— Por David Ribeiro Jr. —
Teófilo Otoni
Quem acompanha o noticiário político já viu como alguns veículos de comunicação com viés mais direitista estão tentando levantar a bola do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, como eventual candidato à sucessão de Lula. A ideia é transformar o mineirinho num ícone da direita no lugar de Jair Bolsonaro.
O ex-presidente, que não conseguiu se reeleger, deve sofrer num futuro próximo muito desgaste da sua imagem em função da enxurrada de processos que estão por vir. Só pra deixar claro: quem diz isso não sou eu, são pessoas próximas ao próprio Bolsonaro. E antes que eu seja mal-interpretado, não estou comemorando nem criticando a situação do ex-presidente. Não estou tomando partido. O que faço é avaliar o cenário e seus desdobramentos. Até porque, goste-se ou não dele, é evidente que Bolsonaro continuará forte e influente no processo político, embora dificilmente conseguirá manter ao longo dos próximos quatro anos todo o seu capital eleitoral. Um dos nomes mais cotados atualmente para substituí-lo no segmento que representa é o de Romeu Zema.
A questão que alguns levantam é: Mas Zema quer ser candidato a presidente?
Não tenho dúvida nenhuma que SIM. Ele venceu uma eleição em 2018 na qual, no início, seu nome sequer aparecia nas pesquisas. No ano passado se reelegeu no primeiro turno. Desde então, basta olhar para o comportamento de Zema à frente do Governo que se verá alguém que, claramente, está em campanha para 2026. Como não pode ser candidato ao governo de Minas de novo, adivinha só para onde está olhando?
Voltando ao título deste editorial, a intenção aqui não é apenas falar de Zema e de suas pretensões para 2026. Tanto quanto o nosso governador quer o lugar que hoje é de Lula, o nosso prefeito Daniel Sucupira está de olho no lugar que, atualmente, é de Zema. É o ciclo do poder em toda a sua essência. O PT de Minas — e lá em Brasília, pelo menos ao que sabemos, há endosso para isso — quer lançar Daniel Sucupira ao Governo do Estado. Essa ideia já vinha desde o ano passado quando Daniel foi cotado para uma eventual candidatura como cabeça de chapa ou como vice.
Segundo fontes ligadas ao PT, há uma insatisfação generalizada com o desempenho de Kalil, e, por mais que o partido esteja mantendo-o por perto, definitivamente não volta a apostar nele para 2026… Tudo bem que, em se falando de política, expressões como definitivamente só têm caráter definitivo de um dia para o outro. Mas fato é que o PT entende que, dada à força do partido, e com um candidato jovem como Daniel, dificilmente ele não teria conseguido o mesmo desempenho de Kalil.
Eu sei que agora serei criticado, mas, sinceramente, concordo.
Agora repetimos a pergunta que fiz sobre Zema, mas a respeito de Daniel: Será que ele quer?
Sabe de nada, inocente!
Você acredita mesmo que todas essas críticas que Daniel tem feito a Zema nos últimos meses são por pura provocação baseada em ideologia partidária?
De novo: Sabe de nada, inocente!
Agora vamos ao que interessa: Zema tem chances de vir a ser presidente? E Daniel? Tem chances de vir a ser governador?
Nos dois casos, a resposta é SIM.
E não… não estou fazendo apostas aqui. Não estou dizendo que serão candidatos e muito menos que serão eleitos. Em trinta anos de jornalismo político aprendi que, como dizia Magalhães Pinto: “Política é como nuvem; agora você olha e está de um jeito. Daqui a pouco, quando olhar de novo, vai estar de outro jeito”.
Ao longo dos próximos dias desenvolverei outros textos mostrando o potencial de um nome e de outro. Agora o que quero é refletir sobre como essa situação impacta diretamente no nosso dia a dia enquanto cidadãos teófilo-otonenses. Se o prefeito quer o lugar do governador, e o governador quer o lugar do presidente apoiado pelo prefeito, isso não pode resultar em complicações para nós, o povo?
E a resposta mais óbvia: É claro que sim. É claro que pode.
Mas será que vai resultar nessas complicações?
Eu, sinceramente, espero que não. E, para isso, precisaremos contar muito com os nossos deputados eleitos: Bruno Farias, federal; e Neilando Pimenta, estadual. Caberá a eles atuarem como mediadores do interesse do povo de Teófilo Otoni. A ex-prefeita Maria José já dizia que “na luta entre o rochedo e o mar quem perde é sempre o peixe”. E adivinha só quem é o peixe nesse exemplo?
Acertou quem se olhou no espelho.
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Falaremos sobre o papel de mediadores dos nossos deputados depois. A briga em si entre Zema e o PT de Lula e Daniel, e de Daniel para com Zema, não é de todo ruim. Quando Daniel tece uma crítica direta à atuação de Zema enquanto governador com relação às suas ações para Teófilo Otoni, o governador se irrita de lá e, só para calar a boca do prefeito, tende a atender a demanda. Por mais que o governador, muito provavelmente, vá dizer que não fez nada por causa do prefeito, e sim por causa do povo, a verdade é que pra nós, pobres mortais, pouco importa porque o governador faz alguma coisa… desde que o faça. Então isso é bom para o povo.
O mesmo princípio se aplica à Administração de Daniel. É sua intenção transformar Teófilo Otoni num exemplo de gestão eficiente para que, quando for candidato ao Governo, possa usar a cidade como modelo. Agora com Lula presidente ele terá muito mais recursos para isso. É claro que não vai chover dinheiro. O país está quebrado, mas não haverá mais boicotes ao prefeito como ocorreu recentemente em que uma determinada força policial convenientemente “errou” o endereço de outra pessoa e foi parar na casa de Daniel. … E alguém ainda vai tentar me convencer de que isso não foi uma tremenda de uma sacanagem deliberada para prejudicar a imagem do prefeito… Tenha dó!
Não estou aqui defendendo Daniel, pois não tenho procuração para isso e sequer sou bem-visto pela maioria dos nomes mais tradicionais do seu partido na cidade. Também não estou criticando os agentes que cumpriram o mandado no endereço errado (entendo que só estavam cumprindo a ordem recebida), mas tenho, sim, uma forte opinião de que alguém nos bastidores da organização errou de propósito o endereço. E olha que não estamos falando de trocar alho por bugalho; trocaram feijão por arroz.
Com esse suporte do governo Lula à Administração de Daniel, a avaliação do prefeito deve melhorar significativamente ao longo dos próximos meses, ainda mais quando começar a cuidar dos estragos causados pelas chuvas. Não se assuste se ele conseguir inclusive reeleger o sucessor daqui a dois anos com alguma folga. Tudo é um processo.
E, como eu sempre digo: Quem viver, verá!