No dia em que a Câmara dos Deputados decidiu sobre a admissibilidade do processo de afastamento de Dilma Rousseff, manifestantes pró-impeachment terminaram o domingo com comemorações pelo país. Entre os brasileiros que se manifestaram favoráveis ao governo, prevaleceu o choro e o desânimo. Antes mesmo do final da votação, o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), reconheceu a derrota da presidente Dilma Rousseff, “Reconhecemos a derrota de cabeça erguida. Os golpistas foram mais fortes”, disse o petista.
Nas primeiras horas de sessão, os manifestantes assistiam à votação pelos telões na Esplanada dos Ministérios em clima de Copa do Mundo. Divididos por um muro, os pró e contra impeachment comemoravam ou vaiavam cada voto. Segundo a última estimativa da Polícia Militar, cerca de 53.000 pessoas apoiavam o impeachment (lado direito) e 26.000 pessoas se reuniram contra o afastamento de Dilma (lado esquerdo).
Conforme avançava a votação – e os votos a favor do impeachment, defensores da continuidade do mandato da presidente Dilma começaram a se dispersar. Membros da CUT retiraram uma grande bandeira verde e amarela, que estava disposta no gramado, e rumaram no sentido oposto ao Congresso. Do carro de som, também da CUT, um integrante pediu no microfone para as pessoas permanecerem no local. “Independente do resultado, vamos ficar para ouvir as mensagens finais de nossas lideranças e sairmos todos juntos”, disse, numa tentativa de motivar os presentes remanescentes.
São Paulo – Na capital paulista, 215.000 manifestantes a favor do impeachment reunidos na Avenida Paulista, segundo a PM, comemoraram a aprovação do processo de afastamento na Câmara com abraços, buzinas, vuvuzelas e palmas. Ao longo de toda a avenida ouviram-se gritos de “fora PT” e “tchau, querida”. Os manifestantes também cantaram: “A nossa bandeira jamais será vermelha”. Os presentes que acompanharam a votação pelos telões instalados na Paulista vaiavam e xingavam cada deputado que declarava voto contrário ao processo de impeachment.
No Vale do Anhangabaú, centro de São Paulo, os manifestantes pró-Dilma acompanharam a votação pelo telão com tristeza conforme a derrota se aproximava. Um dos organizadores do ato, que chegou a reunir 75.000 de acordo com a PM, admitiu o revés ao microfone antes mesmo do resultado final: “Não sairemos daqui de cabeça baixa. Perdemos a batalha, mas não perdemos a guerra”.
(Com reportagem de Eduardo Gonçalves e Luís Lima, de Brasília, e Kalleo Coura, Luiz Castro, Mariana Oliveria, Teo Cury e Ullisses Campbell, de São Paulo)