Por David Ribeiro Jr.
TEÓFILO OTONI
O chamado “recesso longo da política”, que compreende o fim de uma administração municipal e o início de outra, e, por conseguinte, das respectivas legislaturas nas câmaras municipais, está chegando ao fim (ainda bem!).
Esse recesso é longo porque quase tudo para enquanto os novos agentes públicos — prefeitos e vereadores — não deixam claro a que vieram. Com alguma frequência, o recesso longo é só uma desculpa para justificar o “nada acontece” que marca a situação de muitas cidades pequenas, principalmente cidades cujos novos prefeitos encontraram as finanças da prefeitura com dificuldades (a maioria, pra dizer o mínimo).
O excessivo número de feriados nos primeiros meses do ano é muitas vezes usado como desculpa para alongar esse recesso — e, neste sentido, o calendário 2017 contribuiu bastante com quem tem interesse no alongamento desse período.
É bem verdade que ainda temos mais um feriado a caminho, o de 1º de maio, Dia do Trabalhador, mas esse, até em virtude da sua natureza cívica, implica em solenidades públicas, festas promovidas por sindicatos e entidades de classe, e, com isso, o feriado de 1º de maio acaba sendo muito mais uma ocasião para tirar algumas figurinhas carimbadas da toca do que para elas se esconderem lá.
É claro que algumas pessoas vão continuar sumidas e se escondendo do eleitor — ainda mais numa crise econômica como a que estamos vivendo neste momento, em que, basta um político qualquer aparecer na Rua X para logo aparecer alguém reclamando de um problema, na maioria das vezes pessoal, e pedindo ajuda para isso e para aquilo…
E, antes que alguém me atire pedras, não estou dizendo que não se pode cobrar dos nossos representantes que cumpram suas obrigações de garantir as melhores e mais eficientes políticas públicas para tornar melhor a vida do cidadão, que é a base da nossa sociedade. Pode, sim. E mais do que poder, o cidadão deve cobrar a eficiência das políticas públicas. O problema é quando o cidadão confunde políticas públicas com interesses unicamente pessoais. E você que me lê agora sabe muito bem do que estou falando. Isso cria um ambiente que encarece campanhas eleitorais e propicia, ou, pior ainda, estimula, a proliferação da corrupção na esfera política. Está aí a Lava Jato para comprovar. E aqui, bem perto de nós, temos a operação Mar de Lama na esfera da política municipal da vizinha cidade de Governador Valadares.
Mas, tendo feito todo este preâmbulo, permita-me agora ir direto ao ponto que é o que propõe o título deste editorial: apresentar uma prévia dos nomes que, num primeiro momento, estão pensando em disputar as eleições do ano que vem ao cargo de deputado estadual a fim de garantir uma vaga na Assembleia Legislativa de Minas. E, só pra constar, alguns analistas insistem em afirmar que, provavelmente, 2018 será um dos anos com o menor número de candidatos de Teófilo Otoni disputando uma vaga de deputado estadual.
Com base nisto, cumpre aqui esclarecer que os nomes que apresento a seguir são uma espécie de lista não oficial. Até o ano que vem muita coisa pode mudar, ainda mais tendo em vista a possibilidade de uma reforma política este ano, e já com vigência para as eleições de 2018.
Mas vamos aos nomes:
NEILANDO PIMENTA
O deputado estadual Neilando Pimenta, do PP, atualmente o único representante de Teófilo Otoni na Assembleia Legislativa — e olha que, em outros tempos, já chegamos a ter quatro deputados estaduais da cidade — vai, sim, concorrer à reeleição, segundo o que confirmou a sua assessoria ao minasreporter.com. Neilando é um empreendedor advindo de uma família que, no passado, fazia parte do grupo político do ex-deputado Kemil Kumaira. Funcionário de carreira da Câmara Municipal de Teófilo Otoni, ganhou projeção política quando assumiu a presidência local do PHS, que elegeu o vereador Valmir de Abreu nas eleições de 2000. Em 2001 assumiu a Secretaria Municipal de Ação Social e Habitação. Em 2002, enquanto fazia doutorado na UNIPAC de Barbacena, vislumbrou a possibilidade de trazer uma unidade da universidade para Teófilo Otoni, o que acabou se revelando um enorme acerto. Em 2010 disputou sua primeira eleição, já para deputado estadual, pelo PHS, e foi eleito com 55.398 votos. Em 2014 foi reeleito, agora pelo PP, com 86.252 votos, representando um aumento de 55,69% dos votos obtidos na primeira disputa. Em 2018, com uma base ampliada de prefeitos, Neilando pretende aumentar ainda mais a sua votação.
