenta, eu já ouvia naquele momento que o Brasil era o país do amanhã. Hoje continuo ouvindo a mesma coisa. Mas não concordo com isso. O Brasil pode muito bem ser o país do hoje se nos unirmos e buscarmos transformar todo esse potencial que temos acumulado em uma explosão de desenvolvimento. A ACE está fazendo a parte dela e queremos convidar todos os teófilo-otonenses de bem para se somarem a nós nesta luta e mudar a percepção dos próximos oitenta anos de nossa cidade e região.
(Fonte: ACE)