Prefeitos estão de olho no superávit do governo de Zema

Prefeitos estão de olho no superávit do governo de Zema

Resultado positivo das contas do governo nos primeiros dois meses do ano faz aumentar a pressão dos municípios, que cobram o repasse de R$ 1 bilhão relativos ao IPVA e ICMS de janeiro

Prefeitos querem fechar acordo com o governador Zema até sexta-feira. Caso contrário, prometem recorrer à Justiça – Foto: Gil Leonardi/Imprensa MG 11/2/19

A divulgação pelo governo estadual de um superávit de R$ 4 bilhões nas contas do estado em janeiro e fevereiro – segundo informe publicado no site de notícias do Executivo – esquentou ainda mais a já conturbada relação entre o Palácio Tiradentes e os municípios.

Os prefeitos cobram do governo o repasse de R$ 1,046 bilhão em IPVA, ICMS e piso da educação referentes a janeiro deste ano, já na gestão de Romeu Zema (Novo).  De acordo com a Associação Mineira de Municípios (AMM), a proposta do governo é quitar a parcela junto com os outros R$ 12,3 bilhões devidos por Fernando Pimentel (PT) em 30 meses, a partir do ano que vem. 

A alternativa já foi rejeitada pelos municípios, que deram um ultimato a Zema: até sexta-feira querem fechar acordo sobre os recursos; caso contrário, prometem recorrer à Justiça com pedido de intervenção e até um impeachment do governador. “É uma situação muito séria e não queremos ter que fazer uma medida mais drástica, mas é preciso uma solução prática. Se o governo apresentou um superávit, porque reteve mais de R$ 1 bilhão dos municípios?”, reclamou o presidente da AMM e prefeito de Moema, Julvan Lacerda. 

Na sexta-feira representantes da entidade têm mais uma rodada de negociação com as secretarias de Fazenda, Planejamento e Governo na expectativa de ter uma proposta concreta e imediata para o repasse do primeiro mês do ano. O vereador Mateus Simões (Novo) – um dos principais aliados políticos do governador –, assegura que o governo tem a proposta de quitar os R$ 1,046 bilhão tão logo seja implementado no estado o regime de recuperação fiscal.

Trata-se de um acordo com a União, que implica uma espécie de renegociação da dívida de Minas com o governo federal, reduzindo as parcelas que hoje consomem boa parte dos recursos em caixa. Antes desse acordo, no entanto, é necessário a aprovação pelos deputados estaduais.

De acordo com o parlamentar, o texto está sendo preparado a partir de dados que passam pelo Tesouro Nacional para então ser encaminhado à Assembleia Legislativa. “Mas, por necessidade, o estado precisa que seja aprovado ainda no primeiro semestre”, afirmou Simões. Segundo ele, apenas com a aprovação da recuperação fiscal o governo terá verba suficiente para começar a quitar a dívida com os municípios. Sobre o superávit anunciado em janeiro, ele afirmou que se trata de um número contábil, que não representa dinheiro em caixa.

“O estado está parcelando os salários, o 13º está parcelado de 11 vezes, temos um déficit de R$ 12 bilhões. Os municípios acham que o dinheiro está sobrando? Qualquer folga de caixa, os repasses para os municípios serão feitos. Mas por enquanto não há recursos. A matemática não comporta devaneios”, argumentou Mateus Simões.

BDMG

Enquanto não há um acordo sobre o assunto, pelo menos 30% dos prefeitos de Minas Gerais podem se ver diante de uma alternativa para reduzir o prejuízo. A AMM defende que os financiamentos em aberto contraídos pelos municípios no Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) sejam descontados da dívida do estado, que é controlador da instituição financeira. O texto começou a tramitar nesta semana na Assembleia Legislativa e ainda aguarda a nomeação de um relator na Comissão de Constituição e Justiça da Casa. “É uma boa solução parcial, mas que resolve o problema para alguns municípios. Não são todos que têm financiamentos com o BDMG”, afirmou Julvan.

De acordo com o BDMG, a dívida dos municípios com a instituição é hoje de R$ 672 milhões. As linhas de crédito se referem a programas para aquisição de máquinas rodoviárias e equipamentos; construção, ampliação ou reforma de prédios públicos; eficiência energética; mobilidade e drenagem urbana ou soluções de abastecimento de água, esgotos e resíduos sólidos.

Arrecadação

De acordo com texto publicado na Agência Minas – site de notícias do governo, em janeiro e fevereiro deste ano, dos R$ 17,1 bilhões arrecadados, o governo comprometeu R$ 13,1 bilhões com as despesas, gerando um superávit de R$ 4 bilhões. O número foi 48,1% maior no comparativo com o primeiro bimestre de 2018, quando houve um excedente de R$ 2,7 bilhões. O resultado é creditado à arrecadação com o IPVA.

(Fonte: Isabella Souto – Estado de Minas)



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