— Por David Ribeiro Jr. —
Nesta semana eu acompanhei com certa preocupação a uma situação que tem muito a ver com um sentimento negativo que está tomando a nossa cidade de assalto, como bem disse o prefeito Daniel Sucupira dia desses (leia mais aqui e aqui). Tenho visto muita gente usando das redes sociais para fazer os mais variados comentários a respeito da Operação Tarja Preta, desencadeada pela Polícia Civil em parceria com o Ministério Público para apurar denúncias de desvios de recursos da Secretaria Municipal de Saúde na Administração Municipal anterior (2013-2016). O minasreporter.com já reproduziu a cobertura do G1 sobre o tema (leia aqui).
Bem… se o minasreporter.com já deu a devida cobertura à Operação, por que, então, estou voltando ao assunto?
Porque tenho visto, com pesar, como existe uma enorme “manada” que está nas redes sociais comentando e reproduzindo comentários tentando achincalhar a imagem do ex-secretário municipal de Saúde na gestão anterior, Fernando Barbosa. Eu, que já fui vítima do STOPIR —abreviatura para ilustrar o “Superior Tribunal da Opinião Pública da Internet e das Redes Sociais” — com base em uma notícia fake, sei o estrago que esse tipo de informação sendo contínua e maldosamente compartilhada produz na vida profissional das pessoas e, por isso mesmo, não desejo isso para ninguém.
Antes, porém, que fique claro pra você que está me lendo, e pra quem mais quiser saber, que eu não sou amigo do senhor Fernando Barbosa e não tenho nenhuma convivência com ele fora da esfera de um profissional de comunicação (eu) e de um ex-secretário municipal da minha cidade. Nunca fui à sua casa (aliás, não sei nem mesmo onde ele mora); ele nunca foi à minha casa (e, provavelmente, também não deve saber onde moro), nunca trocamos gentilezas, cartões de natal, nunca estivemos num mesmo evento de confraternização de quem quer que seja, e, ao que me lembro, eu sequer o vi ou o encontrei pessoalmente desde que terminou o mandato da Administração Municipal anterior, da qual ele fazia parte. Só digo isso para enfatizar que não tenho nenhum interesse pessoal em defender o senhor Fernando Barbosa ou qualquer um dos envolvidos na Operação Tarja Preta. Se for provado que as pessoas citadas têm culpa no cartório, que todos eles sejam punidos com os rigores da lei sem passar a mão na cabeça de ninguém. De ninguém mesmo!
Talvez você me pergunte agora: “Por que, então, esse foco no ex-secretário municipal Fernando Barbosa?”
Porque, em função da posição que ocupava na Administração, e diante da denúncia que tem circulado na imprensa, o STOPIR — “Superior Tribunal da Opinião Pública da Internet e das Redes Sociais” — já o considerou como um homem culpado, mesmo antes de ser devidamente julgado. Nas redes sociais a maioria das informações sequer leva em conta o nome dos outros envolvidos. Só se fala no nome do ex-secretário Fernando Barbosa.
Sendo assim, por que eu busco para mim um desgaste desnecessário ao sugerir prudência em se criticar um homem que, fora do ambiente profissional, nunca me cumprimentou ou me desejou um bom dia?
Insisto: porque não concordo que ninguém seja considerado culpado antes de ter o seu caso, seja qual for, transitado e julgado. Muita gente pode estar usando este momento atual para ir à forra contra Fernando Barbosa por ter sido ele (pelo que se comenta a bocas não tão miúdas) que, à frente da Secretaria de Administração (ele acumulou as duas pastas) reduziu consideravelmente os repasses à imprensa na Administração Getúlio Neiva.
Como eu nunca me pautei por valores financeiros, e sim por valores morais, nunca procurei revidar. Pra falar a verdade, não sei nem mesmo se isso (Fernando Barbosa ter reduzido a verba de imprensa) é verdade. Modéstia às favas, me considero um pouco melhor do que isso para perder o meu tempo com esse tipo de apuração. E, como eu disse, nunca me pautei por valores financeiros, e sim por valores éticos. Eu sempre agi assim, e não será agora que vou mudar as minhas práticas e a minha conduta.
