Chega a 25 o número de mortes em decorrência de febre amarela em Minas Gerais em 2018. Ao todo, neste ano, foram 47 diagnósticos da doença no estado, sendo que 22 pacientes continuam internados ou tiveram alta. A Região Metropolitana de Belo Horizonte, com 12 óbitos, e a Zona da Mata, com seis, concentram a maioria dos casos confirmados, apontam dados do boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) divulgado na tarde de ontem. São mais 10 mortes confirmadas em relação ao boletim anterior. E os números podem ser ainda mais elevados. De acordo com o documento da SES, 99 casos notificados ainda estão em investigação, sendo que 12 pacientes desse grupo já faleceram. Casos que ainda não constam do boletim também podem engrossar as estatísticas, entre eles a morte de um belo-horizontino no Hospital das Clínicas na segunda-feira, com suspeita da doença, ainda não computada no boletim nem mesmo entre as notificações em investigação.
Entre os confirmados, foram 12 mortes na Regional de Saúde de Belo Horizonte: seis em Nova Lima, duas em Belo Horizonte (as vítimas não contraíram a doença na capital mineira), uma em Brumadinho, uma em Rio Acima, uma em Mateus Leme e uma em Caeté. Na Zona da Mata foram registrados seis óbitos: em Goianá, na Regional de Juiz de Fora, Mar de Espanha, Barra Longa, Porto Firme e Viçosa. Os outros registros de mortes no estado foram em Mariana, onde quatro pessoas faleceram em decorrência da febre amarela, Carmo da Mata, Barão de Cocais e Santa Bárbara, que tiveram uma confirmação em cada município, além de um óbito ocorrido em Poço Fundo, no Sul de Minas. O último diagnóstico, de acordo com a SES, “foi importado do estado de São Paulo”. Dos 47 casos confirmados, 44 são do sexo masculino. Até o momento, não há relatos de que as vítimas, que tinham entre 15 e 88 anos, tenham sido vacinadas. A letalidade por febre amarela em Minas Gerais no período é de aproximadamente 53,2%, segundo a SES.
Ainda conforme o boletim de ontem, macacos foram encontrados mortos em 176 cidades mineiras. Houve confirmação de que animais estavam contaminados pela febre amarela em 32 municípios. A Secretaria de Estado de Saúde ainda investiga mortes de primatas em outros 43 municípios.
RECURSOS
Ontem, o governo de Minas decretou estado de emergência nas regionais de Belo Horizonte, Itabira e Ponte Nova. Municípios com casos confirmados de febre amarela vão receber recursos para o custeio de ações de controle e contingenciamento da doença. A informação é da SES-MG, que também anunciou a ampliação do número de leitos para atender pessoas com a enfermidade. O incentivo financeiro foi instituído por meio da Resolução nº 6092, publicada ontem no Minas Gerais, em caráter emergencial. O dinheiro também vai contemplar cidade com epizootias, enfermidade contagiosa que ataca número elevado de macacos. O montante de investimento será de R$ 2,49 milhões a serem repartidos entre os locais afetados, para fomentar estratégias de intensificação vacinal, vigilância de epizootias e coleta de material biológico para apoio ao diagnóstico da febre, em conformidade com as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) e da SES. Os recursos vão ser repassados em parcela única, via Fundo Estadual de Saúde.
PROTEÇÃO EXTRA
Em Belo Horizonte, onde já foram registradas oficialmente duas mortes por febre amarela, a PBH instalou telas impregnadas com inseticidas em residências de gestantes em áreas com possível circulação do vírus, em todas as UPAs da capital e nos hospitais Eduardo de Menezes e João Paulo II, ambos da rede Fhemig — referências para receber pacientes do interior com suspeita de febre amarela. Já foram instaladas telas em cerca de 1.300 locais. Os centros de saúde também estão recebendo esse tipo de proteção. A tela oferece dupla proteção, por representar obstáculo de barreira física e química contra mosquitos, entre eles o Aedes aegypti. Embora até o momento todos os casos de febre amarela sejam do tipo silvestre — transmitido pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes —, a proteção contra o Aedes é importante para evitar que a enfermidade adquira sua forma urbana, já que esse mosquito é um potencial transmissor da enfermidade.
A auxiliar administrativa Cyndi Rayane Gonçalves Araújo, grávida de 18 semanas, conta que em dezembro a tela foi instalada em sua casa. “Fui ao posto para marcar o pré-natal e me informaram sobre a instalação da tela de proteção na casa de gestantes. É uma ação muito boa, ajuda quem não tem condições e previne a transmissão de doenças”, comenta. Ela conta que se sente mais segura com a medida, já que ainda não tomou a vacina contra a febre amarela. “Antes tinha muito mosquito aqui em casa e após a instalação da tela reduziu bastante. Ainda não consegui tomar a vacina e pelo menos dentro de casa posso me sentir um pouco mais segura”, disse. O Aedes é transmissor também da dengue, zika e chikungunya.
A Prefeitura de Belo Horizonte informou que vem adotando medidas de prevenção contra a febre amarela desde o início de 2017, quando ocorreu o maior surto da doença em Minas nos últimos anos. As ações para proteger a população foram mantidas durante todo o ano passado e reforçadas neste, diante da circulação comprovada do vírus da febre amarela na região metropolitana e de casos confirmados da doença em pessoas residentes no município, com transmissão ocorrida fora da capital.
Na segunda-feira, a PBH anunciou o fechamento à visitação dos parques Roberto Burle Marx, mais conhecido como Parque das Águas, e Aggeo Pio Sobrinho, como prevenção, uma vez que a mata desses espaços está conectada à vegetação dos parques da Serra do Curral e das Mangabeiras, integrando um mesmo corredor ecológico. Em 2017, a Prefeitura fechou o Parque das Mangabeiras, o Mirante, o Parque Serra do Curral e o Parque Jacques Cousteau. Essa medida também foi tomada após macacos mortos serem encontrados nesses locais. Na campanha de sábado, BH vacinou mais de 30 mil pessoas.
CRIANÇA INTERNADA
Uma criança de 3 anos, de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, está internada com suspeita de ter contraído a febre amarela. Caso o diagnóstico se confirme, será o primeiro caso da doença na faixa até 9 anos de idade neste ano. De acordo com a prefeitura da cidade, a criança é moradora do Vale do Sereno, uma área cercada de matas e não foi vacinada. No município, já foram confirmados oito casos da doença. Seis pacientes morreram. Além da criança, há outros quatro casos suspeitos.
(Fonte: Estado de Minas)