JORGE ARCANJO
O consultor político e presidente do PSDC de Teófilo Otoni, Jorge Arcanjo da Rocha, garante que é, sim, pré-candidato a deputado estadual, e pretende fazer uma campanha diferente do que fazem os políticos tradicionais. Segundo Jorge, a sua campanha será pautada em uma nova forma de fazer política, com o candidato olhando no olho do eleitor e conversando sobre os problemas da região enquanto defende a sua plataforma política sem comprar votos nem promover o clientelismo eleitoral. Embora seja nascido em Machacalis, Jorge Arcanjo começou a vida pública na vizinha cidade de Itambacuri, onde foi candidato a vereador e chefe do gabinete do então prefeito Jackson Perdigão. Depois foi chefe do gabinete do prefeito Marcondes Oliveira, em Campanário, cidade onde chegou a disputar as eleições municipais de 2012. Antes, em 2009, foi chefe do gabinete do então presidente da Câmara Municipal de Teófilo Otoni, Renan Pereira, o Renan Detetive. Em 2014 foi o coordenador regional da campanha vitoriosa do governador Fernando Pimentel ao Governo de Minas, o que acabou lhe rendendo o cargo de assessor especial do governador na região do Vale do Mucuri, onde tem feito um bom trabalho de aproximação do Governo do Estado com os prefeitos da região — região esta que tem a maioria dos prefeitos ligados à base política do senador e ex-governador Aécio Neves —, e também com as entidades populares.
ROBERTO MARCOS
Roberto Marcos não é um estreante em disputas à Assembleia de Minas. Ele já disputou antes, em 2002, pelo PDT, sem falar que já foi coordenador de outras campanhas políticas na cidade. Em 2016, depois de um hiato de tempo fora da cidade, candidatou-se a prefeito pelo PSOL, e garante que no ano que vem será candidato a deputado estadual, provavelmente pelo mesmo partido. Como profissional de comunicação de competência reconhecida, Roberto sabe interagir bem com o público, principalmente através das redes sociais, e oferecer um discurso que motiva o engajamento do eleitor insatisfeito com a política tradicional. Em 2002, por exemplo, usou como slogan de campanha a frase “o novo era mesmo inevitável” ao se referir à sua campanha, o que agradou a muita gente. Em 2018 terá que disputar com Neilando Pimenta, que já é um nome consolidado profissional e politicamente, e que deverá ser o candidato de Getúlio Neiva (que, aceitem ou não, é o maior cabo eleitoral da região), e também com Jorge Arcanjo, que se apresentará como candidato do governador Pimentel e do prefeito Daniel Sucupira (outro grande cabo eleitoral que continua angariando simpatias no meio político).
Candidatos Regionais
Dr. JEAN FREIRE
É claro que, quando se fala em candidatos regionais a deputado estadual, o primeiro nome que vem à mente é o do deputado Jean Freire (PT). O Dr. Jean é um daqueles casos de pessoas que crescem com base no seu esforço pessoal. Filho de uma família humilde de agricultores, começou a trabalhar bem cedo na vida. Aos 14 anos já era porteiro do Hospital Vale do Jequitinhonha, em Itaobim, e depois atendente, e também exerceu as mesmas atividades no Hospital Santa Rosália, em Teófilo Otoni. Com a ajuda de amigos, formou-se em Medicina no ano de 1998 no Rio de Janeiro. Em 2002 voltou para Itaobim a fim de exercer a Medicina mais próximo dos seus familiares. Em 2004 foi eleito vereador com votação recorde e reeleito em 2008 e 2012. Em 2014 elegeu-se deputado estadual pelo PT com 52.315 votos.
GUSTAVO SANTANA
Outro deputado que quer ganhar projeção política na região do Vale do Mucuri é Gustavo Santana, filho de José Santana, que representou várias cidades da região como deputado estadual e depois como deputado federal, e irmão de Bernardo Santana, que chegou a ser secretário de Defesa social no governo de Fernando Pimentel. Gustavo Santana era suplente, mas conseguiu assumir a cadeira na Assembleia depois que dois deputados da sua coligação foram eleitos prefeitos: Deiró Marra, de Patrocínio, no Alto Paranaíba, e Wander Borges, de Sabará, na Região Metropolitana. Desde que assumiu a vaga de deputado, Gustavo vem fazendo um trabalho de massificação da sua imagem visando ampliar a sua votação para assumir em definitivo como sucessor do clã dos Santana na vida pública de Minas Gerais.
RAYDAN LOTT
Nos anos noventa Raydan Lott ganhou projeção regional por promover alguns dos mais festejados rodeios em nossa região. Desde então acabou migrando para a política, sendo, atualmente, um dos homens de confiança do deputado federal Renzo Braz em nossa região. Por ter se tornado um dos principais interlocutores entre Renzo e suas bases no Nordeste de Minas, e associando-se a isso a sua própria popularidade, principalmente nas redes sociais, Raydan tem pensado em apresentar o seu nome a deputado estadual nas eleições de 2018. No último contato mantido pelo minasreporter.com, disse que ainda estava consultando as bases, mas que tem, sim, interesse na disputa.
