Por David Ribeiro Jr.
Na segunda-feira (08/06) o líder comunitário Roni Schaper Franco, presidente da Cooperativa de Trabalho e Desenvolvimento Sustentável dos Vales (COODEVALE), fez uso do espaço Tribuna Livre da Câmara Municipal e ali proferiu uma série de críticas à Administração Municipal e, em especial à Secretaria Municipal de Abastecimento e Agropecuária (leia mais aqui). A fala de Franco acabou reverberando por toda a cidade, levada através de entrevistas que concedeu às emissoras de rádio, televisão, jornais, e por causa dos muitos comentários nas redes sociais.
É claro que você que está me lendo agora não é obrigado a concordar com Roni Franco. Você pode achar que foi exagero dele; e pode achar, também, que ele pegou até leve demais. Como ainda não é crime ter opinião neste país, pense o que quiser. Eu também não vou usar este editorial para tecer comentários sobre o tal discurso. Já fiz isso (Pode conferir aqui). O que vou fazer neste espaço é ampliar uma discussão que tem a ver com aquele discurso. Preste atenção: no dia 15 de janeiro (e olha como janeiro está longe) eu escrevi um editorial para o portal minasreporter.com com o seguinte título: “Eu só tenho ouvido falatórios em torno de projetos de poder. Programa de trabalho e de governo que é bom, por enquanto, nada!”
Naquele momento eu me referia à então recente posse do atual governador Fernando Pimentel e da verdadeira briga por espaço e cargos entre as muitas correntes políticas na cidade e região que apoiaram a sua eleição. Pimentel havia sido empossado apenas há 15 dias quando eu escrevi aquele texto. Agora, já passou de sete meses. E, quer saber, de lá para cá nada mudou. Continua tudo do mesmo jeito. É bem verdade que, neste período, o consultor político Jorge Arcanjo foi empossado assessor especial do governador, e vem desenvolvendo um trabalho extraordinário. Mas é bem verdade, também, que um monte de gente bacana tem se sentido incomodada com o trabalho de Jorge, que trabalha muito — diga-se de passagem — e tem pedido, quase exigido, que ele puxe o freio de mão. Dá pra acreditar nisto? Parece até novela… eu sei que parece. Mas é verdade. Algumas pessoas têm pedido para ele trabalhar menos para que esses outros não sejam cobrados a trabalhar tanto quanto ele (leia mais aqui).
O que me entristece em tudo isto é que não se trata apenas de celeumas políticas. Na verdade, trata-se do nosso destino e do nosso futuro. Por mais que algumas pessoas insistam em afirmar que não se envolvem em política, com isso elas estão, na verdade, transferindo a responsabilidade das suas escolhas para terceiros. É aquela velha máxima de que “quem não gosta de política é mandado por quem gosta”. Todos temos de nos envolver, mesmo que seja apenas cobrando dos nossos líderes eleitos, não importa a esfera de atuação, que trabalhem e que cumpram as promessas que fizeram na época das campanhas.
Vamos aos fatos.
No dia 05 de outubro do ano passado os nossos deputados da região foram reeleitos. Contudo, eu não vi, desde então, nenhuma nova manifestação dos nossos representantes apresentando o seu projeto de trabalho. Todos eles foram muito educados, agradeceram pelos votos e coisa e tal, mas, além disso… nada! Só falatório.
Do mesmo modo, com raríssimas exceções, não vi da parte da “base local” do governador Pimentel nenhum projeto para Teófilo Otoni — e olha que estou dizendo por parte da base, não por parte do governador. Volto a insistir: o que a base de Pimentel anunciou ou apresentou, de fato, para a população? Sejamos realistas: não apresentou nada. O único nome que vi falando de projetos e levantando alguma bandeira foi o de Jorge Arcanjo. E, sendo justo, Daniel Sucupira também conseguiu um recurso de R$ 300 mil com o deputado Leonardo Monteiro para a creche da Tia Chica. Fora isso, não há mais o que mostrar.
Todos os dias acompanhamos bacanas arvorando para tomar como mérito seu as políticas públicas do Estado e da União. E o pior é que todos dizem ser o pai da criança bonita (as boas obras e programas). Já os problemas que a cidade enfrenta são como um filho feio. Ninguém assume que é o pai. Está na hora de darmos um basta nesses bacanas que só têm falatório e nada mais. Queremos, sim, para gerir o nosso futuro e o nosso destino pessoas que trabalhem com afinco e responsabilidade, e que governem de verdade, por vocação, e não quem apenas quer governar por vaidade, brincando com a vida dos outros.
(texto originalmente publicado na Edição 181 do Jornal O REPÓRTER NOTÍCIAS).