O presidente Michel Temer afirmou na segunda-feira, em entrevista à agência de notícias Reuters, que há “chance zero” de que ele seja atingido pelas investigações realizadas pela Operação Lava Jato. “Nós não estamos preocupados. Não há a menor chance disto”, disse.
Temer afirmou ainda considerar que os depoimentos de executivos e ex-executivos da Odebrecht — nas quais há a expectativa de que até 200 políticos sejam citados — não ajudam a “estabilidade” (do país), mas que não causariam a paralisação da agenda legislativa ou divisões na coalizão governista.
O nome do presidente já foi citado em ao menos dois dos acordos de delação. Segundo o ex-executivo Cláudio Melo Filho, Temer teria pedido “apoio financeiro” para as campanhas do PMDB em 2014 a Marcelo Odebrecht, que teria se comprometido com um pagamento de 10 milhões de reais.
Outro ex-executivo do grupo, Márcio Faria, relatou em sua colaboração uma reunião, em 2010, na qual Temer e o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) teriam pedido recursos para a campanha eleitoral daquele ano em troca de beneficiar a empreiteira em contratos com a Petrobras. O peemedebista nega irregularidades e afirma que todas as doações recebidas foram devidamente registradas.
Na edição desta semana de VEJA, foi revelada a existência de uma nova negociação de delação no âmbito da Lava Jato. Agora, uma nova colaboração da empreiteira Camargo Corrêa promete ressuscitar a Operação Castelo de Areia, anulada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2009 e que envolvia integrantes de sete partidos, entre eles o próprio presidente Temer.
Nos sete meses de governo, a Lava Jato também provocou baixa de ministros de Temer, envolvidos de alguma forma nas investigações, como o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que deixou a pasta do Planejamento, e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que pediu demissão do Turismo.
Na entrevista, Temer voltou a negar que esteja interessado em disputar a reeleição em 2018. “Nós estamos focados em colocar o Brasil de volta na pista. E nós ainda temos dois anos para isso”, afirmou o peemedebista, que se definiu como um “presidente zelador”.
TSE — Questionado se o país teria condições de passar por uma nova troca de presidente, caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decida pela cassação de seu mandato, Temer foi cauteloso: “A pergunta já induz uma preocupação. Imagine, uma nova eleição, um novo presidente em um mandato de quatro anos”, disse. “Realmente há uma preocupação… com a qual concordo”, afirmou.
(Fonte: VEJA.com | com Estadão Conteúdo)