Francisco Costa Jr., novo presidente do Sicoob Credivale: “Substituir Antônio Galvão é uma responsabilidade muito grande”

Francisco Costa Jr., novo presidente do Sicoob Credivale: “Substituir Antônio Galvão é uma responsabilidade muito grande”

FRANCISCO COSTA JR., novo presidente do Conselho de Administração do Sicoob Credivale

— Da REDAÇÃO
TEÓFILO OTONI

O novo presidente do Conselho de Administração do Sicoob Credivale, FRANCISCO COSTA JÚNIOR, recebeu ao editor-chefe do minasreporter.com, David Ribeiro Jr., ocasião em que bateu um papo muito agradável sobre todo o processo que culminou com a sua eleição para a Presidência. De forma muito categórica e prática, o nosso entrevistado comentou sobre os seus projetos à frente do novo cargo e disse que pretende apresentar a cooperativa para o público mais jovem. Francisco também comentou sobre a responsabilidade de substituir o ex-presidente Antônio Galvão, que ficou por mais de trinta e dois anos à frente da presidência, e que foi o seu principal apoiador para concorrer à nova função. Confira:

 

MINAS REPÓRTERComo você acordou no dia seguinte após a homologação do seu nome como novo presidente do Conselho de Administração do Sicoob Credivale?

MINAS REPÓRTERComo é a nova experiência na função de presidente do Conselho de Administração? O que muda no seu dia a dia e no dia a dia do Sicoob Credivale?

FRANCISCO COSTA JR: Antes de tudo, é um prazer conversar com o MINAS REPÓRTER. A principal mudança é que agora o trabalho é mais estratégico. Enquanto eu era diretor, o trabalho era mais executivo. Fazia parte da minha rotina receber da alta administração, que é o caso do Conselho de Administração, diretrizes para executar. Agora cabe a mim gerir o Conselho que traça as diretrizes para que a diretoria execute. Muda bastante a rotina. Na verdade, já estamos trabalhando nisso pensando de que forma conduziremos esse processo juntamente com o novo Conselho. É importante esclarecer que montamos um conselho bastante técnico formado em sua grande maioria por empresários e também por produtores rurais. A nossa ideia é exatamente focar nas diretrizes para a nova diretoria desenvolver. Estamos focados nisso.

MINAS REPÓRTERHá quantos anos você está na Sicoob Credivale? E como foi a sua ascensão até chegar na presidência do Conselho de Administração?

FRANCISCO COSTA JR: Comecei na Cooperativa em janeiro de 2001. São quase 20 anos. Comecei como caixa em Ataleia e 3 meses depois me tornei gerente daquela agência. Pra mim, aquilo já foi um marco. Nunca imaginei que seria presidente. Aliás, naquela época eu queria muito conhecer ao presidente. Tinha um desejo enorme de conhecê-lo e apertar a sua mão. Não passava pela minha cabeça ser o presidente. Logo em seguido, quando me tornei gerente em Ataleia 3 meses depois, comecei um trabalho naquela cidade e acabei me apaixonando muito pelo cooperativismo de crédito. Estudei e, quanto mais eu estudava, mais me aprofundava e gostava, e, de certa forma, o meu trabalho acabou sendo reconhecido na matriz, em Teófilo Otoni, pelos chefes de setores, e o meu nome foi indicado para assumir a gerência geral da Cooperativa. Nessa época havíamos incorporado outras agências e se pretendia muito implantar uma gerência geral. Quando comecei, tínhamos apenas três agências: Teófilo Otoni, Novo Oriente e Ataleia. Meu nome foi sugerido e vim para cá cerca de 12, 14 anos atrás para assumir a Gerência Geral. Logo depois de um tempo, com a mudança da nova governança, assumi a Superintendência Administrativa e Financeira da Cooperativa. Há dois anos assumi a Diretoria Administrativa. Minha história na Cooperativa veio lá da base.

MINAS REPÓRTERVocê começou a trabalhar na cooperativa como caixa e chegou ao posto máximo, de presidente do Conselho de Administração. Acredita que a sua história poderá inspirar outros funcionários e colaboradores?

MINAS REPÓRTERO que muda em nível de estrutura administrativa com a nova formação do Conselho? Como você deve deixar o seu cargo na diretoria, como ficará a nova composição administrativa da Cooperativa?

