Por David Ribeiro Jr.
Há alguns anos eu li a respeito de um banqueiro norte-americano que, durante algum tempo, obteve muito sucesso na prática da sua profissão. Gostava de correr riscos e, enquanto o saldo do balanço anual do banco se mantinha positivo, era aclamado como um herói da sua comunidade e dos clientes e investidores do banco. Mas aí veio a crise de 1929 no seu país, considerada uma das maiores de todos os tempos, e muitos dos devedores do banco não puderam mais honrar os créditos abertos.
Até aí, tudo bem! Em épocas de crise é relativamente comum ver gente se tornando inadimplente e bancos falindo. Mas foi então que veio à tona o maior de todos os problemas: parte considerável desses créditos estava descoberta. Ou seja: o banqueiro emprestava dinheiro sem garantias. Como não houve o pagamento, ele foi responsabilizado pela falência do banco e foi condenado a vários anos de prisão. Preferiu se suicidar.
Que triste!
Pois é…
Enquanto as coisas estavam dando certo, o banqueiro da nossa história era um herói, inclusive para aquelas pessoas que contraíam empréstimos descobertos quando ninguém mais faria isso por eles. Quando a situação desandou, o banqueiro foi considerado um incompetente, um irresponsável, alguém que precisava ser condenado para servir de exemplo para outros descuidados como ele que operavam no sistema financeiro norte-americano.
“Nada mais justo do que lhe responsabilizar pelo fracasso do seu banco”, você pode pensar. E eu concordo. Nada mais justo! Ocorre que aquele homem, como já deixei claro antes, era um grande filantropo e um ser humano excepcional. Muitas pessoas apelaram por ele, em seu favor, pediram clemência por ele, interviram por ele, mas não houve perdão. O banqueiro foi condenado. E a sua história ficou registrada para nos mostrar que… me desculpem o trocadilho, “de boas intenções o inferno está cheio”.
A história desse banqueiro também nos mostra que quando estamos trabalhando à frente de uma estrutura organizacional, seja uma empresa, uma ONG, uma repartição política, ou uma organização de qualquer outra natureza, isso não nos dá o direito de agir de acordo “com o que manda o nosso coração”. Não mesmo! Precisamos ser organizados, eficientes e, acima de tudo, razoáveis. Precisamos fazer o que precisa ser feito, e não simplesmente o que queremos fazer por paixão.
No mundo do corporativismo moderno não há espaço para trabalharmos apenas com o coração. É preciso, essencialmente, que também estejamos acobertados e assegurados pela razão. É por isso que os gurus da autoajuda recomendam que ninguém comece nada sozinho. Você tem uma boa ideia? Então arranje um ou mais sócios para ajudar você a tirar essa ideia do papel. A visão e a leitura que outras pessoas fazem do processo de implantação dessa ideia pode ajudar você a não se tornar excessivamente romântico e pouco eficiente. Pois, como dizia o comandante Rolim, fundador da TAM, “só o lucro legitima as nossas empresas”. E, para isso, lembro de novo: “é preciso fazer o que precisa ser feito!”
Estamos bem no início de um novo ano, um ano que pode ser o melhor de nossas vidas, ou o pior também. Muito do que ocorrerá neste ano (2017) será consequência direta da forma como agirmos agora, como decidirmos começar o ano, e como encaramos os desafios e as responsabilidades à nossa frente.
Portanto, não importa se você é empresário, empreendedor social, autônomo, empregado, político… enfim! Lembre-se sempre de que você, para ter sucesso naquilo que se dispor a fazer, precisa ter coragem para fazer o que precisa ser feito. É bem verdade que nem sempre os resultados vêm, mesmo para quem faz tudo certo. Mas, acredite, definitivamente resultado nenhum virá, a não ser resultados ruins, para quem faz tudo errado.
Você é quem escolhe o que quer para a sua vida.
Boas Festas! E um 2017 abençoado para todos!
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OBSERVAÇÃO: Este texto foi originalmente publicado no Jornal Diário de Teófilo Otoni, a pedido do editor Vinícius Rêgo Pessoa, na edição especial do dia 23 de dezembro/2016. Aqui eu o republico com as devidas adaptações.