Em entrevista, Marco DeMello, CEO da startup brasileira PSafe, contou que o Brasil está entre os países que mais sofrem ciberataques
Por Lucas Ribeiro
Poucos brasileiros sabem, mas nosso país ocupa a terceira posição mundial em ataques de hackers a celulares e dispositivos móveis. Dados bancários são roubados e links de sites falsos se propagam em redes sociais. Para evitar essas ameaças, a startup PSafe desenvolveu, em 2011, o aplicativo PSafe Total Android, um ANTIVÍRUS para smartphones e tablets com sistema operacional Android. Fundado pelo brasileiro Marco DeMello, ele é o quinto app gratuito mais baixado no Brasil em 2014 e permanece no Top 5 do ranking da Google Play, loja do Android, com mais de 40 milhões de instalações e 20 milhões de usuários mensais. Todos os dias, o aplicativo barra 400 000 sites impróprios (como os usados por hackers para invadir snartphones alheios) nos dispositivos de seus clientes.
Na última semana, a PSafe recebeu aporte de US$ 30 milhões dos fundos de INVESTIMENTO da Redpoint eventures, empresa americana que se tornou uma das maiores referência da área digital, e da corporação de segurança Qihoo 360, da China. Com isso, alcançou valor de mercado superior a R$ 1 bilhão. Em entrevista ao site VEJA, DeMello, atual CEO da empresa, explicou por que é preciso se importar com a segurança da internet móvel (e não só com os desktops).
Qual é o tamanho da ameaça digital em aparelhos móveis, como smartphones? É imenso. Se o usuário não está protegido, fatalmente está contaminado. Isso é um fato. Os vírus está em diferentes canais da internet, como conversas em aplicativos, vídeos, imagens, redes wifi sem proteção. Quanto mais dispositivos eletrônicos são adotados, maior é a quantidade de ataques. Por isso, nos últimos anos as ameaças em sistemas móveis cresceram em velocidade assustadora. O Brasil é hoje o terceiro país que mais sofre com esses crimes. Somos também a segunda nação mais contaminada com URLs maliciosas (sites falsos, mas que possuem a mesma interface que o endereço eletrônico que o usuário desejaria acessar).
Que tipo de informações são roubadas? Esses ciberataques são, na maioria das vezes, focados em informações financeiras. Todos os dias, a PSafe bloqueia mais de 400 000 sites nos celulares dos usuários. Eliminamos cerca de 90 000 vírus, diariamente, em aparelhos com o sistema operacional Android. São números realmente altos.
Por que tão altos? Infelizmente, muita gente ainda pensa que vírus existe apenas em PC. Falta informação. No Brasil e na América Latina, existem muitos usuários inexperientes, ou seja, aqueles que iniciaram a vida na internet recentemente, por meio de um smartphone. Eles estão mais vulneráveis, pois pularam a fase do PC.
Por que segurança na internet é importante? A internet segura é um bem público, similar à água potável e à energia. Sem segurança, nada funciona. Se pegarmos a época da Idade Média como exemplo, as únicas cidades que sobreviveram tinham muros altos e soldados armados. Na internet, é a mesma coisa. Se você não tiver segurança, não fará corretamente suas tarefas online, seja conversar com amigos, compras ou transferências bancárias. Temos que eliminar o medo e proporcionar a segurança. Todo mundo quer se sentir seguro.
Essa rodada de INVESTIMENTO será usada para levar o aplicativo para outros países. Por que escolher o México para instalar o primeiro escritório fora do Brasil? Por ser o segundo maior país da América Latina em usuários do sistema Android – só perde para o Brasil. Depois, o objetivo é expandir para outros países da América Latina. E, eventualmente, Portugal e Espanha. O foco é atingir nações em que o idioma é português ou espanhol.
Por que o aplicativo PSafe é só para Android? Muitos acham que celulares com sistema iOS, os iPhones, estão livres de vírus. É mito. Eles são os mais vulneráveis. No entanto, infelizmente, não podemos produzir produtos de segurança para o sistema iOS. Isso é exclusividade da Apple.
Quais são os projetos futuros da PSafe? O principal chama SafeWifi. É uma rede de wifi gratuita e segura para locais públicos, como bares e veículos. Atualmente, a iniciativa está disponível em mais de 500 bares e restaurantes de São Paulo e em fase piloto em 250 táxis na capital paulista. A expectativa é ampliar o projeto para o Rio de Janeiro ainda neste ano e para outras capitais brasileiras em 2.