Polícia Federal faz operação em BH na casa de comandante da PM no governo Pimentel

Polícia Federal faz operação em BH na casa de comandante da PM no governo Pimentel

Helbert Figueiró de Lourdes é investigado por tentar embaraçar ou obstruir mandados judiciais da PF em decorrência da operação “Acrônimo”

A Polícia Federal (PF) faz, na manhã desta quarta-feira (24), uma operação no bairro Santo Agostinho, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, na residência de um coronel reformado da Polícia Militar (PM).

De acordo com a PF, o coronel reformado Helbert Figueiró de Lourdes é investigado por tentar embaraçar ou obstruir mandados judiciais em decorrência da operação “Acrônimo”. Ele foi comandante-geral da PM no governo de Fernando Pimentel.

Ainda segundo a Polícia Federal, Figueiró avisava ao então governador sobre movimentação do efetivo da PF pela cidade, inclusive sobre voos da própria corporação com policiais que vinham de Brasília.

A investigação tenta descobrir como o ex-comandante-geral da PM obtinha informações dentro da PF. A operação desta quarta-feira, encerrada por volta das 7h30, foi feita com mandados de busca e apreensão. Os agentes seguiram para a sede da Polícia Federal levando três celulares e um computador. Figueiró deve ser ouvido ainda nesta quarta-feira.

Procurado pela TV Globo, o ex-governador Fernando Pimentel não quis comentar sobre a operação da PF alegando desconhecer “totalmente o teor da mesma”, mas fez questão de dizer que nunca recebeu “informações privilegiadas” de quem quer que seja sobre assuntos da Polícia Federal.

Em março de 2017, o Diário do Legislativo da Assembleia Legislativa de Minas Gerais registrou sessão durante a qual deputados comentaram que Pimentel seria concunhado de Figueiró, informação negada pelo ex-governador.

O advogado Eugênio Pacelli, que atende o ex-governador Fernando Pimentel, disse à TV Globo que não atua neste processo e que, por isso, desconhece qualquer informação a respeito do fato que motivou a operação da Polícia Federal desta quarta-feira. A TV Globo também entrou em contato com a Polícia Militar, mas não teve retorno.

Coronel reformado foi comandante-geral da PM no governo de Fernando Pimentel — Foto: Reprodução / TV Globo

Entenda o caso

A apreensão de R$ 113 mil em um jatinho, em outubro de 2014, deu início às investigações da operação “Acrônimo”, que apura um suposto esquema de lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos para financiamento de campanhas eleitorais. Na ocasião, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou abertura de inquérito para apurar suposto elo com Pimentel.

No dia 7 de outubro de 2014, a Polícia Federal apreendeu mais de R$ 110 mil com passageiros de uma aeronave que pousou no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília. De acordo com a corporação, o jatinho pertencia a uma empresa de táxi aéreo e estava com três passageiros, vindos de Belo Horizonte.

De acordo com PF, os três passageiros da aeronave eram Marcier Trombiere Moreira, que trabalhou na campanha do governador eleito de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, dono de uma gráfica que também prestou serviço para o petista, e um homem identificado como Pedro Medeiros. No dia seguinte à apreensão, a corporação abriu um inquérito e iniciou as investigações.

Primeira fase

Em 29 de maio de 2015, a Polícia Federal iniciou a primeira fase da Operação Acrônimo, em Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. A corporação apreendeu documentos em um apartamento em Brasília da primeira-dama do governo de Minas, Carolina de Oliveira.

O delegado regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado, Dennis Cali, disse, na ocasião, que não havia nenhuma autoridade com prerrogativa de foro ou partido político sendo investigado.

No dia 30 de maio de 2015, o governador do Minas, Fernando Pimentel, fez um pronunciamento e declarou que o envolvimento da mulher na investigação se trata de um “equívoco”. “Ocorre, o mandado de busca e apreensão foi expedido com base numa alegação, numa definição inverídica, absolutamente inverídica”, disse, na ocasião.

No dia 1º de junho de 2015, o advogado de Carolina de Oliveira, Pierpaolo Bottini, afirmou ter entregue ao juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal, em Brasília, documentos que, segundo ele, comprovam a inocência da primeira-dama mineira. Estes documentos mostravam datas de abertura e de fechamento de empresa que seria de Carolina.

“A empresa de Carolina de Oliveira não é uma empresa de fachada. Ela prestava serviços de assessoria de comunicação, ela ocupou efetivamente aquele imóvel até julho de 2014”, afirmou ele, na ocasião.

Segunda fase

No dia 25 de junho de 2015, a Polícia Federal realizou a segunda fase da Operação Acrônimo e cumpriu 19 mandados de busca e apreensão em três estados e no DF. Dez mandados foram expedidos para a capital federal, seis para Belo Horizonte, e os outros três para Uberlândia (MG), Rio de Janeiro e São Paulo.

Um dos locais onde os agentes cumpriram mandado na data era um escritório no bairro Serra, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, que foi usado como escritório de campanha de Pimentel, no ano passado.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou abertura de inquérito, solicitada pela Polícia Federal, para apurar o suposto envolvimento do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), e da mulher dele, Carolina de Oliveira, nos fatos investigados pela operação “Acrônimo”.

O advogado apresentou o requerimento e termo de encerramento contratual da Oli Comunicação e Imagem Eireli, ambos com data do segundo semestre de 2014, e afirmou que os documentos que comprovam a inocência da cliente seriam entregues à Justiça.

(Com informações de Fernando Zuba, TV Globo, colaborou Cintia Paes)



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