Quando o Renault Clio nacional foi lançado, em 1999, ele trazia acabamento e equipamentos diferenciados para a categoria “popular”, sendo o primeiro 1.0 a vir com airbag de série, por exemplo. Com o tempo, porém, a estratégia da Renault teve de mudar. A marca francesa percebeu que aqui o negócio é preço e o Clio foi sendo simplificado ao longo do tempo. Hoje, os plásticos e a montagem do veterano hatch não chegam aos pés daquele Clio de 1999. A ordem passou a ser baixo custo.
Com essa nova filosofia, a Renault fortaleceu sua participação no mercado nacional. Trouxe o Logan e depois desenvolveu o Sandero primeiro para o Brasil, além de providenciar também a fabricação local do Duster. Hoje a gama brasileira da marca tem muito mais a ver com a Dacia (braço romeno da Renault) do que com a linha europeia, mas as vendas vêm comprovando que esse é o caminho para fazer sucesso no Brasil.
E vem mais por aí: após a picape Duster Oroch, que chega às lojas agora no fim de setembro, a Renault prepara para o fim de 2016 a estreia do Kwid, popular de baixo custo para enfim ocupar o lugar do Clio. Ele não será vendido na Europa, mas é aposta forte para mercados emergentes como Índia e Brasil. O lançamento por aqui será só ano que vem, mas as primeiras avaliações do modelo indiano já permitem antever as características do carrinho.
A primeira delas é o design. Mesclando soluções do Sandero, como a frente parruda com faróis retangulares, e um quê de cossover, com suas proteções plásticas nas caixas de roda e altura do solo elevada, o Kwid é bastante simpático. Mesmo medindo apenas 3,68 m (menor que um Fiat Uno), o pequeno Renault transmite robustez – apenas o desenho dos retrovisores externos destoa do conjunto, mas deve ser trocado pela peça do Sandero no Brasil. Soluções de barateamento do projeto estão por toda a parte: cubos de roda (aro 13″) com apenas três parafusos, limpador dianteiro de peça única, botões dos vidros elétricos dianteiros no painel e painéis de porta inteiramente de plástico rígido são algumas das contenções de custo. Artimanhas necessárias para manter o preço baixo, pois a meta é que ele estreie em nosso mercado por menos de R$ 30 mil na versão de entrada.
Ao volante, os indianos consideraram o motor 0.8 de 3-cilindros honesto. Atrelado a um câmbio manual de cinco marchas, tem respostas voluntariosas com seus 57 cv. No Brasil também será usado este novo propulsor, mas em versão flex, com um pouco mais de potência. Ponto forte está no consumo, com média declarada de até 25 km/l de gasolina. A suspensão se mostrou robusta e, com seus 18 cm de altura livre do solo, foi projetada para aguentar sem medo as pancadas do asfalto do terceiro mundo. Como no Sandero, o acerto dinâmico valoriza o conforto, mas a carroceria tem rigidez suficiente para um rodar tranquilo e sem sustos.
Internamente, o Kwid também teve aulas com o Sandero. Mesmo pequenino, o novo Renault acomoda quatro adultos sem problemas e ainda oferece um porta-malas de 300 liros – sem dúvida um belo argumento de vendas no Brasil, onde tende a ser o único carro de muitas famílias. A cabine é obviamente simples, mas, apesar do domínio dos plásticos rígidos, a montagem é bem feita e não há vãos disformes entre as peças, bem como rebarbas.
O quadro de instrumentos é concentrado num pequeno visor digital, de aparência moderna, mas apenas com o necessário – não há conta-giros, por exemplo. O console central é espaçoso e conta com uma tomada 12V à frente da alavanca de câmbio. Como opcional, há oferta de ar-condicionado e da central multimídia Media Nav com tela sensível ao toque e entrada USB, como a que equipa diversos Renault brasileiros.
Nas versões mais caras (ainda abaixo do Sandero, que hoje começa em R$ 38.250), o Kwid terá motor mais forte, que pode ser o 1.0 16V Hi-Power do atual Clio ou mesmo o 1.0 12V do Nissan March – marca parceira da Renault. A produção do Kwid em São José dos Pinhais (PR) começa no segundo semestre de 2016, com estreia mais provável no Salão do Automóvel, em novembro.
Fonte: Carplace