Nos EUA, detentos são castigados com comida nutritiva, mas de gosto ruim.

Nos EUA, detentos são castigados com comida nutritiva, mas de gosto ruim.

Conheça o nutraloaf, mistura que é alvo de polêmica em todo o país.

Foto: AP Photo/Andy Duback
Foto: AP Photo/Andy Duback

Ninguém imagina que comida de prisão seja uma delícia. Mas, nos Estados Unidos, um prato em especial é ruim ao ponto de ser usado como castigo para presos que apresentam mau comportamento. O nutraloaf (“bolo nutritivo”, em inglês) é servido em prisões estaduais de todo o país e pode ser descrito como um bloco de alimentos prensados. Os ingredientes variam de acordo com o estado em que é servido. Em Idaho, por exemplo, o pão é feito com gelatina, farinha de rosca, leite em pó, carne moída, legumes, frutas enlatadas, queijo, feijões e cebola.

Em Ilinois, a receita leva espinafre, cenoura, feijões, molho de maçã, pasta de tomate, flocos de batata, farinha de rosca e pó de alho. A mistura fez com que os presos processasem o Departamento de Correções por “punição cruel e incomum”. Em Vermont, depois de uma ação juducial dos detentos, o Supremo Tribunal decidiu que eles devem passar por uma audiência antes de serem colocados em uma dieta com nutraloaf. Lá, a comida leva queijo, cenoura, espinafre, uva passa, feijões, pasta de tomate, leite em pó e flocos de batata, e é servida em horários normais de refeições, por até uma semana.

O nutraloaf foi inventado para substituir a dieta à base de pão e água a que os presos com mau comportamento eram submetidos. O alimento atende todas as necessidades nutricionais diárias de uma pessoa, sendo rico em calorias, vitaminas e minerais. A escolha dos ingredientes não é aleatória: a intenção é que o prato não tenha gosto de absolutamente nada. Segundo a empresa Aramark Correctional Services, uma das produtoras do bolo, a meta é que o resultado final seja completamente “neutro”. Em resumo, uma comida que nutre, embora não tenha gosto de nada.

Prisioneiros em Maryland, Nebraska, Nova York, Pensilvânia, Washington e West Virginia, entre outros estados, também processaram o nutraloaf ou seu equivalente. O alimento tem sido chamado de inconstitucional e é um ponto de discórdia entre presos, grupos defensores dos direitos dos prisioneiros e departamentos correcionais. Geralmente, um prisioneiro só recebe onutraloaf se violar regras específicas, como atacar com utensílios ou jogar urina e/ou fezes em um agente penitenciário ou outro preso. Mas os regulamentos variam de estado para estado e, em alguns casos, uma pessoa pode receber tal punição para atos mais brandos, como derrubar uma bandeira americana de uma cela.

Foi o que aconteceu no Arizona, em Maricopa, que abriga um dos maiores sistemas prisionais dos Estados Unidos, com cerca de 8.300 presos. Joe Arpaio, xerife do condado, é conhecido como o “xerife mais durão da América”, e ostenta orgulhosamente em seu site que tem o menor custo de refeições por detento: os presos são alimentados duas vezes ao dia, a um custo de entre 15 e 40 centavos de dólar por refeição.

Fonte: Estado de Minas



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