Refletindo sobre o que ninguém pergunta em voz alta: “E se Daniel Sucupira continuar prefeito?”

Refletindo sobre o que ninguém pergunta em voz alta: “E se Daniel Sucupira continuar prefeito?”

O prefeito Daniel Sucupira (PT) tomou posse para o seu segundo mandato como chefe do Poder Executivo de Teófilo Otoni em 1º de janeiro de 2021 (foto: ASCOM PMTO)

— Por David Ribeiro Jr. —
TEÓFILO OTONI

Depois de vários meses afastado da diretoria do MINAS REPÓRTER, reassumi hoje a minha função de editor-executivo do portal, o que muito me honra (o meu último editorial foi publicado em 14 de maio do ano passado, 2020… ufa! Faz tempo).

Como sempre, procurarei cumprir o meu papel da melhor maneira possível, direcionando esse importante veículo de comunicação para dar suporte ao melhor interesse do povo de nossa cidade e região.

Ao longo das últimas semanas, mesmo afastado do jornalismo, e quase que da vida pública, não faltaram contatos de amigos e curiosos me perguntando sobre o que penso da “cassação” do prefeito Daniel Sucupira.

Bem… o que dizer a esse respeito? O que dizer sobre essa suposta, eventual e hipotética “cassação”?

Primeiro, e por mais duro que seja: Isso não é mais da minha conta. Como cidadão, cabia a mim, e a você que está lendo, votar… em quem quer que seja.

Uma vez que votamos, agora nada mais podemos fazer senão esperar que quem esteja à frente do cargo exerça a função da melhor maneira possível e em nome do melhor interesse público. Ou seja: em favor do nosso melhor interesse — meu e seu.

Neste momento, sejamos realistas: Torcida contra ou a favor da manutenção ou da cassação do prefeito não vai mudar em absolutamente nada o voto dos desembargadores que decidirão essa situação. Pode haver passeata (passeata, não, porque aí é aglomeração — sejamos conscientes neste momento) em favor ou contra o prefeito que isso nada vai influenciar o voto dos desembargadores. Em resumo: Não há nada que você ou eu possamos fazer para manter o prefeito no cargo ou afastá-lo do cargo. Então, parafraseando o grande influenciador Pablo Marçal: “Vá cuidar da sua vida!”

Acredite, eu estou cuidando da minha.

Com base no que expus até aqui, ao invés de ficar explanando desdobramentos sobre a situação política de Daniel Sucupira, quero convidar a você que está me lendo agora a adotar uma postura diferente; não contra ou a favor de Daniel… não é nada disso. O meu convite é para que você se pergunte o seguinte: Por que a cidade tem de ficar parada esperando uma decisão judicial sobre a manutenção, ou não, do prefeito à frente do seu cargo?

E a resposta óbvia: A cidade não tem de ficar parada. Não precisa nem pode. Isso é tolice. É idiotice. Sem falar que é contraproducente para quem, como a maioria absoluta da população, não vive de emprego público.

Talvez você insista em dizer que enquanto não houver uma posição da Justiça fica um clima instável na cidade. Mas eu pondero: Fica um clima instável para quem?

Qualquer um que observar a política com um mínimo de atenção verá que o prefeito está trabalhando normalmente, que está administrando a cidade normalmente, e que está se conduzindo à frente do cargo normalmente… como se nem houvesse esse fantasma pairando sobre sua cabeça. E se Daniel, que é quem tem de se preocupar com isso, entendeu que o melhor a fazer é trabalhar… por que você e eu, que não temos, pragmaticamente, nada a ver com quem ganha ou quem perde, temos que agir diferente?

Já é considerado favas contadas no nosso país que um dos problemas das cidades do interior do Brasil é a dependência excessiva do poder público, seja das prefeituras ou dos cargos da estrutura administrativa do Estado, da União e dos órgãos auxiliares.

Há pessoas que não conseguem enxergar outro rumo para suas vidas que não seja trabalhando num emprego — muitas vezes mixuruca — no Poder Público. Às vezes essas pessoas estudam, se formam, graduam-se em profissões importantes e para as quais há até bastante demanda no mercado de trabalho… mas o indivíduo foi educado a depender do empreguinho na Prefeitura ou em outra instância do Poder Público.

A pior parte, ou o pior momento da vida dessas pessoas, é quando o alcaide que lhe deu o emprego perde a mamat… ou melhor, o mandato. Quando isso ocorre, o sujeito que é dependente fica quatro anos esperando pra ver se o seu alcaide ganha a próxima eleição. Enquanto isso, fica o dia todo nas redes sociais falando mal de quem está no poder.

Chega disso, né, gente?!

