Por David Ribeiro Jr.
Diz um ditado antigo que “o pior cego é aquele que não quer ver”. Faz sentido? Faz. Claro! E se é assim, acho que posso dizer, também, que o analfabeto político é um cego em essência; e mais: ele é o pior tipo de cego. Ele é o cego que não quer ver, que não quer enxergar, que não quer sentir e experimentar uma nova realidade em sua existência. A sua vida é medíocre, é chata, é enfadonha, é tudo de ruim… mas é a sua vida. O seu medo é de que, ao buscar algo diferente, as coisas se tornem ainda mais ruins do que já são.
Eu até que tinha alguma compreensão e simpatia pelo analfabeto político dos anos oitenta. A sua condição não era culpa sua; era o resultado da sua formação, da sua cultura e do ambiente em que viveu e foi educado. Ele era muito mais vítima das circunstâncias do que protagonista de sua própria história. Contudo, essa simpatia e compreensão que eu sentia pelo analfabeto político foi diminuindo nos anos noventa, e explico por quê.
Hoje vivemos uma nova era. A informação deixou de ser um bem e um tesouro nas mãos dos abastados e poderosos para ser difundida por vários meios diferentes. A informação, que sempre foi o que distinguiu a mão que balança o berço da história de alguém que não era mais do que um analfabeto político, agora é um bem de domínio público, de uso universal. O maior exemplo disso é o nosso ex-presidente Lula. Todos que me leem com alguma frequência sabem o que penso a respeito do homem: é um trapaceiro e um mentiroso. É alguém que traiu a sua própria história. Mas nenhum de nós pode dizer que ele não tem os seus méritos. Afinal, o homem chegou ao cargo máximo da nação. E entre os muitos motivos que o fizeram chegar lá está, evidentemente, a informação. Ele não se contentou em ser apenas um boia-fria vindo de Garanhuns. Assim que teve uma oportunidade, abraçou a informação e a usou em seu próprio benefício. Não é à-toa que hoje é um dos palestrantes mais ricos do Brasil e do mundo… se bem que prefiro não entrar agora nesse mérito. A questão aqui é: Lula não se contentou em ser um analfabeto político. E essa sua atitude de romper com a condição de zero à esquerda o levou aos píncaros da glória dos homens. Tudo por causa de uma decisão: ele decidiu ser dono da sua história e do seu destino.
Por que estou escrevendo a este respeito? Simples: porque nunca antes na história deste país, deste Estado e desta cidade foi preciso tanto que a população abrisse os olhos para o que está bem diante de nós, e causando um terrível mal à sociedade: a má política. E quando me refiro à má política, não pensem que estou falando apenas do PT, da sua administração desastrosa à frente da Prefeitura de Teófilo Otoni e da péssima condução que deu à economia nacional. Estou me referindo aos maus políticos que estão em todos os partidos, inclusive aqui na terrinha.
Não dá para você e eu fingirmos que os políticos ruins estão apenas em um único partido. Eles estão em toda parte. Só um analfabeto político não vê isso. E há mais: estamos a menos de um ano da eleição que pode definir os rumos da história de Teófilo Otoni. Neste momento o país atravessa uma das maiores crises da sua história. E essa crise tem resultados imediatos aqui no município. No ano que vem nós vamos eleger o prefeito, ou a prefeita, que vai dar continuidade ao trabalho do atual, Getúlio Neiva. Há uma série de nomes que se enfileiram e que desde agora já estão disputando a sua simpatia, a sua preferência e o seu voto. Cuidado! Mas muito cuidado mesmo!
Eu tenho visto um monte de candidatos que estão, literalmente, descendo a ripa no prefeito Getúlio Neiva e naquilo que não concordam em seu governo. Até aí tudo bem. Eu mesmo faço algumas críticas aqui, e nem sou candidato a nada. O problema é que não vi um único desses candidatos, ou pré-candidatos, dizendo o que faria diferente se estivesse no lugar do prefeito. Assim é fácil, né?…
Já vimos algumas vezes essa tática de desqualificar quem está no poder sem dizer o que se fará diferente quando assumir o poder. E o resultado sempre foi trágico. Sempre! Então, neste momento eu convido você a não ser um analfabeto político e a ser coautor do seu próprio destino. E antes que alguém interprete errado, não estou pedindo voto para Getúlio Neiva. Só estou lembrando a você que não se deve votar em quem quer que seja só porque fala bonito ou o que eu gostaria de ouvir. Voto não é a expressão de um clubinho fechado. Ao contrário, é o único instrumento de que a democracia nos dota para sermos coautores do nosso destino e do nosso futuro.
Seja bem-vido(a) aos novos tempos! E atente para as responsabilidades que você tem nestes novos tempos. Todos nós acertaremos as contas com o futuro.
(texto originalmente publicado na Ed. 188 (17/09/2015) no Jornal O REPÓRTER NOTÍCIAS)