Por Jomar Britto
O Banco Central divulgou no dia 29 de Janeiro que a tarifa de energia elétrica vai sofrer um reajuste de 27,6% neste ano, resultado dos repasses às tarifas do custo de operação de financiamento contratadas em 2014, da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que somaram 17,8 bilhões de reais.
Esses financiamentos ocorreram porque houve um aumento no custo de geração de energia, uma vez que foi necessário utilizar mais as termelétricas para atender a demanda. Hoje, essas usinas representam 22% da matriz energética do país. Em 2010 eram apenas 6%.
Talvez porque, com a redução em 2013 de 18% na tarifa de energia, anunciada pela Presidente Dilma, o consumidor percebeu um sinal verde para o consumo desordenado, comprando mais e desperdiçando muita energia, peculiaridade de algumas pessoas.
A situação é mesmo desanimadora, pois os reservatórios das principais capitais brasileiras atingiram o estado crítico.
A falta de chuvas e o nível baixo dos reservatórios das hidrelétricas prejudicam o sistema de energia do país e a situação pode piorar em Fevereiro.
Isso porque Minas Gerais teve em janeiro o mês mais seco desde 1910. Os reservatórios começaram o ano com 17,9% do volume de água, enquanto em janeiro de 2014 estavam em 40,2%.
Esses fatores, associados ao calor intenso, que fez o consumo de energia ir às alturas, deixou metade do Brasil sem luz com o apagão que afetou 11 estados, e por incrível que pareça, um dia depois, o Brasil comprou energia logo dos “hermanos” argentinos.
Mas o senhor ministro de Minas e Energia, o “iluminado” Eduardo Braga, admitiu pela primeira vez que poderá ocorrer racionamento de energia e anunciou que o limite mínimo ou prudencial é de 10% nos reservatórios, mas ainda acredita que Deus, “como bom brasileiro que é”, mandará chuva. Mesmo assim, em Minas, Furnas já está com 10,9%, Nova Ponte com 10,7% e Três Marias com 10,2%.
Sem contar que no Sudeste e Centro Oeste, regiões que produzem 70% da eletricidade consumida no Brasil, o nível das represas é 38% menor do que em 2001, quando o Brasil sofreu o maldito apagão.
Os reservatórios do Sudeste estão com 17,2% e do Centro Oeste com 17,07%. Em alguns casos como do rio Paraibuna, no Rio de Janeiro, as águas já estão no volume morto e já não há mais geração de energia.
A situação é crítica e o período chuvoso vai chegar ao fim sem recuperar os reservatórios e a partir daí teremos uma crise real no fornecimento de energia elétrica.
Falta tanta água que em 2010 a matriz energética contava com 93% de fontes hidráulicas, e hoje apenas 22%.
Chegamos ao limite. Devemos economizar água e energia em prol de todos – e a população precisa ser convencida a fazer o uso consciente dos recursos naturais.
Muito dessa agonia poderia ter sido evitada se as obras para ampliar a geração e distribuição de eletricidade não estivessem tão atrasadas e os investimentos em infraestrutura tivessem acompanhado o aumento da demanda sugerida à população pela presidente Dilma.
Mais da metade das linhas de transmissão estão atrasadas e o problema se repete em 35% das obras de geração de energia.
Parques eólicos e hidrelétricas não conseguirão gerar energia, pois as linhas de transmissão não estão prontas.
A usina de Belo Monte no Pará, a segunda maior do país, que deveria ter ficado pronta no final de 2013 e produzir 233MW, está atrasada pelos mais variados motivos. Em Giral (Rondônia), das 38 turbinas apenas 22 estão ligadas; em Santo Antonio, 18 turbinas atrasadas.
O Linhão de Transmissão de Tucuruí, na Amazônia, que acabaria com o isolamento deste estado, está previsto para ser concluído no fim de fevereiro deste ano. O mesmo problema ocorre no Mato Grosso, que trará a energia de Belo Monte e do Complexo de Teles Pires, para atender 5 milhões de pessoas e ficando pronta, sem o Linhão, não vai adiantar.
No Rio de Janeiro a usina Nuclear de Angra 3 está atrasada há 4 anos com previsão de conclusão no final de 2018. A metade da obra está pronta e quando terminar poderá atender o consumo de cidades do tamanho de Brasília e Belo Horizonte.
O pseudoplanejamento do governo para se evitar a crise da água e, consequentemente, da energia em que vivemos foi falho e fraco.
Os usuários – mais uma vez, serão obrigados a pagar mais pela energia. As bandeiras foram a solução encontrada pelo governo para punir os consumidores pela falta de chuvas.
A bandeira vermelha informa quando o preço da energia vai aumentar. Está valendo desde janeiro de 2015 e se estivesse vigorando antes, o custo mais alto para gerar energia já seria cobrado desde fevereiro de 2014. O aumento é de 3% a cada 100kwh de consumo.
E como podemos economizar energia?
– Um ar condicionado à noite gasta mais ou menos R$ 80,00. Pode economizar não deixando na potência máxima e sim no modo automático. Para esse conforto, com consumo de 144Kwh/mês, o ar gastaria 20 kg de carvão em uma usina termelétrica e 500 mil litros de água em uma hidrelétrica;
– Uso de iluminação em LED;
– Desde a concepção de um projeto residencial ou empresarial, utilizar ventilação e iluminação natural ao máximo;
– Uso de energia solar térmica (aquecedor solar para água, redução de até 40%) e fotovoltaica (Usina de Energia Elétrica Solar Fotovoltaica);
– Desligar da tomada aparelhos no modo standby (modo de espera).
E para você que não conhece a Energia Solar Fotovoltaica e não entende porque esse modelo de geração de energia é tão pouco explorado no nosso país, entenda como funciona:
A usina solar é composta por painéis solares fotovoltaicos com tecnologia que converte a energia do Sol em energia elétrica, enviando para o imóvel a energia até um aparelho chamado inversor, que converte a corrente contínua para corrente alternada – a utilizada nas tomadas e aparelhos elétricoeletrônicos.
Mas com apagões esse sistema não funciona, já que não há um sistema de armazenamento de energia. O que é gerado em excesso vai para a rede da concessionária
Esse tipo de usina alivia a demanda de energia que tem que ser atendida pelo sistema elétrico local.
Agora, algumas poucas e boas notícias:
– Em Minas Gerais a Lei 20.824, de 31/07/2013, isenta a cobrança de ICMS no fornecimento de energia elétrica produzida em usinas geradoras de energia de fonte solar. No Mato Grosso, a isenção está valendo sob poder de uma liminar;
– Em Teófilo Otoni (MG) a lei Municipal n° 5806/2008 dá desconto de 15% no IPTU para residências que têm instalados sistemas de aquecimento solar para água;
– A Comissão de Infraestrutura do Senado aprovou o relatório do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) ao Projeto de Lei nº 317/2013, que prevê a isenção do Imposto de Importação na aquisição de equipamentos e componentes de geração elétrica de fonte solar.
O projeto é de autoria do senador Ataídes de Oliveira (PROS-TO) e segue agora para análise da Comissão de Assuntos Econômicos.
Que venha a chuva! Enquanto ela não vem, vou preferir manter-me firme nas orações a Deus “brasileiro” do que dançar como os índios.
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