Mudanças na lista
É claro que nos próximos meses muitos nomes serão apresentados como prováveis candidatos. Muitos, mesmo. Mas a grande maioria será formada apenas por oportunistas que soltam balões de ensaio visando ganhar alguma projeção para as eleições municipais que ocorrerão dois anos depois. O descaramento neste sentido é tamanho que alguns pseudocandidatos se lançam na disputa apenas interessados em receber ajuda do partido, mas pensando em embolsar a tal ajuda e usá-la para outros fins, ou quando muito, para a eleição de vereador dois anos depois. E há o pior de todos os casos, que é quando um nome com alguma popularidade se apresenta como pré-candidato a deputado estadual visando única e exclusivamente vender a sua candidatura. Ou seja: aceitar dinheiro de um candidato com maior potencial para não o atrapalhá-lo em suas bases… coisas da política brasileira.
E quanto a Daniel Sucupira?
Uma corrente de idiotas (me desculpe a expressão, mas as outras opções de palavras são piores) tem espalhado por aí que o prefeito de Teófilo Otoni, Daniel Sucupira, deixará a Prefeitura nas mãos do vice, Dr. José Roberto Corrêa, e se lançará candidato a deputado estadual em 2018. É lógico e evidente que isso é uma idiotice porque Sucupira não vai correr o risco de manchar a sua trajetória política num momento tão importante quanto este em que está, abandonando pela metade um importante cargo para o qual foi eleito. Muita gente ainda se lembra que, depois de eleito prefeito em 2012, Getúlio Neiva, à época suplente de deputado, ganhou o direito de assumir a cadeira. Muito se especulou sobre ele voltar à Assembleia e deixar a Prefeitura entregue ao vice, Dr. Ilter. Getúlio preferiu ficar em Teófilo Otoni. Daniel não vai correr riscos de ter que ir para uma disputa que nem sabe se vencerá. O mais provável é que ele apoie Jorge Arcanjo, que foi um dos cabos eleitorais mais entusiastas que teve na eleição do ano passado.
E quanto ao Dr. José Roberto Corrêa?
Outra corrente — tão idiota quanto a que espalha uma provável candidatura de Sucupira já no ano que vem — garante que, se o prefeito não for candidato a deputado estadual, o seu vice, Dr. José Roberto Corrêa, o será. Por que digo que a ideia é tão idiota quanto a anterior? Simples. Porque o Dr. José Roberto Corrêa, que é um homem de palavra, já se comprometeu com a pré-candidatura de Jorge Arcanjo, que é do seu partido, e que foi quem o apontou como candidato a vice na chapa vencedora de Daniel Sucupira. É claro que o Dr. José Roberto Corrêa é um homem competente e seria um grande deputado estadual, mas, por causa dos compromissos assumidos, ele não deve se lançar candidato.
E quanto a Getúlio Neiva?
Há uma terceira corrente de idiotas (tem idiota pra todo gosto) que anda alardeando que Getúlio Neiva será candidato a deputado estadual. Não. Num primeiro momento não há previsão dessa candidatura. Quem espalha esses boatos o faz acreditando que Getúlio estará recuperado no ano que vem do avc sofrido em julho do ano passado. Eu também acredito. Acredito, torço e oro pela sua recuperação. Mas, se tiver que voltar à vida pública no ano que vem, não será como candidato a deputado estadual porque ele tem compromisso com Neilando Pimenta. Já uma candidatura a deputado federal é uma outra história. Ao que nos conste, Getúlio ainda não tem compromisso oficial com ninguém, embora muita gente anda alardeando por aí que será o seu candidato.
E quanto a mim, David Ribeiro Jr?
Bem… em primeiro lugar, eu nunca disse que seria candidato a deputado estadual… nem a cargo político algum. O que disse, e repito, é que fui convidado por quatro partidos diferentes a apresentar o meu nome a deputado estadual nas eleições do ano que vem. Fui convidado, só isso. É bem verdade que me sentiria bastante honrado em servir ao meu estado como parlamentar junto à Assembleia Legislativa, mas ando tão atarefado envolvido em outros projetos que consomem todo o meu tempo que não sei se teria condições de assumir uma candidatura já para 2018 — sem falar no custo disso. Por enquanto, não. Contudo, obrigado por todas as muitas manifestações de torcida que recebi.
E os candidatos a deputado federal?
Aí o bicho vai pegar.
Ao contrário dos prováveis nomes que devem disputar como candidatos a deputados estaduais pela cidade, que são três, e mais três regionais, como apresentei aqui — e, claro, alguns paraquedistas aparecerão ainda gritando que têm direito aos seus nomes nesta relação… mas isso é assunto para depois —, a lista dos prováveis candidatos a deputado federal é enorme. Aliás, não sei onde as pessoas pretendem arranjar tanto voto para ser distribuído entre os pretensos candidatos a deputado federal. Acredite, são muitos.
Mas, como isso é assunto para outro editorial, termino, como sempre, lembrando que, quem viver, verá!