Cidades do interior do estado passam novamente por dificuldades com abastecimento por conta da estiagem. Em situação crítica, Viçosa retoma racionamento por tempo indeterminado.
Se na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) não há risco de crise hídrica pelos próximos 20 anos, como garante a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa-MG), com a chegada da seca já há cidades mineiras que convivem com o fantasma do desabastecimento de água. Ontem, dos municípios atendidos pela empresa, em três – Montes Claros e Capitão Enéas, no Norte, e Ipaba, no Vale do Rio Doce – foram necessárias manobras de fechamento de registro do sistema em alguns bairros. Desde janeiro, a Copasa tem adotado procedimentos semelhantes em pelo menos oito cidades onde é responsável pelo abastecimento.
Em Viçosa, na Zona da Mata, a crise hídrica levou o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Viçosa (Saae) a retomar ontem racionamento de água no município por tempo indeterminado, a exemplo do ocorrido no ano passado. Inicialmente, o abastecimento será suspenso 24 horas por semana em cada bairro. O fornecimento de água será fracionado e interrompido nos bairros em dois dias diferentes por 12 horas.
O diretor-presidente da Saae, Rodrigo Bicalho, explica que a vazão do Ribeirão São Bartolomeu tem baixado e que a última medição apontou que os reservatórios estão com 70% da capacidade. Ele lembrou que obras para melhorar a distribuição e aumentar o fornecimento aos moradores estão em andamento, como a interligação do anel da adutora à Estação de Tratamento de Água (ETA) da Violeira, onde o manancial não apresenta problemas.
“Licitaremos até o fim do ano a ampliação dessa ETA, que hoje tem capacidade para 100 litros por segundo. Nossa intensão é que, com essa ampliação, o volume aumente para 220 litros por segundo”, explicou Bicalho
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Por sua vez, a Copasa informou que a estiagem dos últimos anos tem prejudicado o abastecimento de Montes Claros. E, para garantir o fornecimento de água aos moradores da cidade durante o período crítico, a empresa iniciou o rodízio como medida emergencial, além da perfuração de poços profundos e do apoio de caminhões-pipa, quando necessário. A mesma medida foi adotada em Capitão Enéas e Ipaba. Desde janeiro, procedimentos semelhantes vêm sendo adotados em Tarumirim, Caratinga, Campanário, São João do Oriente, Engenheiro Caldas, Entre Folhas e no distrito de Revés de Belém, em Bom Jesus do Galho.
EMERGÊNCIA Boletim de ontem da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais (Cedec-MG) aponta que desde o começo do mês passado 32 cidades decretaram estado de emergência devido à estiagem. De acordo com o tenente Rodrigo Alencar, chefe de planejamento do Gabinete Militar do governo do estado, na maioria são municípios do Norte e Noroeste de Minas, além dos vales do Mucuri, São Francisco e Jequitinhonha. “Não há uma situação atípica em relação aos últimos anos nessas áreas. O índice pluviométrico de 2016 está dentro da média histórica dos últimos 30 anos”, assinalou Alencar.
De acordo com ele, o governo está fazendo esforço para mitigar os efeitos da estiagem nessas regiões, como o desenvolvimento de programa para estruturação das coordenadorias de defesa civil desses municípios. Ainda segundo o tenente, a maioria das cidades que decretaram estado de emergência vai sofrer com o desabastecimento de água e será atendida pela “operação pipa” para recompor níveis de reservatórios.
Na capital, no segundo semestre de 2015, o fantasma do racionamento assombrou a população por causa dos baixos níveis do Sistema Paraopeba. Com a implantação do novo sistema de captação no manancial, em dezembro, a situação tornou-se confortável. E com o período de chuva que se prolongou até metade do outono, com índices pluviométricos relevantes, houve recomposição significativa dos reservatórios.
(Estado de Minas)