O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, concordou nesta quinta-feira, 24, com a proposta do Uruguai e do México de iniciar uma nova rodada de diálogos com a oposição para solucionar o atual impasse político do país. A Venezuela vive, desde a quarta-feira, com dois presidentes – Maduro, apoiado pelas forças de segurança do país, e Juan Guaidó, líder da oposição respaldado pelos Estados Unidos, Brasil e outros países das Américas.
“O governo do México e do Uruguai propuseram que se crie uma iniciativa internacional para alcançar um tratado de paz. Eu digo publicamente aos governos do México e do Uruguai: estou de acordo com uma iniciativa diplomática para o diálogo nacional na Venezuela, estou pronto para o diálogo, para o entendimento, para a negociação, para o acordo”, afirmou em discurso no Tribunal Supremo de Justiça (TSJ). “Claro que sim. Este é o caminho”, completou.
Os governos do México – que não reconheceu Guaidó como presidente interino – e do Uruguai – que se manteve neutro – elaboraram um comunicado conjunto na quarta-feira no qual propuseram o diálogo entre Maduro e a oposição e se ofereceram para facilitar as conversas.
Nicolás Maduro, porém, pode usar esse período de negociações com a oposição como estratégia para continuar no poder e fazer os movimentos internos necessários para se manter no poder. Ele já se valeu dessa tática em 2014, quando pressionado pela oposição e por vários governo estrangeiros, concordou com os diálogos, que não deram nenhum resultado.
Nesta quinta-feira, ao receber o apoio dos magistrados venezuelanos, Maduro assinalou que fechará a embaixada venezuelana em Washington, em cumprimento a sua decisão de romper as relações diplomáticas com os Estados Unidos. Segundo o jornal uruguaio El Observador, ele ainda reiterou que os diplomatas americanos têm prazo até o domingo para se retirarem da Venezuela.
Guaidó havia emitido um comunicado para desautorizar essa decisão de Maduro de expulsar do país os diplomatas de nações que não o apoiam. Mas, efetivamente, as forças de segurança venezuelanas, ainda leais ao ditador, podem receber ordens para expulsá-los ou até mesmo para prendê-los.
Na sede do TSJ, Maduro informou ter conversado com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, por 20 minutos. Ele agradeceu ao apoio de Putin, “sempre solidário com a Venezuela”, e dos governos da Turquia e da China. Também lembrou-se de supostos “movimentos contra o golpe de estado na Venezuela realizados nos Estados Unidos”.
“Este é o povo dos Estados Unidos que vai se levantar. Thank you very much”, declarou.
Maduro foi desafiado na quarta-feira 23, quando Guaidó fez um juramento solene como presidente interino da Venezuela, em praça pública em Caracas, diante de uma multidão de manifestantes. Naquele dia, houve massivos protestos em favor da renúncia de Maduro em Caracas e em 23 estados venezuelanos. Logo em seguida, os Estados Unidos, Brasil e outros 14 países consideraram Guaidó o legítimo chefe de Estado do país, assim como a Organização dos Estados Americanos (OEA).
O ditador venezuelano, no poder desde 2013, tomara posse a seu terceiro mandato no último dia 10, apesar dos pedidos de parte da comunidade internacional para que não o fizesse. Ele vencera as eleições de maio de 2018, consideradas fraudadas e ilegítimas pela minúscula participação da oposição. Seu terceiro mandato já era considerado ilegítimo pelos mesmos países que, agora, apoiam Guaidó.
(Foto: VEJA.com/via MSN Notícias)