A quatro dias da eleição, aliados do candidato do PSDB à Presidência Geraldo Alckmin, passaram a apoiar de forma explícita a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL). Parlamentares do Centrão – bloco que fechou apoio ao tucano formado por DEM, PR, PP, PTB, PRB e SD – já pedem voto e declaram intenção de votar no capitão reformado do Exército em eventos de campanha.
Assim como representantes da bancada ruralista fizeram na terça-feira, líderes das bancadas evangélica e da bala assumiram ontem apoio a Bolsonaro. No entanto, eles não pretendem formalizar o apoio ainda no primeiro turno. Alckmin afirmou que a declaração da bancada ruralista foi desrespeitosa e fora de hora.
O deputado Hidekazu Takayama (PSC-PR), que coordena a frente dos evangélicos na Câmara, afirmou que o apoio do seu grupo é “tendência natural”, porque o candidato apoia os “valores cristãos e da família”. Por outro lado, Takayama afirmou que não há orquestração da frente para oficializar o apoio ao candidato, porque a maioria dos deputados está atualmente em campanha, sem tempo para reuniões. “Com certeza, acredito que a maioria aceitaria”, afirmou. Ele afirmou ainda que em eventual eleição de Bolsonaro, a frente provavelmente não faria oposição ao seu governo.
O criador da Frente Parlamentar da Segurança e candidato ao governo do Distrito Federal, Alberto Fraga (DEM-DF), declarou apoio pessoal ao militar ao vivo, durante o debate realizado pela TV Globo, na terça-feira. Fraga disse que o sentimento da maioria dos integrantes da chamada bancada da bala é apoiar Bolsonaro. “O apoio está implícito”, disse.
De acordo com ele, dos 306 integrantes do grupo, cerca de 170 querem o capitão reformado no Palácio do Planalto. A bancada da bala não existe formalmente no Congresso, mas a Câmara reconhece as frentes parlamentares suprapartidárias, organizadas por interesses comuns. A frente da segurança agrega neste momento 299 deputados. Fraga afirmou, contudo, que o grupo não se posicionará oficialmente porque nem todos os seus integrantes foram consultados sobre a questão. “Eu gostaria (de declarar posição), mas como não consegui reunir todo mundo, não tenho como emitir essa nota. Claro que deve ter gente que não concorda com essa decisão”, disse.
Membro das bancada da bala e evangélica, o deputado Lincon Portela (PR), afirma que grande parte dos parlamentares do PR jamais concordaram com a aliança com Geraldo Alckmin na disputa pela Presidência. “Nunca participei desse blocão que apoiava Alckmin. O que o PR fez é problema dele. Eu sempre disse que esse blocão nasceu esfarelado e deixei claro desde o início que apoiaria Bolsonaro”, afirmou Portela. O parlamentar afirmou que um manifesto pró-Bolsonaro feito no início da campanha que tinha 110 assinaturas já conta com 220 apoio de deputados federais e de outros 300 candidatos a deputado. Segundo Portela, o grupo mantém conversas semanais com Bolsonaro sobre o andamento da campanha.
SEM PUNIÇÃO
Alckmin criticou o apoio da Frente Parlamentar Agropecuária a Bolsonaro. Disse que deputados e senadores da frente não foram consultados e que a manifestação foi ato “individual e extemporâneo”. “A manifestação da frente foi até desrespeitosa. Eu também sou agricultor e não fui consultado. Deputados e senadores não foram consultados”, afirmou o ex-governador paulista, que aparece estagnado em quarto lugar nas pesquisas de intenção de voto.
Com 210 deputados e 26 senadores, muitos deles oriundos de partidos do Centrão – como sua presidente, deputada Tereza Cristina (DEM-MS) -, a FPA é um grupo forte no Congresso. Em carta publicada na página da entidade na internet, a parlamentar afirmou que a decisão “atende ao clamor do setor produtivo nacional, de empreendedores individuais aos pequenos agricultores e representantes dos grandes negócios”.
Questionado sobre o anúncio feito pela deputada, o presidente do DEM, ACM Neto, afirmou que Tereza não fala em nome do partido. “A deputada Tereza Cristina fala em nome da frente, mas não do DEM”, afirmou ACM Neto, que também é prefeito de Salvador. Segundo ele, “o DEM continua firme com Alckmin”. “A posição mencionada é a de um segmento, mas não é o retrato do partido”, disse. Perguntado se Tereza Cristina seria punida, ACM Neto disse que esse assunto não está na pauta. “O objetivo maior é nos unirmos em torno da campanha de Alckmin.”
(Com agências/via Estado de Minas)