Por David Ribeiro Jr.
A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Teófilo Otoni está de greve. Quem visitar aquela unidade vai se surpreender ao ver bebedouros no chão, televisão danificada na parede e profissionais revoltados com a falta de respeito para com a sua condição humana, já que estão sem receber salários há vários meses.
Que fique claro aqui: “não estamos defendendo nenhum tipo de vandalismo, indiferentemente de quem o tenha promovido”. Prefiro até pensar que quem estragou algumas coisas da UPA “teria sido” algum popular revoltado com a falta de atendimento. Duvido que profissionais da saúde, por mais revoltados que estejam, fossem capazes de atitudes assim.
Mas o vandalismo na UPA, ainda mais em grau tão pequeno, é o menor dos nossos problemas. Ocorre que a greve dos profissionais da UPA está se tornando apenas um prenúncio do que pode estar vindo por aí. De acordo com informações que chegaram até à redação do minasreporter.com, os médicos do Hospital Santa Rosália estão dispostos a deflagrar uma greve geral a partir do dia 30 de janeiro, isso mesmo, 30 de janeiro, já na próxima sexta-feira, portanto. A imprensa tem evitado divulgar essa data para evitar uma crise junto à população. Mas fatos são fatos. É importante que a população fique atenta para não ser pega de surpresa. Eu sou usuário do SUS e sei como é complicado precisar de atendimento médico-hospitalar e não tê-lo à disposição quando mais se precisa (e, na maioria das vezes, sem dinheiro para pagar consultas particulares).
Na tarde de ontem (27/01) eu pessoalmente tentei entrar em contato com alguém da diretoria do Hospital Santa Rosália para comentar o fato. Mas não consegui falar com ninguém. Até evitei postar a notícia sem ouvir os dois lados antes. Mas depois de a Rádio 98 FM, através do programa Conexão 98, ter feito a divulgação do fato, me senti na obrigação de fazer o mesmo aqui neste espaço.
Só a título de informação, ontem o Ministério Público convocou a direção do Hospital Santa Rosália, a Secretaria Municipal de Saúde e representantes do movimento grevista para tentar resolver o imbróglio. De acordo com o médico Antônio Abdala Cury, em entrevista ao Conexão 98, a greve é inevitável porque os profissionais querem mais respeito com a sua condição. Por que o dinheiro dava para sustentar a UPA antes, e não dá mais agora?… E, convenhamos, a pergunta é mais do que coerente.
E por que o Hospital todo pode ter o seu atendimento médico paralisado?
E aí perguntamos: o que está, de fato, acontecendo? Afinal, o dinheiro não está sendo o suficiente? É isso? Então vamos deixar as coisas às claras.
O secretário municipal de Saúde de Teófilo Otoni, Fernando Barbosa, também em entrevista ao programa Conexão 98 na manhã de hoje, disse que a Prefeitura está disposta, para sanar o problema, assumir a UPA 24 horas. Na verdade, na reunião com o Ministério Público já foi até proposto que a Prefeitura assuma o salário dos médicos já a partir do próximo domingo, 1 de fevereiro. E se até o dia 20 de fevereiro a Associação Hospitalar Santa Rosália não resolver o problema dos atrasos, a Prefeitura assumiria o controle total da UPA.
Será que isso vai resolver o problema? Não sabemos. Isso vai impedir a greve geral dos médicos do Santa Rosália? Sabemos menos ainda. Mas que é preciso que alguém assuma o controle dessa bagunça, disso eu tenho certeza.