Eu agi com esta mesma ética quando o ex-secretário municipal Rudson Kerley, na administração da então prefeita Maria José, foi conduzido pela Polícia Federal. Na época, através do Jornal O REPÓRTER NOTÍCIAS, que eu dirigia, reportei o fato, mas nunca fiz comentários sobre a condução porque entendia que o então secretário Rudson poderia, ao final das investigações, ser inocentado, e não seria eu a antecipar a culpa de ninguém. Ao que me consta, de fato o ex-secretário nunca foi condenado, apesar de ter sido conduzido à época pela Polícia Federal.
Quando a Polícia Civil desencadeou a Operação Doce Amargo, vários órgãos de imprensa local deram cobertura à operação como se a atual Administração Municipal estivesse envolvida no caso. Eu preferi o caminho da ética. A situação, naquele momento, ficou tão caótica que foi necessário que a Polícia Civil emitisse uma nota pública afirmando que a atual Administração Municipal não estava sendo investigada, e que o prefeito Daniel Sucupira, como chefe do Poder Executivo, estava contribuindo com a Polícia para que se apurasse o caso a fim de punir os eventuais culpados. De novo, fui um dos primeiros a publicar a nota da Polícia.
E se você que está me lendo acompanha a política teófilo-otonense, é bem provável que me pergunte agora o seguinte: “E qual foi a sua postura quando da denúncia dos desvios de verba do setor de órtese e prótese do Hospital Bom Samaritano?”. De novo agi com a mesma ética. Leia a cobertura aqui. E é exatamente neste ponto que eu queria chegar. Ficou muito claro durante as investigações daquela operação no Hospital Bom Samaritano que foi o então secretário de Saúde, Fernando Barbosa, quem descobriu o esquema e o denunciou ao Ministério Público. Aí fica uma dúvida: Por que ele daria fim a um esquema corrupto em funcionamento —que, se não fosse denunciado, poderia durar muito tempo ainda — para começar outro? Não faz sentido. A conta não fecha. Até porque ele sabia que, ao denunciar o outro esquema, ganharia inimigos que o perseguiriam e, se um dia o pegassem numa falta, não pensariam duas vezes para expô-lo.
Como eu disse, não sou amigo do senhor Fernando Barbosa. E nem sabia que ele estava viajando para fora do país. Ao programa Conexão 98, da Rádio 98 FM, Barbosa concedeu uma entrevista que me pareceu muito propositiva. Quem sou eu para dizer quem é culpado ou inocente?! Mas ele foi muito pontual em responder todos os tópicos do qual estava sendo acusado e até de dizer como provar o contrário. Insisto que não me pareceu a postura de alguém que tem culpa no cartório. É claro que, se ele for culpado, será julgado e condenado… e punido. Mas quem tem que dizer isso é a justiça, e não o STOPIR.
Então você está condenando o trabalho da Polícia, David?
De modo algum! Eu penso que a Polícia fez e faz um trabalho extraordinário em defesa da ética e em combate à corrupção. Mas não foi a Polícia quem condenou o secretário nas redes sociais. Embora seja verdade que a nota publicada pela Polícia dava a entender que se tratasse dele, de Fernando Barbosa, sequer citou o seu nome. Alguns colegas da imprensa é que colocaram o nome do ex-secretário na rua, expuseram a imagem da Polícia apreendendo documentos em sua casa, expuseram-no com base em imagens de arquivos. E aí as redes sociais fizeram o resto.
Volto a dizer: se ele for culpado, que pague pelos seus erros! Mas apenas SE ele for culpado. Por enquanto ele não foi condenado em nenhuma instância. E, mesmo não tendo sido condenado, muita gente tem apontado o dedo para o homem. Se, ao final da investigação, ele for considerado inocente, será que essas mesmas pessoas que hoje o acusam terão a hombridade de compartilhar conteúdo nas redes sociais que o mostrem sendo inocentado das acusações?
E, fechando, quero lembrar a todos uma entrevista concedida pelo advogado e professor de Direito Marcos Ganem há algum tempo, e que foi publicada aqui mesmo no minasreporter.com. Na ocasião ele já dizia: “compartilhar conteúdo ofensivo na internet é crime” (leia aqui). E, ele disse mais: “O crime para quem compartilha conteúdo calunioso, mesmo não tendo sido o autor da mensagem, varia de seis meses a dois anos de detenção”.
E, como eu sempre digo: “Quem viver, verá!