Comediante estava internado desde fevereiro na zona Sul do Rio de Janeiro; segundo o hospital, ele tratava há anos de uma doença pulmonar crônica.
O ator e comediante Jorge Loredo, conhecido pelo personagem humorístico Zé Bonitinho, morreu aos 89 anos na manhã desta quinta-feira (26), no Rio de Janeiro, em decorrência de falência múltipla de órgãos. Loredo estava hospitalizado desde 3 de fevereiro no Hospital São Lucas e, desde 13 de fevereiro, estava internado na unidade de tratamento intensivo. Segundo o hospital, o tratava há anos de uma doença pulmonar crônica e de um enfisema.
Sucesso no programa humorístico “A Praça é Nossa”, exibido pelo SBT, o personagem estreou em 1960 no programa “Noites Cariocas”. Loredo contou o jornal “Folha de S.Paulo”, em 2010, que se inspirou em um de seus amigos, Jarbas, que era metido a garanhão. “O Jarbas era uma figura, cantava todas as mulheres, parava em frente ao espelho para pentear o bigode. Eu o imitava nas festas e as pessoas se divertiam demais”, definiu.
O personagem estreou na televisão em 1960 no programa “Noites Cariocas”, exibido pela extinta TV Rio. Suas primeiras falas eram roteirizadas por Chico Anysio. Loredo costumava imitá-lo nas festas, sempre arrancando risadas dos demais. “Ele tirava um pentezinho do bolso e ficava ajeitando as sobrancelhas e o bigodinho toda hora. Se passava uma moça, cantarolava um tango, um bolero. Fui captando esses trejeitos e criei o personagem”, contou.
Biografia
Filho de comerciantes, Jorge Rodrigues Loredo foi criado no subúrbio de Campo Grande, no Rio de Janeiro. Aos 12 anos foi diagnosticado com osteomielite na perna esquerda. A dor constante fez dele um garoto introvertido e cabisbaixo.
Aos 20 anos, devido a uma tuberculose, foi internado em um sanatório. O que parecia ser mais uma tragédia foi, ao contrário, sua salvação. Incentivado pelos médicos, participou de um grupo teatral no hospital e descobriu sua vocação de ator.
Após receber alta, um teste vocacional identificou tendência para “atividades exibicionistas”. Loredo procurou uma escola de teatro em busca de papéis “sérios”. A contragosto, sua primeira audição foi para representar o monólogo cômico “Como Pedir uma Moça em Casamento”. Aprovado, adotou o humorismo como profissão.
Curiosidades
Paralelamente, exerceu a profissão de advogado, especialista em Direito Previdenciário e do Trabalho. O nome de seu personagem mais famoso veio de um cozinheiro que Loredo conheceu em um restaurante de beira de estrada que, por ser muito feio, era chamado de “Zé Bonitinho”.
O papel foi autor de bordões inesquecíveis: “Garotas do meu Brasil varonil, vou dar a vocês um tostão da minha voz”; “Mulheres, atentem para o tilintar das minhas sobrancelhas”; “O chato não é ser bonito, chato é ser gostoso”; “Câmeras, attention please”, entre outros. Em 2010, ano em que completou 50 anos, Zé Bonitinho continuava na TV, participando do humorístico do SBT.
Fonte: Jornal O Tempo