Por Mary Ribeiro
A política brasileira sempre foi tema para as comédias nacionais, e agora volta ao cartaz no filme Uma Loucura de Mulher, nas salas desde quinta-feira com Mariana Ximenes, Sérgio Guizé e Bruno Garcia no elenco – além de uma participação especial de Luís Carlos Miele, em seu último trabalho no cinema. O trio principal conversou com o site de VEJA e falou sobre como é conciliar o trabalho no cinema e na televisão no Brasil – Mariana e Guizé são os atuais protagonistas das novelas das 19h e 18h da Rede Globo -, e como a comédia e a política se misturam até fora da ficção. “Situações tragicômicas, mas reais, infelizmente”, diz Mariana.
O filme de estreia do diretor Marcus Ligoki Jr. conta a história da ex-bailarina Lúcia (Mariana Ximenes) que é casada com Gero (Bruno Garcia), um pré-candidato ao governo do Distrito Federal disposto a fazer de tudo para avançar em sua carreira política. Lúcia sempre se dedicou à carreira do marido, em detrimento da própria. Enquanto o marido disputa a indicação do partido para as eleições, ela é assediada durante uma festa pelo senador Waldomiro (Luís Carlos Miele) e lhe disfere um tapa na cara.
Após o escândalo, Gero sai em defesa… de seu padrinho político. Ele chega a chamar a mulher de “louca” em rede nacional de televisão. Traída, Lúcia foge para o Rio, onde busca refúgio no apartamento do seu falecido pai, no bairro da Tijuca. Lá, ela conhece a enxerida, desbocada e engraçada vizinha Rita (Guida Vianna) e reencontra seu primeiro amor, o Dr. Raposo (Sérgio Guizé), num eterno clichê das comédias românticas. A candidatura de Gero, porém, depende da esposa: se ela pedir desculpas públicas, o senador Waldomiro volta a apoiá-lo, e, se ela posar ao seu lado, ele angaria a simpatia do eleitorado. Gero, então, se une a Dulce (Miá Mello), sua amante e também confidente de Lúcia, para encontrá-la.
Gravado no meio de 2015, Uma Loucura de Mulher chega aos cinemas em um momento em que temas abordados pelo filme, como política e machismo, estão em destaque. “As mulheres ganharam mais voz, e isso está aumentando. O machismo é algo muito preconceituoso e cada vez mais nós temos que ter caráter, ética, valores e respeito”, teoriza Mariana. Mas, apesar de entrar nesses assuntos, o longa não se aprofunda neles. Ele não sai da caixinha da comédia brasileira, com personagens estereotipados, cores exageradas, a tentativa de piada ao contrastar a sobriedade da riqueza com a diversão e a alegria do subúrbio.
Uma Loucura de Mulher ainda possui sequências cartunescas, como uma perseguição envolvendo três carros, que parece mais saída de um desenho do Pernalonga. Ou a clássica cena em que o marido quer usar o banheiro, mas há uma pessoa escondida lá dentro e a câmera fica rodando enquanto o homem é enganado e levado para vários lugares para não encontrar o amante da mulher.
Mais interessantes talvez sejam algumas das atuações, como a de Sérgio Guizé. Modesto, ele põe o trabalho na frente ao falar de seus papéis no cinema e na TV – ele é Candinho, o protagonista da atual novela das seis da Globo, Êta Mundo Bom. “Me deram um personagem que por acaso é o mocinho, mas eu não sei direito o que que é isso. E eu sou um ator, não sou um ator da Globo. Com o galã, o nome do ator vem primeiro, eu prefiro deixar o personagem em primeiro lugar, o que me representa melhor. Confio mais nos meus personagens do que em mim mesmo.”
Já Bruno Garcia exalta o trabalho dos atores, inclusive o de Guizé. “No Brasil, a gente tem que rodar muitos pratos. O país tem intérpretes muito bons porque a gente tem que fazer muita coisa ao mesmo tempo. Nos Estados Unidos, um ator ganha muito melhor do que o que a gente ganha, e fica ali dedicado por quatro meses a produzir um único longa. O Guizé está protagonizando uma novela, não é fácil. É completamente diferente.”
Fonte: Veja