Moeda americana avançava cerca de 2%, acima de R$ 3,80, e Bovespa caía quase 1%, minutos após a confirmação de que o ex-presidente assumirá comando da Casa Civil.
O dólar avançava cerca de 2%, acima de 3,80 reais, e Bovespa caía quase 1%, reagindo a temores de que o governo possa promover mudanças na política econômica, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumir o comando da Casa Civil. Um dos medos dos investidores é o de que o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, deixe o cargo, como publicou o jornal Valor Econômico.
Perto das 11:45, o dólar avançava 1,97%, a 3,8373 reais na venda, após chegar a subir mais de 2% e atingir 3,8383 reais na máxima do dia. No mercado de ações, no mesmo horário, o Ibovespa caía 0,89%, aos 46.709 pontos.
“Seria uma volta à nova matriz econômica”, disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta. “Isso é muito ruim para o Brasil.” Essas expectativas de mudanças ganharam força nas últimas após a confirmação de que Lula assumirá a Casa Civil. A notícia, para alguns investidores, diminuiria as chances do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
A informação de que Lula assume o comando da Casa Civil foi confirmada pelo líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), no Twitter. O então ministro, Jaques Wagner, deve ir para a chefia do gabinete. Com a decisão, Lula passa a ter foro privilegiado e fica blindado da Justiça, caso o pedido de prisão preventiva contra ele seja acatado.
“O mercado está muito volátil e guiado pelo noticiário. Não descartamos mudanças súbitas de direção (do câmbio) no caso de novos acontecimentos — algo que não é difícil de encontrar no Brasil hoje em dia”, escreveram analistas do BNP Paribas, em nota a clientes.
A apreensão ganhou ainda mais ímpeto após a notícia de que Tombini estaria dando sinais de que poderia renunciar. Segundo matéria do Valor, a confirmação de Lula aponta para mudanças “profundas” na política econômica, “com repercussões na área monetária e cambial”.
Um dos caminhos apontados nesse sentido seria o uso das reservas internacionais. Jacques Wagner já afirmou que o governo avalia usar parte das reservas para abater a dívida pública, enquanto o PT tem defendido o uso do colchão de liquidez também para investimentos.
Analistas afirmam que seria infrutífero usar as reservas internacionais para enfrentar a crise econômica no Brasil. Segundo eles, isso aumentaria o descrédito com o país e teria consequências inflacionárias.
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