O presidente da Bolívia, Evo Morales, advertiu que no Brasil há uma tentativa de golpe parlamentar contra a presidente Dilma Rousseff, que enfrenta um pedido de impeachment, em uma entrevista ao jornal argentino Página12.
“É um golpe parlamentar em amadurecimento, já aconteceu um golpe no Congresso do Paraguai e agora está acontecendo no Brasil”, disse Morales ao recordar a destituição por julgamento político do ex-presidente paraguaio Fernando Lugo em 2012, então substituído por seu vice, Federico Franco.
Onze meses depois da reeleição, Dilma Rousseff enfrenta a recessão e escândalos de corrupção que provocaram a prisão de políticos, banqueiros e empresários.
Morales compareceu na quinta-feira em Buenos Aires à cerimônia de posse do presidente argentino Mauricio Macri, um liberal que substitui Cristina Kirchner, com quem o governo boliviano tinha grande afinidade política.
“Na Unsaul temos uma cláusula em temas democráticos, por isto respeitamos o presidente que vence e trabalhamos em conjunto, podem existir divergências ideológicas ou programáticas, mas cada país tem sua particularidade”, disse.
Morales afirmou ainda que ao lado de seu colega da Venezuela, Nicolás Maduro, são os únicos líderes anti-imperialistas que restam na região.
Ao falar sobre as eleições parlamentares na Venezuela, onde a oposição venceu e acabou com 16 anos de hegemonia do chavismo, Morales destacou que “houve 40% de voto duro anti-imperialista na Venezuela, apesar das filas, da falta de alimentos, da inflação”.
“Mas não estamos assustados, olhe o exemplo de Cuba que passou décadas sozinha na América Latina. Se ao império não dão resultado estas guerras econômicas, usa a política de ameaças, mas por sorte não há mais golpes de Estado, há uma confrontação ideológica”, disse.
Fonte: Estado de Minas