FRANCISCO COSTA JR: Essa foi uma preocupação a que demos uma atenção muito especial. A nova diretoria teria que se encaixar nesse conselho e em todas as nossas propostas de inovação. Teria quer ser um trabalho paralelo que se encaixava. Era preciso montar uma diretoria técnica da mesma forma que montamos um conselho técnico voltado tanto para a área rural quanto para a área empresarial, além do público mais jovem, como já comentamos. Pensamos em uma diretoria assim e discutimos com o Conselho onde encontraríamos pessoas com esse tipo de experiência e estando disponível no mercado. Buscamos em Carlos Chagas um diretor de Negócios; ele tem cerca de quase 15 anos na Cooperativa, tendo começado como gerente geral e depois assumiu a diretoria. Tem uma grande experiência, é formado em Administração de Empresas, pós-graduado e com a certificação exigida pelo Banco Central. Precisávamos, também, de uma pessoa para me substituir na Diretoria Administrativa. Pensamos em pessoas com o mesmo foco e com ideias parecidas no sentido de fazer algo diferente, claro que pensando sempre nas pessoas, nos cooperados.  É um ponto que vou sempre priorizar, pois acredito muito na valorização das pessoas. Busquei uma pessoa que trabalhou na Central Crediminas por dez anos nas áreas de planejamento, administrativa… foi diretor por dois anos de uma cooperativa, tem formação em Ciências Contábeis, pós-graduação em Controladoria e Auditoria, mestre em Administração, e também tem certificação pelo Banco Central. Este será o nosso novo diretor administrativo. Mas ainda faltava uma pessoa. Estamos escalando como se fosse um time escolar. A pessoa certa tem de ser indicada para o lugar certo. E para essa terceira pessoa, para essa terceira diretoria, pensamos em alguém da própria Cooperativa. Trouxemos alguém da região que veio de Carlos Chagas; outro de Belo Horizonte. Pensamos em um gerente que tem certa experiência, é formado em Direito, e que poderia assumir a Diretoria de Controle de Riscos, pois já está na Cooperativa há cerca de 19 anos. Começou na base como escriturário, tem uma boa experiência no nosso sistema e é de Almenara. Essa integração de Almenara é muito oportuna; embora tenha havido a incorporação de Almenara, sempre existiu uma separação aqui, mesmo que imaginária. Agora estamos promovendo uma maior integração com Almenara. Isso é uma demonstração de nossa parte de que não existe separação entre as regiões. Todas as cooperativas pertencem ao Sicoob Credivale. Essa integração irá contribuir para isso também. Agora a nossa ideia é formar novos diretores dentro da Cooperativa em um projeto de sucessão de diretores; não que vamos mudar os diretores, mas podemos formar diretores que possam assumir cooperativas em outras cidades. Esse é o foco e temos que preparar essas pessoas para isso. É uma das coisas que vamos fazer logo no início.

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MINAS REPÓRTERQuando foi fundada, a então Credivale era mais voltada ao agronegócio. Depois se tornou uma cooperativa de livre admissão. O público já consegue perceber que hoje o Sicoob Credivale é de todos e para todos?

FRANCISCO COSTA JR: Não. Creio que essa ainda é uma falha no sistema. Isso foi criado no subconsciente dos nossos cooperados, e não é fácil tirar a percepção antiga. Tínhamos, no início, toda uma comunicação voltada para o “Banco do Produtor Rural”. Na verdade, nunca quisemos ser chamados de banco; mas, no começo das operações, esse slogan foi trabalhado para criar maior identidade com o produtor rural. Essa imagem ainda existe, apesar de há mais de dez anos sermos uma cooperativa de livre admissão; é um processo que espero desenvolver para deixar claro para o grande público, e em especial para o nosso associado-cooperado, que a Cooperativa hoje já pode ser vista de forma diferente, mais ampla e mais completa. É claro que ainda temos em nossa essência o cuidado e a parceria com o produtor rural como uma prioridade. Ainda queremos atender ao produtor rural dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri com o mesmo cuidado de sempre, mas, aliado a isso, hoje estamos prontos para atender também ao empresário, ao microempreendedor e ao cidadão comum, a pessoa física, com a mesma atenção e com os mesmos diferenciais. São abordagens distintas que a cooperativa pretende atender. Queremos desmistificar a ideia de atuação única da cooperativa e conscientizar a todos de que hoje, ou melhor: de que há mais de dez anos, estamos na categoria de livre admissão e, portanto, estamos aptos a atender a qualquer segmento. É nossa intenção iniciar uma grande campanha de visitas, um forte trabalho de marketing junto às comunidades em que estamos inseridos nas vinte e duas cidades para mostrar a todas as pessoas como funciona e como é viável estar cooperado.

MINAS REPÓRTER — Quais são os projetos do novo Conselho para inovar o Sicoob Credivale?

MINAS REPÓRTERCom essa pandemia, os gurus da internet conseguiram dar um boom na aceleração da percepção do empreendedorismo no Brasil. Para isso, o público necessita justamente de crédito e do apoio de uma instituição financeira. A Credivale tem a intenção de abraçar esse público que começou a empreender dentro de casa e pela internet?

