Por David Ribeiro Jr.
TEÓFILO OTONI
A queda de braço entre o Grupo Globo de Comunicação e o presidente da República, Michel Temer, acaba de fazer mais uma vítima.
O megacomplexo empresarial do Grupo Globo compreende a poderosa Rede Globo de Televisão (em canal aberto), a GloboNews, a Rádio Globo, o jornal impresso O GLOBO, o portal de notícias na internet G1; o serviço de streaming GloboPlay, além de uma enorme variedade de outras empresas voltadas para o mercado editorial e de entretenimento. É, de longe, sem sombra de dúvidas, o maior grupo de comunicação do País, com poder suficiente para influenciar a eleição e queda de presidentes, ministros do STF, governadores, senadores…
Pois é! E foi o poderoso Grupo Globo que resolveu que Michel Temer já não serve mais aos seus interesses e, portanto, não pode ser mais o presidente da República. Para a Globo, apesar do discurso oposicionista à sua linha editorial que é feito pela maioria dos políticos e militantes de esquerda, é muito melhor que volte Lula à Presidência, e, uma vez que o líder petista está à frente em todas as pesquisas, a Globo tem dado especial cobertura à campanha das “Diretas Já”, que anteciparia as eleições de 2018, mesmo sabendo se tratar de algo inconstitucional. E para alcançar o seu objetivo, a Globo tem feito o que antes era algo impensado em sua programação de televisão: entrevistar, com certa regularidade até, nomes como o marineiro, da Rede, Alessandro Molon, deputado federal pelo Rio, e Randolfe Rodrigues, senador pelo Amapá, também filiado à REDE de Marina Silva.
Há poucos dias foi inclusive noticiado que o secretário-geral da Presidência da República, Moreira Franco, teria se reunido com alguns dos mais altos executivos do Grupo Globo, tentando convencê-los a mudar a linha editorial (e, neste aspecto, você leitor é livre para fazer a interpretação que bem quiser ou entender). No entanto, consta que Moreira Franco voltou com o rabinho entre as pernas e teria dito ao presidente Michel Temer que “ali está difícil. Eles não querem mudar. Estão irredutíveis”.
Essa verdadeira guerra, que tem o presidente Temer de um lado, e o Grupo Globo de outro, acabou por fazer mais uma vítima no fogo cruzado. Desta vez quem se deu mal foi ninguém menos que o vice-presidente da Câmara dos Deputados, e vice-presidente do Congresso Nacional, o deputado federal Fábio Ramalho (PMDB), o Fabinho Liderança, como ele é mais conhecido aqui em nossa região no Leste/Nordeste de Minas. De modo irônico, o site da revista Época, do Grupo Globo, chamou Fabinho de “deputado da leitoa”, isso mesmo que você leu: “Deputado da leitoa”, inclusive com chamada na primeira página do site.
Veja o print da reportagem abaixo. Para ler a matéria no site da revista, clique aqui.
Se você estiver lendo este texto já republicado em outro lugar que não seja o minasreporter.com, e sem a imagem a que me referi no parágrafo anterior, o tal print, reproduzo a seguir, em vermelho, o texto publicado pela Época na sexta-feira (21/07), assinado por Murilo Ramos:
“Deputado da leitoa” integra comitiva de Temer em viagem à Argentina
Vice-presidente da Câmara dos Deputados, Fábio Ramalho é um dos parlamentares mais assíduos no Planalto
O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Fábio Ramalho (PMDB-MG), é o único parlamentar a integrar a comitiva do presidente Michel Temer em viagem à Argentina nesta sexta-feira (21) para reunião do Mercosul. A relação de Ramalho — conhecido como “o deputado da leitoa”, por servir a iguaria em jantares em sua casa — com o Planalto é inconstante. Ramalho já disse que romperia com o governo Temer após o presidente preferir Osmar Serraglio (PMDB-PR) a Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) no Ministério da Justiça. Mas Ramalho logo esqueceu e fez as pazes com o presidente.
Como se vê, a reportagem… se bem que nem reportagem isso é, está mais para uma notinha… não traz nada de novo, nada que todo mundo já não saiba. O que me chamou a atenção foi a tentativa deliberada de ironizar um parlamentar que hoje é vice-presidente do Congresso Nacional, e que, portanto, é merecedor de todo o respeito inerente, senão a ele, ao seu cargo; e tudo isso apenas para atingir o presidente da República e para mandar um recado aos demais parlamentares. Sim, existe um recado indireto aqui, algo como: se até o vice-presidente da Câmara a gente ironiza, imagina o que faremos com o restante de vocês se não votarem de acordo com o que queremos.
O que a revista Época fez foi algo para o qual há algum tempo eu mesmo venho chamando a atenção dos políticos da nossa região: CONTROLE DE NARRATIVA. Agora, o rótulo deve pegar sobre o deputado Fabinho porque o Grupo Globo tem controlado a narrativa nesta situação.
Embora eu não faça parte do grupo político de Fabinho… se bem que não faço parte de grupo político nenhum… respeito o trabalho que o deputado tem feito pela nossa região, principalmente na defesa da saúde pública. Ele poderia estar fazendo mais? Sim, até poderia; ainda mais como vice-presidente da Câmara. Mas, atualmente, é o que mais apresenta um mínimo de atuação parlamentar para justificar os votos que lhe foram conferidos. E mesmo assim, se não houver uma rápida ação da sua assessoria para contornar a situação, infelizmente esse rótulo pode acabar pegando. Agora, todas as vezes que alguém quiser lhe dar uma alfinetada, dirá: o deputado Fábio Ramalho, aquele que é, segundo a Revista Época, o “deputado da leitoa”…
Espero, sinceramente, que a assessoria de Fabinho contorne isso. Penso que ele merece mais do que esse rótulo. Mas aí é com ele e com a sua equipe para conter o mal que foi feito. Cabe a eles aumentar, de agora para frente, o “Controle da Narrativa”. É bem verdade que agora esse controle da narrativa dará muito mais trabalho do que antes por causa desta publicação da Época. Mas precisa ser feito.
O rótulo de “deputado da leitoa” vai pegar?
Não sei. Até torço para que não pegue. Mas, quem viver, verá!
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