No cartão de crédito rotativo, juro avançou para 471,3% ao ano, segundo dados do BC; no cheque especial taxa foi para 311% ao ano, maior desde 1994.
A taxa de juros do rotativo do cartão de crédito bateu um novo recorde em maio ao subir 18,9 pontos porcentuais e atingir 471,3% ao ano, informou nesta segunda-feira o Banco Central (BC). Trata-se da modalidade de crédito mais cara do mercado e da maior em 22 anos. A inadimplência nesse segmento, por sua vez, chegou a 37,5%, a maior entre as linhas de crédito para pessoa física.
No cheque especial, a taxa avançou de 308,7% para 311,3% ao ano na passagem de abril para maio. Com isso, o patamar de juros cobrados nesse tipo de empréstimo continua como o maior da série histórica, iniciada em julho de 1994.
A taxa média de juros no crédito livre subiu de 52,1% ao ano em abril para 52,3% ao ano em maio. No mesmo mês de 2015, essa taxa estava em 42,6% ao ano. Para pessoa física, a taxa média de juros no crédito livre passou de 71,0% ao ano para 71,7% ao ano, de abril para maio, enquanto a para pessoa jurídica, caiu de 31,1% ao ano para 30,6% ao ano no mesmo período.
A inadimplência destas operações, para pessoas físicas e para empresas, atingiu o patamar de 5,9% em maio, maior nível em mais de cinco anos. O aumento da inadimplência acontece em um momento de recessão na economia brasileira. No primeiro trimestre de 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 0,3% em relação aos três meses anteriores.
O spread bancário médio no crédito livre subiu de 38,9 pontos porcentuais em abril para 39,7 pp em maio, conforme o BC. O spread é a diferença entre a remuneração paga pelos bancos sobre os recursos captados e quanto cobram nas operações de crédito. O spread médio da pessoa física no crédito livre passou de 57,5 pp para 58,7 pp na comparação mensal. Para pessoa jurídica, o spread médio avançou de 18,3 pp para 18,5 pp no período.
No total, o estoque de operações de crédito do sistema financeiro subiu 0,1% em maio ante abril e chegou a 3,14 trilhões de reais. Em maio de 2015, o estoque de operações de financiamento estava em 3,08 trilhões de reais. Em 12 meses, houve alta de 2% e, nos primeiros cinco meses deste ano, baixa de 2,3%.
Para 2016, diante do cenário de recessão, o BC passou a ver retração de 1% no estoque de crédito livre. Se confirmado, será o primeiro resultado negativo da série histórica iniciada em março de 2007. Até então, o BC calculava que haveria expansão de 2% nesta modalidade, depois de ter crescido 3,88% no ano passado. A expansão do estoque de crédito livre chegou ao auge em 2008, quando saltou mais de 30%.
A autoridade monetária também cortou suas estimativas para a expansão do estoque pelo critério de instituições bancárias. Agora, prevê que a alta em bancos públicos será de 4%, contra 8% anteriormente. Nos bancos privados nacionais, o estoque deverá cair 4%, ante recuo de 1% antes. Já nos privados estrangeiros, a expansão deverá ser de 1%, contra 4%.
(Com Estadão Conteúdo)