Foi com a cara do time italiano. Inferior tecnicamente, a Juventus suou, se esforçou, levou sustos, se expôs pouco e conseguiu frustrar quem esperava um Superclássico espanhol na final da Liga dos Campeões. Com um 1 a 1 apertado, a “Velha Senhora” parou o Real Madrid de Cristiano Ronaldo e garantiu vaga na final da Liga dos Campeões, em 6 de junho, contra o Barça.
O passaporte para Berlim, onde será realizada a decisão, foi carimbado por Álvaro Morata, ex-jogador do Real Madrid que empatou a partida aos 11 minutos do segundo tempo – Cristiano Ronaldo fez o primeiro de pênalti. Além do atacante, porém, merecem créditos Carlitos Tevez, herói do primeiro jogo; Arturo Vidal, pulmão do meio campo; e Gianluigi Buffon, que salvou com boas defesas e terá a chance de conquistar o torneio pela primeira vez na brilhante carreira.
Ao Real Madrid, resta a frustração de ser eliminado da busca pelo bi enquanto vê o maior rival brilhar com uma possível tríplice coroa. Depois de uma temporada acidentada, repleta de lesões, os merengues caem em um jogo no qual buscaram a vantagem a quase todo momento, jogaram e de forma inteligente e passaram perto de conseguirem a vaga.
O que fez a diferença foi a falta de precisão do Real Madrid, que teve chances com Cristiano Ronaldo, Bale, James Rodriguez e Benzema ao longo dos 90 minutos. Também pesou para os espanhóis a má atuação da última semana, quando a Juventus dominou, venceu por 2 a 1 e esteve perto de conseguir uma vantagem ainda maior.
O torcedor do Real Madrid, que lotou o Santiago Bernabeu, vê seu time cair na semifinal pela quarta vez em cinco anos. A exceção foi no ano passado, quando os merengues foram à decisão e bateram o Atlético de Madri para conquistarem a décima Liga dos Campeões. Para os italianos, é a primeira chance de glória em mais de dez anos, já que a última passagem pela final havia sido em 2003.
Fases do jogo:
O Real Madrid precisava de um único gol e o perseguiu com inteligência e muito volume. A Juventus, paciente, sempre teve mais a bola, só que era muito ameaçada com as espetadas letais dos merengues, que encontravam espaços em velocidade e bolas lançadas para seus atacantes.
Cristiano Ronaldo, James Rodríguez e Benzema tiveram uma chance cada. Buffon foi testado, respondeu bem e cobrava muito sua defesa, que começou mal desde o minuto inicial. Quem decidiu, porém, foi o juiz.
Em uma jogada pela esquerda. Cristiano Ronaldo passou para James, que sofreu um choque, caiu no chão e viu o juiz marcar pênalti, irritando o elenco da Juventus. Na cobrança, o português bateu firme e fez o 1 a 0 que já dava a vaga aos espanhóis àquela altura.
O Real, inteligente, recuou. Marcava por pressão e fazia contra-ataques rápidos, mas deixava a bola mais ainda com a Juventus. Com Vidal, Pogba e Pirlo bem marcados, Tevez e Morata não tiveram nenhuma chance clara a não ser chutes esporádicos de fora da área.
O empate só viria em uma bola parada. Depois de um cruzamento da direita, a zaga do Real afastou mal e a Juventus mandou de novo para a área. Pogba desviou de cabeça para o meio e Morata, ex-jogador do time merengue, bateu firme e fez o 1 a 1 que voltava a dar a vaga aos italianos.
De novo eliminado pelo placar agregado, o Real Madrid teve de agir. Só que dessa vez, deixou a inteligência de lado e foi com tudo ao ataque, apostando especialmente em bolas aéreas por não conseguir penetrar na defesa da Juventus. Não deu. Se furar o bloqueio, o time da casa ficou com o 1 a 1 e caiu fora da Liga dos Campeões.
Melhor: Morata. Em um jogo disputado, decidido no detalhe, o bom posicionamento e o aproveitamento do espanhol decidiu a vida da Juventus na Liga dos Campeões. Ex-jogador do Real Madrid, ele fez quando teve a chance e eliminou o clube que o revelou.
Pior: Sergio Ramos. Sentiu a panturrilha ainda no primeiro tempo e não estava 100%. Embora tenha feito um jogo bom durante os quase 90 minutos, ficou parado na área no lance do gol, deu condições a Pogba e foi o principal responsável pelo gol de empate da Juventus, que deixou o Bernabeu com a vaga.
Chave do jogo: Oportunismo de Morata. Mesmo tendo a posse de bola pela maior parte do tempo, a Juventus chegava pouco à área do Real. Quando assustava Casillas, era muito mais em chutes fora da área. Quando pintou uma chance lá dentro, porém, o camisa 9 dos italianos marcou, deu a vaga à equipe e decidiu a semifinal.
Toque dos técnicos: No jogo de ida, o Real Madrid sofreu com a marcação por pressão da Juventus, que foi roubar a bola dos dois zagueiros merengues. Em casa, usou da mesma tática, pressionou os italianos, reduziu a influência de Pirlo no jogo e forçou os visitantes a apostarem em ligações diretas infrutíferas na maior parte do jogo.
Outros destaques:
Decisivo: Cristiano Ronaldo chegou a dez gols marcados em semifinais de Liga dos Campeões. Segundo o Twitter @MisterChip, especialista em estatísticas, trata-se de um recorde absoluto. Lewandowski, Del Piero e Litmanen estão na segunda posição com cinco. Messi, assim como Muller, Robben, Schevchenko e Zidane, tem quatro.
Alteração providencial: Benzema voltou ao time no lugar de Pepe. A mudança vai além do simples retorno do francês. Com a alteração, Ancelotti puxou Sergio Ramos de volta para a zaga. No primeiro jogo, Pepe e Varane mostraram muita dificuldade para conter os atacantes da Juventus.
Fonte: Uol Esporte