Detentos experimentam a remição de pena pela leitura e trabalho fora do presídio

Detentos experimentam a remição de pena pela leitura e trabalho fora do presídio

A ideia é fazer com que o preso não deixe de estudar mesmo se estiver trabalhando; alguns detentos abandonavam os estudos assim que adquiriam o benefício de trabalho externo.

Detentos de Governador Valadares estudando em escolas fora do presídio
Detentos de Governador Valadares estudando em escolas fora do presídio

Detentos da Penitenciária Francisco Floriano de Paula (PFFP), no distrito de Vila Nova Floresta, no município de Governador Valadares estão trabalhando e estudando fora do presídio.  A oportunidade de remição de pena pelo estudo e trabalho começou na unidade há cerca de 10 dias. A iniciativa é uma parceria entre as Secretarias de Estado Defesa Social (Seds) e a Secretaria de Estado de Educação (SEE), viabilizada pela Vara de Execuções Penais (VEP) da comarca.

A ideia é fazer com que o preso não deixe de estudar mesmo se estiver trabalhando. Presos matriculados na escola da penitenciária abandonavam os estudos assim que adquiriam o benefício de trabalho externo.  Isso porque as unidades prisionais não ofertam ensino à noite por razões de segurança.  E a maioria optava em garantir uma renda para o futuro, observa o juiz da VEP de Governador Valadares, Thiago Counago. Ele comenta que a humanização da pena é fundamental: “Com isso, estamos facilitando a recolocação dos presos na sociedade, uma vez que eles passam a participar mais dela”, afirma.

A  chance de estudar fora do presídio pode fazer o detento João Antônio da Silva, de 40 anos, sair antes da prisão. Ele trabalha desde 2015 em uma fazenda da região. E agora classificado para cursar os anos finais do Ensino Fundamental. E comemora a retomada dos estudos. “Vai me preparar melhor para quando eu ganhar o regime aberto em 2018, quem sabe antes, somando a remição de pena pelo trabalho com a do estudo”, diz.

A diretora de Atendimento e Ressocialização da PFFP, Renata Araújo, explica que a oportunidade de estudar fora foi oferecida aos 48 detentos do regime semiaberto que atualmente têm trabalho externo, a maioria em propriedades rurais do entorno da penitenciária e passaram por testes: “Levamos para fazer as provas de classificação aqueles que realmente disseram dispostos a respeitar as regras de uma escola sem grades sendo que 14 foram aprovados”.

Acolhimento

Na Escola Estadual Antônio Job da Cruz, dos 24 alunos, 5 são sentenciados da penitenciária na sala do 1º período do Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos (EJA).Já no primeiro dos anos finais do Ensino Fundamental, correspondente à 6ª série regular, são sete detentos, maioria na turma, que soma dez alunos. A diretora Maria Ângela Andrade Costa conta que a integração começou já nos primeiros dias: “Os presos pediram para usar os uniformes da escola – e serão atendidos – e para guardar aqui o material escolar deles, o que já garantimos com o fornecimento de pastas, etiquetadas com o nome de cada um, que ficam num armário da secretaria”, conta Maria Ângela.

Como funciona a remição de pena

A remição de pena através da leitura e trabalho é autorizada pela recomendação 44 do Conselho Nacional de Justiça, regulamentada no ano de 2013. Para cada dia trabalhado e a cada 12 horas de estudo, o condenado tem descontado um dia na pena a cumprir.

(Agência Minas)



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