Fabio Sabba ressalta que o aplicativo não é concorrência aos táxis, mas sim uma solução extra para o problema de mobilidade urbana
Por Lucas Ribeiro
Na última quinta-feira (18), aconteceu em Brasília uma audiência pública promovida pela Comissão de Viação e Transportes da Câmara para discutir a legalidade do aplicativo Uber no país.
Além dos deputados, estavam presentes taxistas e representantes da startup americana. O debate foi acalorado, um taxista precisou ser retirado do evento e outro declarou ao jornal Folha de S. Paulo que “não há como conter a categoria” e que “vai ter morte”.
O site de VEJA procurou o taxista Edmilson Americano, presidente da Associação Brasileira de Motoristas de Táxi (ABRACOMTAXI), para que comentasse os principais argumentos pró-Uber. O mesmo foi feito com o porta-voz do Uber no Brasil, Fabio Sabba, para que rebatesse as acusações dos taxistas. Abaixo, o posicionamento da startup.
A acusação: o Uber faz exatamente o mesmo trabalho dos taxis, transporta pessoas e cobra por isso.
A resposta: De fato o Uber leva pessoas de um ponto A a um ponto B, assim como o ônibus e as bicicletas. Mas o táxi é um serviço público de transporte, é só sair na rua e fazer um sinal para um dos veículos identificados. Já o Uber é uma plataforma privada que exige que o usuário tenha um smartphone e um cartão cadastrado para participar. Os carros do Uber não tem marca exterior, porque não é possível pegá-los na rua. Essa tecnologia não existia antigamente, é um jeito diferente de conectar o motorista ao usuário. É um serviço por demanda. Para dar um exemplo, não dá para dizer que o Netflix, empresa de conteúdo on demand, faz o mesmo que os canais da televisão aberta.
A acusação: O Uber não é inovador. A tecnologia do aplicativo já era usada por apps como 99taxi e EasyTaxi.
A resposta: Mais uma vez, não dá para comparar as duas coisas, porque uma condiciona o transporte público em uma plataforma, e o Uber lida com motoristas particulares. Além disso, tanto motoristas quanto usuários são avaliados depois da corrida no nosso aplicativo, e aqueles que não receberem uma nota de pelo menos 4,6 de um total de 5 são excluídos permanentemente da nossa rede.
A acusação: Motoristas do Uber não pagam imposto de renda nem INSS, tributos que os taxistas precisam pagar.
A resposta: Isso é um absurdo. Em primeiro lugar, todo o pagamento na nossa plataforma é feito por cartão de crédito, com valores depositados na conta do motorista, ou seja, não há como falsificar valores, é 100% transparente. Além disso, todos os motoristas do Uber que ganham menos de 60 000 reais pagam impostos como Microempreendedor Individual (MEI), e aqueles que têm uma renda superior a essa, pagam pela regra do Simples Nacional. Vale lembrar que eles também pagam o IPVA de um carro executivo, que é um valor alto.
A acusação: O Uber burla a legislação brasileira que diz que a atividade de transporte remunerado de passageiros em veículos privados é exclusiva de taxistas.
A resposta: O Uber traz um modelo novo, e como qualquer novidade, o app também veio antes de uma regulação. Estamos conectando motoristas profissionais de modo inédito, mas não inventamos essa profissão. Antes já existiam motoristas que levavam executivos e presidentes de empresa, o Uber não criou essa categoria, tanto é que a maioria dos nossos motoristas já tinha essa profissão antes de o Uber chegar. Somos a favor da regulamentação, e não só para o Uber, porque temos certeza que outras empresas que querem resolver o problema de mobilidade urbana surgirão. Somos a favor da regulamentação para fomentar a inovação.
A acusação: O Uber tira o emprego de pessoas. Há quem defenda que logo, com os carros inteligentes, sem motoristas, nem haverá mais empregados no setor.
A resposta: Nossas pesquisas mostram que de 85% a 90% dos brasileiros que usam o Uber têm carro em casa. Essas pessoas usam a plataforma para ir trabalhar e deixam o automóvel na garagem. Não dá para falar que um está roubando o lugar do outro. Sequer consideramos os taxistas como concorrentes. As pessoas não querem mais ficar no trânsito, nem comprar um carro. O Uber é só mais uma solução para o problema da mobilidade urbana, e essas alternativas não se sobrepõem, se somam. O próprio Uber têm outros modelos de negócio, como o UberPool, que leva no mesmo carro mais pessoas, com destinos próximos. Pesquisas mostram que nesse projeto, que já está funcionando em cidades como Nova York, Paris e São Francisco, um carro do Uber consegue tirar outros 25 veículos das ruas. Nós queremos melhorar a mobilidade urbana.
Depois da audiência, o presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores nas Empresas de Taxi de SP (Simtetaxis) disse ao jornal Folha de S. Paulo que “não há como conter a categoria” e que “vai ter morte”. Pode comentar essa afirmação?
A Uber não tolera nenhum tipo de violência. Nós respeitamos todas as pessoas e instituições do país.