Por Stefan Salej
Em um recente episódio de rusgas no meio de entidades empresariais, um político envolvido disse que sabia que o meio em que ele convive era sujo, mas que a política empresarial era tão suja assim, não sabia.
Bem, talvez a declaração fosse uma decepção da esperança de que a política nas entidades empresariais fosse vamos dizer mais transparente , menos pessoal e mais dedicada ao bem público. Pode ser que a percepção pública de entidades empresariais serem menos abertas, aos olhos da população, sejam assim. Mas, como na política, tambem na área empresarial não dá para generalizar.
As mais recentes polêmicas sobre a gestão da Federação do Comércio de Minas Gerais , mostram que a justiça está atenta ao que acontece com os fundos arrecadadas por estas entidades que compõem o sistema chamado S, do qual faz parte também a área de agricultura e transportes, além do SEBRAE. Essas entidades vivem de recursos fiscais obrigatórios, pagos pelas empresas. Ou seja, abatidas na folha de pagamento. Portanto, quanto mais funcionários, maior a arrecadação. Esse sistema deve ter um orçamento conjunto em Minas superior a dois bilhões de reais. Mas ele sustenta com esses recursos também a rede de educação profissional, como o SENAR, SENAI , SENAT e SENAC, e serviços sociais como o SESI e o SESC.
Parte desse dinheiro arrecadado vai para as federações como de indústria, comércio, agricultura, transportes, o que as faz fortes. E elas estão compostas por sindicatos dos empresários, dos quais a rede mais forte e maior é a de sindicatos rurais. É desse sistema que o governo quer reduzir 30%. É nesse sistema que a luta por cargos é a maior, porque é lá que está o dinheiro.
Do outro lado, existe um sistema voluntário, centenário, independente do governo e da política, que é o das associações comerciais, empresariais, clube dos diretores lojistas e outro grêmios. Na verdade, estes têm maior número de empresários e empresas associadas, maior ressonância de seus problemas, mas menos poder político porque têm menos recursos. E aí, como no caso de Federativas, que reúnem milhares de empresas, inclusive a centenária Associação Comercial de Belo Horizonte, onde o empresário participa porque quer e é ouvido porque participa.
Como o mundo, o Brasil está mudando, e também as entidades empresariais terão que se adaptar a essas mudanças. Devem passar a ser a voz da esperança e desejo de transformar o país em vez de cuidarem de seus dirigentes e de seus interesses. Claro que há exceções que confirmam a regra. Em especial, em Minas.
…………………………………………………………………………………
Texto enviado pela Rede SINDIJORI de Comunicação
SINDIJORI — Sindicato dos Proprietários de Jornais, Revistas e Similares do Estado de Minas Gerais
Filiado a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais-Fiemg