Quem acompanha o meu trabalho sabe a importância que dou à política como ferramenta de transformação social. Entendo, sinceramente, que apenas através do uso coerente e conveniente da política séria — e não da política porca e ruim, que só gera atraso — que conseguimos criar os mecanismos para mudar o País, o Estado e a Cidade. Mas a função da política começa e termina aí: em fornecer as ferramentas. Apenas isso e nada mais. Nenhum país do mundo se desenvolveu por causa da sua classe política, e sim pela natureza empreendedora da sua gente. A política importa, e muito!, mas não é nem de longe o fator mais importante para o desenvolvimento. Acredite: Nós, você e eu, é que temos o poder de criar a transformação que queremos para as nossas vidas e para os nosso familiares.

Dito isto, voltemos ao caso Daniel.
Eu imagino que haja muita gente me criticando agora por esta minha postura, mas algo que sempre fui é fiel ao que acredito. Para nós, o povo, que vivemos do suor do nosso trabalho na iniciativa privada — que é o caso de 97% da nossa população local, ou mais —, quem ocupa o cargo de prefeito pode ou não ajudar a cidade a se desenvolver mais ou menos para dar respaldo às atividades do cidadão comum. Mas a não ser que você que está me lendo agora seja um puxa-saco de política (conheça mais sobre este tema neste editorial), o melhor a se fazer é votar e deixar que quem ganhou cumpra o seu papel.

Toda eleição é a mesma coisa. Em todas as campanhas eu vejo promessas mirabolantes de gente que diz que vai mudar tudo quando estiver à frente do cargo. Depois de eleito, diz que não faz mais porque a estrutura é engessada — e acaba não fazendo nada diferente. Acontece que a estrutura política do Brasil é engessada mesmo. Mas o sujeito já sabe disso quando se candidata. E você também, quando vota. Se cai em conversa mole… desculpa dizer isso assim na cura dura, mas a culpa é sua.

Devemos fazer cobranças ao prefeito? É claro que sim. Tanto ao prefeito quanto aos vereadores, deputados, senadores, governador, presidente… Devemos cobrar, sim, e muito por sinal. Mas precisamos ser coerentes. As coisas não vão mudar do dia para a noite só porque “A” ou “B” está à frente do cargo tal. Pergunte aos mais velhos quantas vezes já assistiram a esse mesmo filme.

Comandante Marinho
E, antes que alguém diga que estou fazendo apologia contrária ao Tenente-Coronel Fábio Marinho, que ficou em segundo lugar na última eleição, não estou. Desejo a ele, que conheço e sei se tratar de uma pessoa de bem, todo o sucesso, seja na vida militar ou na vida política. Mas espero que você entenda que o que estou dizendo aqui é que você que está me lendo tem de se preocupar menos com a política (menos, não deixar de preocupar) para se preocupar mais com a sua vida. E vamos deixar que os políticos disputem entre si, no ambiente apropriado para isso — que neste momento é na esfera judicial.

E voltando à pergunta que dá título a este editorial: E se Daniel for mantido no cargo de prefeito?

Bem… Ele vai continuar trabalhando. E imagino que dando o melhor de si para que a cidade cresça, se desenvolva e que ele, Daniel, se consolide como líder forte para garantir a eleição do seu sucessor e ajudar aos seus projetos futuros.

E se a Justiça determinar que o prefeito não seja mantido no cargo?

Aí muita coisa pode acontecer: Pode haver nova eleição (mas, com isso, o partido do prefeito ainda pode concorrer normalmente)… pode-se nomear o segundo colocado, o Tenente-Coronel Marinho… vou abordar todos esses desdobramentos minuciosamente em outro editorial. Pode me cobrar.

E, claro!, se a decisão judicial for contrária ao prefeito, não podemos nos esquecer de que ele ainda pode recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Até lá muita água pode e vai passar por debaixo da ponte.

É uma bobagem que nós, que não dependemos de emprego público pra viver, percamos tempo com isso. Vamos cuidar da nossa vida e deixar agora que a Justiça decida com base na lei.

De minha parte, só torço para que, quem ficar à frente do cargo, seja o atual prefeito Daniel, que venceu a eleição, ou quem quer que seja, faça um bom trabalho, um trabalho que ajude a cidade a crescer e a se desenvolver. Afinal, se a administração do prefeito vai bem, a cidade toda vai bem… e nós que dependemos de que a cidade progrida todos os dias, teremos a garantia de poder trabalhar pelo progresso, ao invés de ficarmos reclamando de que o prefeito de turno só faz a cidade andar pra trás.

E, como eu sempre digo: Quem viver, verá!

Por David Ribeiro Jr.

David Ribeiro Jr. é editor-chefe do Portal minasreporter.com

E-mail: davidsanthar@hotmail.com



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