— Por David Ribeiro Jr. —
Na tarde deste sábado (21/04), o América-TO não conseguiu passar adiante para se classificar para a 1ª Divisão do Campeonato Mineiro de Futebol. Aos quarenta e três minutos do segundo tempo, quando o jogo estava em 1 a 1 entre América-TO e Tupinambás, e o resultado classificava o América, o time foi surpreendido com uma bola certeira de Ademilson, do time adversário. Gol para o Baeta (apelido do Tupinambás). A jogada definiu o placar. Tupinabás, classificado. América-TO, não classificado.
Antes de avançar na leitura deste texto, entenda uma coisa: “O jogo” do último sábado pode até ser resumido no parágrafo que você acabou de ler. A atuação do América-TO ao longo do campeonato, não.
Neste ano (2018) o América-TO conseguiu um feito simplesmente extraordinário: fez com que a população local voltasse a torcer por algo nosso, pelo nosso time, nossa equipe, os garotos do Vale… enfim! O América conseguiu fazer com que voltássemos a ser não apenas uma cidade, mas um povo, um grupo. Deixamos de ser “eu e vocês” para nos tornar, novamente, “nós”. Parabéns ao presidente João Ângelo e sua equipe por esta conquista!
Muitos de nós que amamos esta cidade ansiamos por este dia… e o dia enfim chegou. Não apenas este dia, mas estes dias. Nestes primeiros meses do ano voltamos a ter uma razão para acreditar que viver na terrinha ainda vale muito a pena.
Por mais que todos os dias Brasília (a capital do país) se revele extraordinariamente capaz de frustrar os nossos sonhos e de aumentar a dose nossa de decepção de cada dia, nós, teófilo-otonenses, aprendemos que vale a pena acreditar em nós mesmos, no nosso povo, em nossas marcas, em nosso time.
Esse sentimento que o América resgatou não pode ser encerrado com o término da participação do clube no campeonato. É preciso que esse sentimento continue contagiando o nosso povo e a nossa gente, e que nós, teófilo-otonenses de coração, gritemos a plenos pulmões que amamos esta terra e que queremos muito contribuir, cada um ao seu modo, para ajudar a cidade a crescer, a prosperar, a se desenvolver e a assumir o seu lugar e a sua condição de cidade polo, não apenas do Vale do Mucuri, mas de toda a região Nordeste de Minas.
É claro que, para isso acontecer, para se consolidar, para que uma verdadeira onda de positivismo tome conta de nós, precisamos muito corrigir alguns pequenos erros que se tornaram culturais em nossa gente, e alguns outros que nem são tão pequenos assim. Um dos maiores erros que temos cometido… acredite… é o de torcer contra nós mesmos.
Por que digo isso?
Simples. Apesar de toda a empolgação que marcou a partida de sábado entre o América e o Tupinambás, com o estádio Nassri Mattar lotado, no início da temporada o time enfrentou as mesmas dificuldades que enfrenta todos os anos: falta de dinheiro. Bastou marcar alguns pontos na tabela da competição para que chovesse interessados em apadrinhar o clube e tirar uma casquinha na popularidade recém-adquirida.
Aí pergunto eu: Não seria muito mais fácil ajudar o tempo todo? Desde o início?
Eu, como profissional de comunicação, até entendo que algumas marcas, empresas e “pessoas” não queiram ter seus nomes associados a um time que não ganha. Mas, insisto: Como o time vai ganhar sem ter estrutura? E como vai formar essa estrutura sem o devido apoio financeiro… ou logístico que seja, e que é tão necessário?
Mesmo que as pessoas não queiram associar o seu nome a um time que não ganha, é preciso que todos se conscientizem de que o América-TO é nosso. O clube precisa do nosso apoio. É como uma relação com um filho. Gente de bem não coloca um filho de escanteio, por mais complicado que esse filho seja. Filho é filho. Do mesmo modo, o América-TO é uma paixão local que passa de pai para filho. É da família.
Jogar com tranquilidade
Sem dinheiro, o time não consegue se estruturar. Por mais que na reta final tenha havido pessoas estendendo a mão, isso não elimina toda a pressão e a dificuldade que reinou durante o início da temporada… e das últimas temporadas. O jogador que ganha mal poderia ter se empenhado mais se tivesse mais dinheiro para comprar remédio para o filho, roupa para o filho, plano de saúde para o filho… enfim, você entendeu. E quando digo que o jogador poderia ter se empenhado mais, não estou dizendo que os caras não deram o seu melhor. Deram, sim. Mas poderiam ter dado ainda mais se não tivessem que se preocupar com outra coisa que não fosse jogar, pois, afinal, eles são humanos.
Com mais apoio, teríamos um time ainda mais coeso. Com mais apoio, a diretoria do América poderia manter um elenco durante todo o ano, inclusive participando de outras competições também, e não apenas durante o Campeonato Mineiro.
Os jogadores do América são heróis. Mas todo herói precisa de apoio logístico para ter a certeza de que poderá, quando em campo, dar o seu melhor. Parabéns aos nossos guerreiros que fizeram muito bonito durante a temporada! Vocês são demais!
Finalizando, um recado a quem pode ajudar, mas só fez isso na reta final: Se preferir, apoie sem aparecer. Aí, quando o time estiver bem, e justificar que você apareça, a diretoria dirá que você está ajudando desde o início. Será melhor para todo mundo, inclusive para você.
Faça isso e, acredite: todo mundo sairá ganhando.
Quem viver, verá!