EDITORIAL: O período eleitoral já vai começar. As propostas, ainda não

EDITORIAL: O período eleitoral já vai começar. As propostas, ainda não

Teófilo Otoni é uma cidade que clama por uma transformação socioeconômica profunda. Será que alguém apresentará a solução para tal transformação? (foto: Guia do Turismo Brasil/Reprodução)

— Por David Ribeiro Jr. —

As eleições 2020 ocorrerão no domingo, 04 de outubro do ano que vem, o que quer dizer que estamos há duas semanas de começar o chamado “período eleitoral”, não apenas em Teófilo Otoni, mas em todos os municípios do Brasil.

Esta observação se faz especialmente importante quando levamos em consideração que, desde que as redes sociais se tornaram a maior fonte de informação para a nossa gente, o que mais temos visto são políticos que aparecem como verdadeiros estadistas nas redes, às vezes gritando, outras vezes apenas criticando, e algumas vezes metendo o sarrafo, metaforicamente falando, nos seus opositores.

Ocorre que esse tipo de atitude desta vez não vai eleger ninguém. Pode acontecer de essa estratégia funcionar em algum lugar? Pode, claro! Mas dificilmente dará certo em Teófilo Otoni.

E por que digo isso? Porque a nossa cidade viver um momento muito triste, que é a falta de crença nas nossas lideranças políticas. Digo que é um momento triste porque, quase sempre, quando isso corre as coisas apenas pioram. É histórico. Se você duvida, dê um Google e veja os muitos casos de outras cidades que enfrentaram essa mesma realidade de desilusão generalizada.

Talvez você que está me lendo agora pense assim: “peraí… se estamos vivendo este momento de descrédito da classe política, a culpa é exatamente desses caras, dos políticos…”

E, sim, de certa forma você tem razão. Parte da culpa é deles, sim. Quem sou eu para dizer o contrário. Mas, acredite, nem TODA a culpa é deles. Há outros fatores que contribuíram para isso. Um exemplo é a completa desmoralização que alguns segmentos sociais têm feito da classe política única e exclusivamente para assumirem o poder que hoje está nas mãos da atual classe política. Muitas vezes essa desmoralização é feita de forma injusta. Não que político seja santo… não estou dizendo isso. Só estou dizendo que quando se acredita que ninguém presta, tendemos a apostar exatamente em quem está fazendo a denúncia, por mais que quem está fazendo a denúncia só esteja interessado em ocupar o lugar do denunciado. Hoje temos visto de forma escancarada que a Operação Lava Jato, que até há alguns dias alguns canonizavam, agiu flagrantemente contra a lei em muitos dos seus processos e casos. Há quem diga que aquilo foi necessário para escancarar os desmandos do PT…

Bem… quem me lê há mais tempo sabe que tenho duras críticas ao PT e ao que nos acostumamos a chamar de esquerdismo. Acho que é uma fórmula insustentável. Mas isso não quer dizer que eu apoie procedimentos de exceção, nem mesmo ao PT. Afinal, se nós compactuarmos com procedimentos de exceção hoje, eles podem se tornar a norma amanhã. Hoje muita gente aplaude procedimentos de exceção contra os políticos de quem não gosta. Mas… e quando esses procedimentos forem contra aqueles com quem você se simpatiza? E pior: e se esses procedimentos se tornarem regra e amanhã forem usados contra você mesmo(a)?

Ah! Mas eu não faço nada de errado!

Que bom pra você! Mas entenda uma coisa: quando se vive num estado policialesco, num regime de exceção, não se precisa fazer nada de errado para ser punido(a). Basta ser contra o regime para já ser tachado de subversivo(a).

Mas voltemos a Teófilo Otoni. Estamos há um ano de eleger o nosso próximo prefeito, ou de reeleger o atual. Em 2015, um ano antes das últimas eleições, escrevi o seguinte artigo: Vai começar a maior guerra política da história de Teófilo Otoni. Bem… eu estava certo. Não houve uma eleição mais controversa do que a última em Teófilo Otoni. Nem mesmo aquela da urna que sumiu. E olha que cantei a pedra dois anos antes. Aquele texto foi publicado em 08 de janeiro de 2015.

Quem não se lembra do enorme volume de memes que foi produzido de todos os lados acusando os adversários de todo tipo de coisa ruim?!

Você acha que aquilo foi baixaria?! Então aguarde para ver o que 2020 nos trará. Acredite, será muito pior. Mas não digo isso achando graça. Ao contrário, me dói muito ter que fazer este tipo de alerta. E me dói mais ainda ver que em meio à artilharia de críticas que está sendo preparada para combater os adversários, não se vê ninguém elencando propostas reais para tornar a cidade um lugar melhor.

Muita gente propõe isso e aquilo. Mas não diz como fazer isso e aquilo. Para ficar ainda mais claro o que estou dizendo: Muita gente propôs ZPE, mas ninguém, ninguém mesmo, nem os bem-intencionados, sabia como fazê-la. E o resultado é que ela nunca existiu. Só trouxe prejuízo ao erário público. Do mesmo modo, a partir de agora veremos gente boa falando em polo disso, polo daquilo outro, centro disso, centro daquilo outro… além de um monte de palavrinhas bonitas, muitas delas americanizadas, para dizer que basta boa vontade para que a cidade melhore. Mas você e eu, que somos povo, já não aguentamos mais tanto bla-bla-blá. Já sabemos onde isso vai dá. Ou que não vai dar em nada.

E talvez esteja aí a ferramenta que mais fará diferença. Estamos vivendo um momento em que até a escolha por não fazer proposta alguma pode ser um importante diferencial. O problema dessa estratégia, e aí eu não posso me clara, é que já vimos no Estado como um candidato que não propõe nada, quando chega lá, também não faz nada. Não pense que na Prefeitura, onde os recursos são exíguos, será diferente. Quem nada propõe, também nada faz.

Infelizmente, minha gente, como eu disse no título deste artigo: O período eleitoral já vai começar. As propostas, ainda não. E talvez as propostas sequer comecem em algum momento.

Como eu gostaria de estar enganado!

E, como eu sempre digo, quem viver, verá!

Por David Ribeiro Jr.

David Ribeiro Jr. é editor-chefe do Portal minasreporter.com

E-mail: davidsanthar@hotmail.com



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