Ladrão furta computador com estudo sobre zika

Ladrão furta computador com estudo sobre zika

Uma das pesquisas continha dados inéditos sobre um possível medicamento contra o zika. Perdas foram estimadas em 5.000 dólares.

Aedes aegypti mosquitos are seen in containers at a lab of the Institute of Biomedical Sciences of the Sao Paulo University, on January 8, 2016 in Sao Paulo, Brazil. Researchers at the Pasteur Institute in Dakar, Senegal are in Brazil to train local researchers to combat the Zika virus epidemic. / AFP / NELSON ALMEIDA

O cientista Amílcar Tanuri, uma das principais referências brasileiras em pesquisas sobre vírus, teve um computador furtado no Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio de Janeiro. O equipamento armazenava dados inéditos de dois estudos sobre o vírus zika. Em um deles, que investiga os efeitos de uma droga contra o vírus, não há cópia das informações e os experimentos terão de ser repetidos. Tanuri, chefe do Laboratório de Virologia Molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), calcula que o prejuízo seja de 5.000 dólares.

O furto aconteceu por volta das 21h da última quarta-feira. Tanuri chegava de Brasília e esperava um táxi no setor de embarque do aeroporto, quando o telefone celular tocou. O laptop estava numa mala de mão, puxada por rodinhas. “Foi uma distração de 30 segundos. Enquanto atendi à ligação, soltei rapidamente a mala. Não cheguei a ver quem roubou. A moça atrás de mim disse que foram dois homens, que entraram em um carro rapidamente.”

 O virologista procurou o setor de segurança da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), que administra o aeroporto, mas foi avisado de que, como o setor de embarque está sem iluminação, as câmeras não captam a placa do veículo nem as imagens dos criminosos. “Estava tudo completamente às escuras. O Santos Dumont virou zona franca de bandidos. É preciso que se faça uma intervenção imediata ali. É uma das portas de entrada da cidade, deveria estar bem guardado”, afirmou o pesquisador. A Infraero informou que se pronunciará nesta terça (24) sobre o assunto.

Dados perdidos – Uma das pesquisas que estavam no computador trazia estudo de caso sobre duas crianças de Campina Grande (PB), que morreram em decorrência de más-formações provocadas pelo zika. “O mais grave disso é que havia dados confidenciais dos pacientes, fotografias, imagens das crianças. Isso ficou na mão de alguém”, afirmou.

A perda da outra pesquisa tem impacto mais imediato. O trabalho trazia dados inéditos sobre o efeito da cloroquina em neurosferas humanas (estruturas celulares que reproduzem o cérebro humano) infectadas por zika. O medicamento já é usado contra malária e tem indicação para grávidas. Os primeiros testes já haviam se mostrado promissores. “Eu sei o resultado (da nova etapa de testes), mas não tenho o dado bruto. Vou precisar repetir a pesquisa. Isso foi o mais impactante desse roubo, porque vou precisar de uma semana a dez dias para repetir o experimento. É um custo, e tem também a perda de tempo”, disse. O trabalho seria publicado na revista científica americana Cell.

O computador continha ainda trabalhos antigos de Tanuri, alguns deles com cópias de segurança; outros, não. “Alguns trabalhos se perderam definitivamente, outros já comecei a baixar da nuvem”, afirmou. Tanuri acredita que a intenção dos criminosos não era levar sua pesquisa. “Aproveitaram a oportunidade”, afirmou. No fim de semana, a irmã do pesquisador havia feito um apelo pelas redes sociais para que o computador fosse devolvido, o que ainda não aconteceu.

De acordo com a Infraero, as imagens das câmeras de segurança só são verificadas se houver decisão judicial.

(Com Estadão Conteúdo)



Deixe seu comentário

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.