Como é próprio do ser humano a culpa pelos desacertos é sempre dos outros, quando há acertos deles fazemos parte. Esta é a máxima do velho ditado: “Filho feio não tem pai”.
O caos que o Brasil vem experimentando tem uma parcela de responsabilidade de cada um de nós, desde de uma simples omissão de cidadania até uma ação individualista desastrosa. Os donos do poder, que não são o povo, contam com a desinformação, o comodismo, a falta de mobilização e de confiança, a dimensão do país e outros fatores desfavoráveis a uma efetiva participação popular para reinarem em seus próprios benefícios. Por outro lado, a solução também deve contar com uma parcela de participação de cada um, e não de um salvador da pátria.
Quando o presidente da Petrobras, em 2016, anunciou a nova política de preços, eu fiz um artigo no qual previa essa loucura e assalto aos bolsos do consumidor. Segundo ele, os preços dos derivados de petróleo, gasolina, diesel, gás de cozinha, seguiriam o valor de mercado internacional do barril de petróleo, só que “curiosamente” esqueceu de baixar, na época, tais preços ajustando-os ao do barril de petróleo da época. O preço do barril de petróleo girava em torno de 40 dólares, mais abaixo que a temperatura fria no polo sul, no inverno e, ao contrário, os seus derivados já estavam nas alturas. Logo, aquela política adotada só serviria a um propósito: aumentar, ainda mais, o preço dos seus derivados, como o gás de cozinha, a gasolina e o diesel, para os brasileiros, dito e feito.
Há alguns dias atrás, este presidente da Petrobras anunciou o lucro de 7 bilhões de reais da empresa no 1º trimestre de 2018, como se houvesse de fato uma gestão eficiente com corte de gastos e inovação competitiva. Afinal, administrar uma empresa que detém o monopólio de produtos essenciais, com a liberdade de aumentar os preços não deve ser complicado de apresentar lucros.
O mais lamentável dessa história é descobrir para onde estes lucros irão. Ou melhor, para onde sempre foram: para financiamento de caixa de 2 de campanhas eleitorais, superfaturamento em obras, megainvestidores e publicidades nas grandes mídias, e, sabe-se lá que outros destinos lhes são dados.
A justa manifestação dos caminhoneiros, a qual, infelizmente, diversos aproveitadores dos famigerados grupos de esquerda e de direita, pegam carona, só não tem maior sucesso, por que não afetam diretamente os responsáveis por esse desastre, eles estão na Capital Federal, longe do raio de ação material, e assistem de camarote o clamor de um país que perdeu o seu rumo.
Márcio Barbosa dos Reis
Membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni e auditor fiscal da Receita Estadual
E-mail: marciobareis@outlook.com
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