FRANCISCO COSTA JR: Sim. Creio que essas novas startup’s e o que tem surgido na internet é um público que queremos atender… não só esse, mas diversos outros segmentos também. A Cooperativa precisa rejuvenescer; o nosso público é mais velho e, por mais que tenhamos um enorme respeito por nossos cooperados mais tradicionais, precisamos apoiar novos público que vêm surgindo. Isso começa desde à base com as crianças nas escolas fazendo-as entender o que é o cooperativismo, e passa, evidentemente, por esse público da internet. Queremos muito colocar pessoas na Cooperativa para atender a esse público, jovens que têm essas características para fomentar isso e trazer aos seus iguais para a Cooperativa. Essas pessoas têm de entender que a Credivale atende a todos os segmentos; portanto, tem espaço para todo mundo. Temos um desejo e uma ideia de criar, também, a cooperativa mirim; é uma das coisas que vou cobrar muito da nova diretoria e estarei contribuindo nessa questão porque, querendo ou não, estaremos juntos pelo fato de eu estar vindo da diretoria; eu sempre estarei presente com eles, claro que respeitando a governança corporativa, mas discutindo algumas ações, especialmente a cooperativa mirim. Com isso, criaremos no público jovem a percepção do funcionamento de uma Cooperativa, pois muitos não sabem. Essa é a importância de se trabalhar para criar uma nova cultura nesse público.

MINAS REPÓRTERQuais serão seus maiores desafios tendo em vista a atipicidade que foi o ano de 2020 por causa da pandemia mundial provocada pelo coronavírus?

FRANCISCO COSTA JR: Os maiores desafios serão principalmente em cima dessa pandemia que acredito que esteja trazendo duas situações: fazer reuniões por vídeo, e isso exige uma mudança de cenários e culturas, mas acaba atrapalhando em outros aspectos. Não vamos entrar nas questões de tristezas com perdas de pessoas, isso infelizmente é o maior problema, logicamente. Mas se tratando de empresa, não deixa de existir um certo distanciamento, e queremos promover proximidade. O sistema cooperativo é diferente do sistema bancário. No sistema cooperativo a gente quer proximidade com o associado; gostamos que ele esteja presente nas agências para tomar um cafezinho com a gente. Trabalhamos muito com relacionamento e esse é um foco que a gente não quer perder. O nosso principal diferencial é o nosso relacionamento, mas vêm os desafios que precisamos superar. Em 2016 trabalhávamos com uma taxa básica de juros de 14,5%. Quatro anos depois nós estamos trabalhando com uma taxa de 2%. É lógico que isso reflete muito no resultado da cooperativa quando se tem um recurso centralizado para gerar receita. Temos o desafio de colocar as pessoas a trabalharem mais, para desenvolverem mais, aumentar a escala, pois estaremos trabalhando com taxas muito mais competitivas. São taxas mais competitivas para ganharmos em escala, ou seja: oferecer taxas menores para nosso associado entender que aqui ele vai encontrar, além de todos os produtos e serviços, condições melhores para fomentar o negócio dele e contribuir para esse processo desenvolvimentista. Do nosso lado, para oferecermos taxas menores, teremos que aumentar o número de associados. Trabalhar em cima disso, de aumentar e crescer a nossa base, é o ponto principal. Não vejo como complicado, pois a partir do momento que começarmos a mostrar a nova cara da cooperativa, mostrar o que o nosso sistema cooperativo tem a oferecer, acredito que vamos conseguir, sim, um aumento significativo de pessoas se envolvendo e optando pela pela Credivale. Essas pessoas farão parte desse projeto porque vão saber o que é uma cooperativa de crédito, que, convenhamos, é muito melhor que um banco.

MINAS REPÓRTERComo é substituir uma figura como Antônio Galvão, que dentro da instituição se tornou quase que uma figura icônica?

FRANCISCO COSTA JR: É uma grande responsabilidade substituir Antônio Galvão. Quando ele comentou comigo há algum tempo que pretendia me indicar para sucedê-lo, eu não imaginava quando, mas nem pensei nisso. Eu apenas focava no meu trabalho enquanto diretor, pois da responsabilidade do meu cargo. Antônio Galvão, pela história que tem no cooperativismo, é uma pessoa fantástica que com quem eu aprendi muito, e a quem respeito muito. Lembro-me do dia que ele comentou comigo que algumas pessoas até comentaram da questão política e pediram para eu não me envolver. Mas eu disse que sairia pelas portas da frente ao lado de Antônio Galvão, mas que jamais eu o abandonaria; não o deixaria em hipótese alguma. Antônio Galvão via a Cooperativa como dele; muitos até achavam isso errado, mas eu penso que não. Quando você vê a empresa que administra como sua, trabalha com uma precaução a mais e com responsabilidade a mais. Como via a Cooperativa como dele nesse sentido, e não no sentido pejorativo; e por isso eu o admirava. Ele cuidava com todo carinho da instituição. Assim, substituir Antônio Galvão é uma responsabilidade muito grande. Todos os dias essa responsabilidade se torna maior.

MINAS REPÓRTER — Presidente, por favor!, fique à vontade para as suas considerações finais…

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