Por David Ribeiro Jr.
TEÓFILO OTONI
Na tarde de quinta-feira (02/02) muita gente torceu pela vitória do nosso conterrâneo Fabinho Ramalho (PMDB-MG) na disputa pela 1ª Vice-Presidência da Câmara dos Deputados, em Brasília. É claro que algumas outras pessoas também torceram contra. Na democracia é assim: “todo mundo tem direito a ter a opinião que quiser”.
Ainda bem!
Mas voltemos a Fabinho! Só a título de esclarecimento, de acordo com os trâmites do Congresso, o 1º vice-presidente da Câmara (no caso, a partir de agora, Fabinho — pelo menos nos próximos dois anos) é, também, o 1º vice-presidente do Congresso Nacional. Lá as coisas funcionam assim: o presidente do Senado, Eunício Oliveira, acumula a Presidência do Congresso Nacional. O 1º vice-presidente da Câmara (portanto, Fabinho) é o 1º vice-presidente do Congresso. O 2º vice-presidente do Senado é o 2º vice-presidente do Congresso… e assim sucessivamente.
Com base nisto, Fabinho está — pra dizer o mínimo — com muita moral. O homem está com a bola toda. Será dele a responsabilidade de substituir Rodrigo Maia, presidente da Casa, quando este estiver ausente, além de elaborar pareceres sobre requerimentos de informações e projetos de resolução para alterar o Regimento Interno, dentre outras atribuições. Nas viagens do presidente da República ao exterior, Maia é o primeiro na linha sucessória. Com isso, Fabinho o substitui no comando da Câmara. De novo, insisto: o homem está com muita moral.
Desde que Aécio Neves foi eleito presidente da Câmara em 2001 que não tínhamos um conterrâneo nosso na Mesa Diretora da casa mais importante para a democracia deste país. Mas Aécio, por mais que muitos o consideram um filho da nossa terra, sempre foi muito mais próximo de São João Del Rey do que de Teófilo Otoni — mesmo sendo o seu pai, o saudoso Aécio Cunha, filho de nossa cidade.
Mas, de novo, voltemos a Fabinho. Na noite da eleição, um executivo muito amigo meu, e leitor voraz do minasreporter.com, me perguntou “o que representa para a nossa cidade e região a eleição de Fabinho para a 1ª Vice-Presidência da Câmara dos Deputados?” E o mesmo que disse para esse meu amigo, escrevo aqui para todos os meus leitores: “tudo” e “nada”.
O quê? Como assim?
Bem, antes que você me ache meio louco, explico: Fabinho, sejamos realistas, é um político cheio de controvérsias. Em alguns aspectos ele é extremamente inovador; em outros, conservador até não poder mais. E aí o meu amigo quis saber: “mas, afinal, isso é bom ou ruim?” E a resposta? Simples: os dois. O fato de Fabinho ser como ele é, é algo bom, mas pode não ser. Não existe uma resposta definitiva; tudo é muito subjetivo. Esse seu jeito bastante inovador fez dele um parlamentar muito famoso em Brasília. Como um típico mineirinho que é, hospitaleiro, generoso e muitíssimo gente boa, acabou ganhando muitas amizades e uma enorme popularidade. Daí ter sido eleito para a 1ª Vice-Presidência daquela Casa. Mas a questão a ser discutida é: “como isso nos atinge?”
Uma coisa ninguém pode negar: Fabinho é o tipo do político que entende minimamente o conceito de um mandato servidor — ou de um mandato que esteja a serviço das suas bases. A maioria dos nossos homens públicos não tem a menor ideia do que isso significa. Fabinho não se esconde do seu eleitor, não foge, não evita o povo, não se reúne na calada da noite com apenas meia-dúzia de privilegiados e apadrinhados, e também não…
Você já entendeu onde quero chegar.
Há algum tempo Fabinho tinha o hábito de, em todo fim de ano, promover um churrasco para o povo em praça pública em Teófilo Otoni e também em Malacacheta, a sua cidade. Parou com essa prática por temer consequências desagradáveis com a Justiça Eleitoral. Fez o que era certo.
Pois, bem! Que a sua eleição foi boa para a nossa região, sim, foi. É claro que ele dará muito mais visibilidade a esta região. Acredite, ele pode colocar novamente o Vale do Mucuri no mapa político. Mas é óbvio e evidente que não depende apenas dele. As pessoas em nossa região precisam parar de ficar esperando os políticos fazerem por elas aquilo que elas mesmas podem e devem fazer por si mesmas.
O que sugiro é bastante simples: Ao invés de olharmos para a eleição de Fabinho como uma bênção e um milagre que começa e termina em si mesma, será muito mais producente se encararmos a sua eleição como uma “oportunidade”. É claro que Fabinho, lá em Brasília, não vai ficar pensando em ajudar a resolver o meu e o seu problema aqui na terrinha. Pelo menos não conseguirá se lembrar de todos. Mas, se você procurar o seu gabinete com uma demanda e/ou anseio, ele agora tem muito mais condições de te ajudar a resolver esse problema do que tinha antes, quando era apenas mais um deputado na multidão de 513 membros da Câmara.
E se até aqui Fabinho sempre foi um sujeito popular e pronto a ajudar, ele pode ser agora algo ainda maior. Ele pode ser, de fato, uma alavanca para o progresso desta região. Cabe a cada um de nós saber fazer uso desta oportunidade.
Se você tem uma demanda, ligue para o gabinete do deputado Fabinho, converse com os assessores dele e exponha as suas reivindicações ou propostas. Se, por outro lado, ficar aí sentado, reclamando da vida e dos políticos, e dizendo que a eleição de Fabinho não trouxe nada de importante para a região, sabe o que vai acontecer? Simples: nada. Pelo menos nada acontecerá para você. Tudo continuará exatamente como antes.
Mas pense bem: neste caso, na hipótese de você ficar aí sentado, será que a culpa por sua vida estar do mesmo jeito é apenas dos políticos, seja Fabinho ou de qualquer outro?
Como eu sempre digo, quem viver, verá!