A brincadeira pode ser importante aliada para promover o neurodesenvolvimento e a aprendizagem das crianças com alguma deficiência. E é justamente esta perspectiva que orienta o trabalho dos Serviços Especializados em Reabilitação da Deficiência Intelectual (Serdi) e os Centros Especializados em Reabilitação (CER), credenciados junto ao Sistema Único de Saúde (SUS-MG). Eles atuam na oferta de terapias de reabilitação e estimulação para crianças, jovens e adultos, por meio dos brinquedos lúdicos e pedagógicos doados pelo Estado.
O pequeno Luiz Fernando, de nove meses, por exemplo, é um dos beneficiados pela terapia de estimulação e reabilitação visual. Diagnosticado precocemente com catarata congênita, o bebê é levado pela mãe, mensalmente, ao Centro Especializado em Reabilitação de Além Paraíba (CERII), no Território Mata. Lá, a criança é estimulada com brinquedos para aprender a andar e enxergar.
“Ele adora o espaço da brinquedoteca, especialmente a piscina de bolinhas. Houve bastante evolução porque a cada sessão ele brinca com um tipo de brinquedo diferente”, conta a mãe do bebê, Vanessa Bechelaini, 29.
Para o diretor de saúde do CERII de Além Paraíba, Carlos Eduardo Gomes Senra, os brinquedos são essenciais para a reabilitação das pessoas com deficiência. “Eles são muito bem utilizados. Os destaques são para os brinquedos musicais e de estimulações locomotoras”, exemplifica. Segundo Senra, o CERII de Além Paraíba recebe, por mês, cerca de 300 pacientes, entre crianças, jovens e adultos.
(Re)descobrindo os sentidos
Foi também na brincadeira que o pequeno Miguel Eduardo Magalhães Rosa, de um ano, encontrou a oportunidade de dar os primeiros passos O tratamento dele acontece no Serviço Especializado em Reabilitação da Deficiência Intelectual (Serdi) de Araxá, no Território Triângulo Sul.
“Ele estava com dificuldades para aprender a andar. Agora, com a estimulação feita com os brinquedos de madeira e auxilio de andadores, Miguel começou a dar os primeiros passos”, comemora a mãe, Franciele Cristina Magalhães, 29.
Ainda em Araxá, os jogos quebra-cabeças tiveram papel fundamental para que Bruna Vitória Pereira, de 10 anos, com leve deficiência intelectual, conseguisse avanços importantes. “Minha filha chorava muito, porque tinha dificuldades de se expressar. Os jogos e os livros educativos a ajudaram na melhoria da fala” relata a mãe, Edvânia Martins Pereira, 45.
Reforço na assistência
Em Minas Gerais, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), destina brinquedos lúdicos e pedagógicos para melhorar a capacidade assistencial das instituições. A ação faz parte do Programa de Intervenção Precoce Avançada (Pipa), como parte da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência no estado.
“Por meio da brincadeira trabalhamos o lado cognitivo, que envolve todo o aprendizado do mundo e também as questões afetivas”, explica a especialista em Políticas Públicas e Gestão da Saúde da SES-MG, Cristina Gusmán Siácara.
Segundo Cristina, no ano passado, o governo estadual concluiu a entrega dos brinquedos lúdicos e pedagógicos, destinados à reabilitação da deficiência intelectual e autismo da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência do SUS/MG. Os brinquedos foram entregues a 137 instituições mineiras, dentre a Associação de Pais e Amigos de Excepcionais de Belo Horizonte (Apae). “Todas participam do programa estadual Programa de Intervenção Precoce Avançado (Pipa)”, completa a especialista.
Ao todo, foram investidos R$ 990 mil na aquisição de 108 itens, sendo que cada instituição recebeu cerca de R$ 7 mil em produtos, tais como jogos da memória, quebra-cabeças, fantoches de mão e massinhas andadores. Em Minas, existem 142 serviços de reabilitação da deficiência intelectual e autismo na Rede de Cuidados à Saúde da Pessoa com Deficiência.
(Agência Minas)