Moradora de Montes Claros disse que bichos estavam no quintal dela. Ela afirma que escorpiões começaram a surgir depois do período chuvoso.
Uma mulher encontrou 55 escorpiões na casa dela, no Bairro Eldorado, em Montes Claros (MG), na quarta-feira (24). Nesta quinta (25), ela achou mais quatro bichos.
“Eles começaram a aparecer depois do período das chuvas, no final de janeiro. Já achamos no rodapé, dentro de casa, e embaixo de tábuas no quintal”, fala Cláudia Gonçalves Ruas. A manicure mora no imóvel com o marido, o pai, dois filhos e dois sobrinhos.
“Meu filho de 16 anos levou uma picada quando ia do quarto para cozinha para tomar água, durante à noite. Já minha filha de 14 foi picada no dedo, o escorpião estava no tapete,” conta Cláudia.
Ela fala que depois que os aracnídeos começaram a aparecer, a rotina da família mudou. “Passamos a procurar pelos escorpiões, a observar todos os lugares para ver se não os encontramos, tenho muito medo, ainda mais porque minha casa é frequentada por crianças, que são mais vulneráveis ao veneno”, diz.
Cláudia afirma que outras pessoas que moram na mesma rua dela também estão encontrando escorpiões em casa. Eles imaginam que os bichos podem estar vindo de uma fábrica que fica nas proximidades.
Orientações
Segundo o Centro de Controle de Zoonoses de Montes Claros, alguns casos são registrados no Bairro Eldorado, mas a região não é uma área de infestação. Uma equipe do CCZ vai até o local para investigar o que está causando o aparecimento dos bichos.
A técnica em vigilância sanitária, Cristina Ferreira, explica que no município a espécie mais encontrada é o Tityus serrulatus, conhecido popularmente como escorpião-amarelo, que também é um dos mais venenosos.
“Os escorpiões têm hábitos noturnos e gostam de ambientes úmidos e escuros. Geralmente, saem à noite para procurar alimentos e vem principalmente pela rede de esgoto. Eles são muito resistentes, por isso é importante dizer que não há inseticidas que são eficazes no combate. Quando encontram o ambiente propício e alimento, se reproduzem, lembrando que como a reprodução ocorre por partenogênese, os óvulos se desenvolvem originando um novo indivíduo sem a necessidade de fecundação”, esclarece.
Cristina Ferreira destaca que o CCZ ensina como fazer o manejo do ambiente. De acordo com ela, o morador precisa ter atenção aos objetos que armazena em casa, já que muitos deles podem ser de abrigo para os aracnídeos, como por exemplo, pedaços de madeira e materiais de construção. Por isso, a técnica de vigilância sanitária diz que o ambiente precisa estar limpo e deve ser vistoriado com frequência. Outra orientação diz respeito aos ralos, que devem permanecer fechados; tanques e pias também devem ter as saídas de água tampadas.
Atendimentos
No Norte de Minas, o Hospital Universitário é referência no atendimento a pacientes vítimas de animais peçonhentos; a maioria está relacionada aos escorpiões. Segundo a assessoria de comunicação da unidade de saúde, em 2014 foram registrados 1.284 casos de picadas do aracnídeo, em 2015 foram 1.003.
O médico Matheus Santiago, que trabalha no HU, esclarece que as vítimas de picadas de escorpião são classificadas conforme os sintomas que apresentam, e a partir disso o tratamento é prescrito.
“No caso de quadros leves, que são os mais comuns, o veneno fica na pele e os pacientes apresentam dor localizada ou nas regiões próximas. Se a substância for inoculada no dedo, pode gerar dores na mão e até no braço, por exemplo. Como pode haver um agravamento, o paciente permanece em observação”, fala.
Já nos casos moderados, Matheus Santiago explica que o veneno circula na corrente sanguínea e é feito o uso de anestesia e de soro antiescorpiônico. Os sintomas são dores de cabeça e no abdôme, náuseas e vômito. Nos quadros graves, os pacientes podem ter falta de ar, queda da pressão e cianose, e também há administração do soro. Ambas as situações são mais comuns em crianças e idosos. Casos de morte são raros, de acordo com o médico.
Santiago destaca ainda que é preciso procurar imediatamente uma unidade de saúde em incidentes envolvendo escorpiões, já que os casos podem evoluir e as notificações servem para que os órgãos de vigilância localizem os focos e façam o monitoramento deles.
Fonte: G1 Grande Minas